São Jorge é um dos santos mais venerados na tradição cristã e um dos mais conhecidos em todo o mundo. Ele é reverenciado como um mártir e um dos santos mais populares do Cristianismo, com uma devoção especialmente forte entre os cristãos ortodoxos e católicos. É um dos catorze santos auxiliares. São Jorge é o santo padroeiro em diversas partes do mundo, como Inglaterra, Geórgia, Lituânia, Sérvia, Montenegro e Etiópia, além de ser um padroeiro menor de Portugal.
Pouco se sabe sobre a vida de São Jorge, e embora se trate de uma pessoa real, as origens deste mártir tão enobrecido pela hagiologia são confusas e incertas. No entanto, é amplamente aceite que ele foi um soldado romano que viveu durante o século III d.C., durante o reinado do imperador Diocleciano. São Jorge é conhecido pela fé cristã inabalável e martírio por se recusar a renunciar ao Cristianismo, mesmo diante da perseguição do Império Romano.
Martírio de São Jorge
Em 303, o imperador Diocleciano publicou um édito que mandava prender todo soldado romano cristão e que todos os outros deveriam oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro do imperador para mostrar a sua renúncia, e perante todos declarou-se cristão. Não querendo perder um dos seus melhores tribunos, o imperador tentou dissuadi-lo oferecendo-lhe terras, dinheiro e escravos. Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar aos deuses romanos. Todavia, Jorge reafirmava a sua fé, tendo o seu martírio, aos poucos, ganhado notoriedade com muitos romanos, tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, convertido ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303.
A tradição mais famosa associada a São Jorge é a lenda do dragão, segundo a qual ele teria salvo uma cidade da Líbia, chamada Silene, do ataque de um terrível dragão. São Jorge, corajosamente, enfrentou a fera, que estava aterrorizando a cidade e exigindo o sacrifício de jovens virgens. Ele teria derrotado o dragão e libertado a cidade, tornando-se um herói venerado pelo povo.
A lenda do dragão
A lenda do dragão é frequentemente interpretada simbolicamente como a luta entre o bem (representado por São Jorge) e o mal (representado pelo dragão), com São Jorge emergindo vitorioso pela força da sua fé e devoção a Deus. Esta lenda contribuiu para a associação de São Jorge com a coragem, a proteção e a vitória sobre as forças do mal, e ele é frequentemente invocado como padroeiro dos soldados, cavaleiros, e de todos aqueles que enfrentam desafios e adversidades.
Morte, devoção e canonização
São Jorge foi sepultado em Lida. Anos mais tarde, o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente. No cânon do Papa Gelásio I, Jorge foi canonizado em 494, listado entre aqueles “cujos nomes são justamente reverenciados pelos homens, mas cujos atos são conhecidos apenas por Deus”.
Pelo século V, já existiam cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após a sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Arménia, no Império Bizantino, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.
Posteriormente, aquando da reforma do calendário litúrgico realizada pelo Papa Paulo VI em 9 de maio de 1969, a observância do dia de São Jorge tornou-se facultativa, uma vez que a dita reforma retirou do calendário os santos dos quais não havia documentação histórica, mas apenas relatos tradicionais.
Devoção a São Jorge em Portugal
Desde Dom Nuno Álvares Pereira, o santo é reconhecido como padroeiro de Portugal e do Exército. Pensa-se que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de D. Afonso IV que o uso de “São Jorge!” como grito de batalha tornou-se regra, substituindo o anterior “Sant’Iago!”.
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse facto. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago Maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.
Em abril de 2019, a igreja de São Jorge, em São Jorge, na ilha da Madeira, recebeu solenemente algumas relíquias de São Jorge, santo padroeiro daquela paróquia, por ocasião dos 504 anos da sua fundação.
Conclusão
São Jorge é frequentemente retratado na arte religiosa como um cavaleiro cristão montado num cavalo branco, enfrentando um dragão com a sua lança. A sua imagem também é associada à cruz vermelha de São Jorge, que é um dos símbolos mais reconhecíveis da cristandade.
A festa litúrgica de São Jorge é celebrada no dia 23 de abril na Igreja Católica Romana. A sua devoção continua a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo, que recorrem a ele em busca de proteção, coragem e intercessão para as suas vidas.