Os apóstolos são figuras centrais na história do cristianismo. Escolhidos por Jesus Cristo, eles foram testemunhas do Seu ministério, morte e ressurreição, e desempenharam um papel fundamental na disseminação do Evangelho e no estabelecimento da Igreja primitiva.
Quem eram os apóstolos?
Os apóstolos eram doze discípulos escolhidos por Jesus para serem os seus seguidores mais próximos e para liderar a Igreja após a sua partida. Os seus nomes são listados nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e no livro de Atos dos Apóstolos. Os doze apóstolos são:
Pedro (Simão Pedro)
Tiago, filho de Zebedeu (também conhecido como Tiago, o Maior)
João, irmão de Tiago
André, irmão de Pedro
Filipe
Bartolomeu (também conhecido como Natanael)
Tomé (também conhecido como Dídimo)
Mateus (também chamado de Levi)
Tiago, filho de Alfeu (também conhecido como Tiago, o Menor)
Tadeu (também chamado de Judas, filho de Tiago, ou Lebeu)
Simão, o Zelote
Judas Iscariotes (substituído por Matias após sua traição e morte)
Biografia dos apóstolos
Pedro (Simão Pedro)
Originalmente um pescador da Galileia, Simão Pedro foi chamado por Jesus enquanto pescava com o seu irmão André. Ele é frequentemente visto como o líder dos apóstolos e é conhecido pela sua confissão de fé em Jesus como o Cristo. Após a ressurreição, Pedro tornou-se um dos líderes da Igreja primitiva em Jerusalém e é considerado o primeiro papa pela tradição católica. Ele foi martirizado em Roma por volta de 64 d.C., supostamente crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, pois não se considerava digno de morrer da mesma forma que Jesus.
Tiago, filho de Zebedeu (Tiago, o Maior)
Irmão de João e também pescador, Tiago foi chamado por Jesus a deixar as redes e segui-lo. Junto com Pedro e João, ele fazia parte do círculo íntimo de Jesus, presente em eventos importantes como a Transfiguração e a agonia no Jardim do Getsemani. Tiago foi o primeiro apóstolo a ser martirizado, e o único a ter um registro bíblico sobre tal acontecimento. O apóstolo foi morto à espada, a mando de Herodes Agripa I, por volta do ano 44 d.C.
João, filho de Zebedeu
Irmão de Tiago, João tornou-se o mais destacado teólogo. Tinha um enorme afeto pelo Senhor e vice-versa. Segundo algumas interpretações, é frequentemente identificado como “o discípulo amado”. Era o líder da Igreja na região da cidade de Éfeso, e diz-se que tinha Maria, a mãe de Jesus, em sua casa, de quem cuidava. Durante a perseguição do imperador romano Domiciano, pelo meio da década de 90 d.C., ele foi exilado na Ilha de Pátmos. Ele desempenhou um papel proeminente na Igreja primitiva e é o autor do Evangelho de João, três epístolas e o Apocalipse. João foi o único apóstolo que, acredita-se, morreu de causas naturais, em Éfeso, no ano 103 d.C., quando tinha 94 anos.
André
Irmão de Pedro, André também era pescador e um dos primeiros discípulos a seguir Jesus. Ele é conhecido por apresentar o seu irmão Pedro a Jesus. André era discípulo de João Batista antes de se tornar discípulo de Jesus. Após a ressurreição, André pregou o Evangelho em várias regiões, incluindo a Grécia e a Ásia Menor. Segundo a tradição cristã, André foi crucificado em Acácia numa cruz em formato de “X” chamada de “Crux decussata”, popularmente conhecida como “Cruz de Santo André”. É considerado o fundador da igreja em Bizâncio (Constatinopla e, atualmente, Istambul), motivo pelo qual é considerado o primeiro Patriarca de Constantinopla.
Filipe
Nascido em Betsaida, mesma cidade de Pedro e André, Filipe foi um dos primeiros a ser chamado por Jesus. Ele apresentou Natanael (Bartolomeu) a Jesus e é mencionado em várias passagens dos Evangelhos. Após a ressurreição, Filipe pregou na Ásia Menor e foi martirizado em Hierápolis.
Bartolomeu (Natanael)
Bartolomeu é frequentemente identificado com Natanael, que foi trazido a Jesus por Filipe. Ele é mencionado nos Evangelhos como alguém “em quem não há dolo”. Após a ressurreição, ele pregou na Índia e na Armênia, onde foi martirizado, supostamente esfolado vivo e depois decapitado.
Tomé (Dídimo)
Conhecido como “Tomé, o Dídimo” (que significa “gémeo”), ele é famoso pela sua incredulidade inicial na ressurreição de Jesus até que visse e tocasse as feridas de Cristo. Após a ressurreição, Tomé é dito ter pregado na Índia, onde é reverenciado como o fundador da Igreja Cristã Mar Thoma. Ele foi martirizado em Mylapore, Índia, por volta de 72 d.C.
Mateus (Levi)
Mateus era um cobrador de impostos antes de seguir Jesus e é o autor do Evangelho de Mateus onde revelou muitos detalhes a respeito do ministério e da vida de Jesus. Após a ressurreição, ele pregou na Etiópia e em outras partes da África, onde foi martirizado.
Tiago, filho de Alfeu (Tiago, o Menor)
Pouco se sabe sobre Tiago, o Menor, além de que era um dos doze apóstolos. Algumas tradições o identificam como um dos “irmãos do Senhor”, sendo uma figura importante na Igreja de Jerusalém. Ele pode ter sido martirizado no Egito ou em Jerusalém.
Tadeu (Judas, filho de Tiago)
Tadeu, também chamado de Judas, filho de Tiago, ou Lebeu, é mencionado em algumas listas dos apóstolos. Ele é tradicionalmente creditado como autor da Epístola de Judas no Novo Testamento. Ele pregou na Mesopotâmia e na Pérsia, onde foi martirizado.
Simão, o Zelote
Simão é chamado de “o Zelote”, indicando que ele pode ter sido associado ao grupo político radical dos zelotes antes de seguir Jesus. Após a ressurreição, ele pregou na África e na Pérsia, onde se acredita que ele tenha sido martirizado, possivelmente crucificado ou serrado ao meio.
Judas Iscariotes
Judas Iscariotes é conhecido por trair Jesus, entregando-o aos líderes religiosos por trinta moedas de prata. Após a sua traição, ele se arrependeu e suicidou-se por enforcamento. Curiosamente, Judas, depois de Pedro, é o discípulo com o maior número de citações nos evangelhos (20 vezes). Outro detalhe, é que o seu nome foi sempre mencionado por último, entre os discípulos. Ele foi substituído por Matias como um dos doze apóstolos após a ascensão de Jesus.
Outros apóstolos
Sim, houve mais apóstolos. Depois que Judas Iscariotes, que traiu Jesus e cometeu suicídio, os outros apóstolos lançaram sortes para escolher uma pessoa para tomar o seu lugar. A pessoa escolhida foi Matias, que também tinha acompanhado Jesus durante todo o Seu ministério. Mas houve outros mais:
Matias
Escolhido para ficar no lugar de Judas Iscariotes. Uma tradição diz que Matias foi para a Síria com André. Foi apedrejado na Etiópia e depois decapitado.
Paulo de Tarso (Saulo de Tarso)
Perseguidor dos discípulos do Senhor, numa das suas práticas converteu-se no caminho para Damasco, quando viu uma Grande Luz e falou com Jesus, tendo ficado cego por três dias (Atos 9:1–9). Tendo recebido a missão apostólica a partir do próprio Jesus, dedicou a sua missão especialmente aos não judeus. Feito prisioneiro em Roma, foi acusado de crimes de falta de lealdade a Roma, e uma vez que era cidadão romano, foi executado por decapitação na Via Ostiense e não por crucificação.
Barnabé
Nome dado a José um Levita natural de Chipre, que vendeu as suas propriedades e deu aos apóstolos o dinheiro proveniente da venda (Atos 4:36–37). Foi apóstolo na época de Paulo (Atos 14:4–14), e fez varias viagens missionarias (Atos 11:22–30; Atos 12:25; Atos 13, 14 e 15; I Corintios 9:6; Gálatas 2:1–9; Colossenses 4:10). Foi apedrejado até à morte.
Como se tornaram apóstolos
Os apóstolos foram escolhidos diretamente por Jesus Cristo durante o seu ministério terrestre. Nos Evangelhos, vemos relatos de Jesus chamando cada um dos doze para segui-lo, um ato que os separou do restante dos discípulos. O chamamento foi pessoal e específico, indicando que Jesus escolheu cada um deles com um propósito particular em mente. Os apóstolos receberam ensinamentos especiais, testemunharam milagres, e foram treinados para serem os líderes da Igreja após a partida de Jesus.
A escolha dos doze também tinha um significado simbólico, refletindo as doze tribos de Israel e sugerindo que os apóstolos seriam os fundadores de um novo povo de Deus. Além disso, eles foram encarregados de levar a mensagem de Jesus ao mundo inteiro, batizando, ensinando e fazendo discípulos de todas as nações.
A vida dos apóstolos após a ressurreição de Cristo
Após a ressurreição de Cristo, os apóstolos passaram por uma transformação significativa. Eles deixaram de ser discípulos confusos e amedrontados para se tornarem corajosos proclamadores do Evangelho. Essa mudança deu-se em grande parte devido ao Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre eles, dando-lhes poder, coragem e sabedoria para cumprir a sua missão.
Primeiros anos e o Pentecostes
Logo após a ressurreição, os apóstolos permaneceram em Jerusalém, conforme ordenado por Jesus, para esperar o dom do Espírito Santo. Durante o Pentecostes, eles receberam o Espírito Santo de maneira poderosa, que os capacitou a falar em línguas diferentes e a pregar com grande poder e autoridade (Atos 2:1-4). Este evento marcou o início da Igreja Cristã e a missão dos apóstolos de espalhar o Evangelho.
Pedro emergiu como o líder dos apóstolos, pregando o primeiro sermão de Pentecostes que resultou na conversão de cerca de 3.000 pessoas (Atos 2:14-41). A Igreja primitiva em Jerusalém cresceu rapidamente sob a liderança dos apóstolos, que se dedicaram ao ensino, à comunhão, à quebra do pão e às orações (Atos 2:42).
Com o tempo, os apóstolos começaram a espalhar-se para diferentes partes do mundo conhecido, cumprindo a ordem de Jesus de fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28:19-20). Eles viajaram para regiões como Samaria, a Ásia Menor, Grécia, Roma, Índia e Etiópia, entre outros lugares.
- Pedro e Paulo são especialmente notáveis por seus papéis na fundação da Igreja em Roma e na disseminação do Evangelho no mundo romano. Ambos acabaram martirizados em Roma.
- João permaneceu na Ásia Menor e desempenhou um papel significativo na liderança das igrejas na região, especialmente em Éfeso.
- Tomé é tradicionalmente associado à evangelização na Índia, onde ele teria fundado várias comunidades cristãs.
- Tiago, o Justo (muitas vezes identificado como Tiago, o Menor), liderou a Igreja em Jerusalém e desempenhou um papel crucial no Concílio de Jerusalém, conforme descrito em Atos 15.
Martírio e legado
A maioria dos apóstolos enfrentou perseguições severas e muitos acabaram martirizados pela sua fé. As suas mortes são testemunhos da sua fé e compromisso com a missão de Jesus. Os seus legados continuam a influenciar a Igreja e o cristianismo até hoje, através dos seus escritos, ações e o exemplo de vida.
Conclusão
Os apóstolos desempenharam um papel fundamental na fundação e na propagação da fé cristã. De pescadores e cobradores de impostos a líderes espirituais corajosos, as suas vidas foram transformadas pelo chamamento e pela presença de Jesus Cristo. Após a ressurreição, eles tornaram-se testemunhas fervorosas do Evangelho, espalhando a mensagem de salvação por toda parte. Os seus sacrifícios e compromisso são uma inspiração contínua para os cristãos de todas as gerações.