O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é definido como sendo uma “tira de pano que os frades e freiras de certas ordens trazem sobre o peito”. Normalmente, quando falamos de um escapulário, referimos-nos sempre ao escapulário da Ordem do Carmo, que é reconhecido pela Igreja Católica e que todos os Papas do século XX usaram.
O que é
O escapulário era uma peça de vestuário bastante comum na Idade Média. Tratava-se de duas longas tiras de pano, uma que pendia sobre o peito e outra que caía às costas, ligadas por largas alças, colocadas sobre os ombros. A palavra escapulário provém do termo latino scapula, que significa “ombros”, e indica propriamente uma veste que certas ordens religiosas, como os Beneditinos, Carmelitas, Cistercienses e Dominicanos, usam desde os tempos mais remotos, colocado por cima do hábito normal, cobrindo os ombros até a altura do peito, com o motivo de manifestar, por meio de mais esse sinal, a consagração que fazem a Deus. O povo cristão, imitando este costume, começou a usá-lo, em menores proporções.
O Escapulário do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, estando ligado a uma venerável tradição carmelita, a saber, à “visão” de São Simão Stock. Os seus utilizadores, religiosos ou leigos, pertencem automaticamente à Ordem Carmelita e consagram-se à Virgem Maria, na esperança de obter a sua especial protecção e intercessão.
Fisicamente, trata-se de pequeno escapulário vermelho, que é constituído por duas peças de tecido vermelho de lã atadas entre si por uma corda. O escapulário recorda aos seus utilizadores o compromisso da Ordem Carmelita e o seu modo de vida e a dimensão mariana do carisma carmelita, que se caracteriza por uma vida de familiaridade com Maria, impregnada de oração, imitação, presença e virtude.
O escapulário é um sinal forte de devoção, não devendo ser confundido como um objecto mágico ou de adoração, ele é apenas um sinal externo do amor do fiel por Maria. Compete então destacar que, católico fiel não utiliza o escapulário como um amuleto ou um objecto para uma protecção mágica, nem se trata de uma garantia automática de salvação nem uma desculpa para não viver as exigências da vida cristã, pelo contrário, remete o fiel a uma profunda devoção religiosa.
Origem e propagação
No final do século XII ou início do XIII nascia no monte Carmelo, da Palestina, a Ordem dos Carmelitas. Nesse local construíram uma capela em honra de Nossa Senhora. O local já era considerado sagrado desde tempos imemoriais e tornara-se célebre pelas acções do profeta Elias. A palavra “carmelo” quer dizer jardim ou pomar. Tempos depois, expulsos dos Monte Carmelo pelos muçulmanos, os carmelitas mudaram-se para a Europa, onde passaram por grandes dificuldades. Os frades carmelitas encontravam forte resistência de outras ordens religiosas para a sua inserção. Eram hostilizados e até satirizados pela sua maneira de se vestir.
Posto isto, o superior geral da ordem, São Simão Stock, suplicava com insistência a ajuda da Santíssima Virgem. Segundo a tradição da Ordem e antigos testemunhos, no dia 16 de Julho de 1251, e é por isso que a Igreja celebra a festa de Nossa Senhora do Carmo neste dia, a Virgem Maria, acompanhada de vários anjos, apareceu a São Simão Stock e entregou-lhe o escapulário dizendo: “Tu e todos os Carmelitas tereis o privilégio, que quem morrer com ele não padecerá o fogo eterno“. Desde então, o escapulário passou a fazer parte integrante do hábito dos carmelitas.
Privilégio Sabatino
Entre as lendas e tradições da Ordem Carmelita, narra-se outra aparição de Nossa Senhora ligada ao escapulário. Ela teria aparecido ao Papa João XXII e ter-lhe-ia dito: “A quem tiver usado piedosamente o meu escapulário durante a vida, eu, Mãe bondosa, descendo ao Purgatório no primeiro sábado após a sua morte, livrá-lo-ei e o conduzirei ao monte santo da vida“.
Se por acaso precisarmos passar pelo Purgatório antes de contemplar a face de Deus no Céu, Maria virá em nosso socorro, daqueles que na vida terrena manifestaram-lhe filial devoção com o uso do escapulário.
E porquê sábado? Sábado é o dia mariano, entendendo com isso que usará da sua intercessão junto a Deus para abreviar o nosso tempo de Purgatório. Isso não significa, absolutamente, que virá no primeiro sábado após a morte da pessoa que usava o escapulário, a forma como contamos o tempo na terra não é igual à do Céu pois Deus é eterno, não conhece as dimensões do tempo e, portanto, para Ele, mil anos é a mesma coisa que um dia.
Imposição e Uso
Da primeira vez que se recebe o escapulário, é necessário apresentá-lo ao sacerdote, para que ele o abençoe e o imponha. Por ser confeccionado com tecido, o escapulário desgasta-se facilmente. Uma vez gasto, basta trocá-lo por outro, não sendo, no entanto, preciso recorrer ao sacerdote. O escapulário deve ser usado constantemente, de dia e de noite.
Por razões praticas, a Igreja dá a possibilidade de substituí-lo por uma medalha que, na frente, esteja cunhada a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e, atrás, a do Sagrado Coração de Jesus. É a medalha de Nossa Senhora do Carmo que, no lugar do escapulário, deve ser sempre carregada com a pessoa. Dado tratar-se de um sacramental e, portanto, um objecto religioso que recebeu uma bênção, é necessário desfazerem-se do escapulário velho. O ideal será queimá-lo de modo que ele se deteriorasse completamente. Se, por qualquer motivo, isso possa ser difícil, pode-se enterrá-lo de maneira a que, com o tempo, a humidade da terra o apodreça, causando a sua decomposição. Se nada disso for possível, o ideal é entregá-lo numa igreja onde o sacristão se encarregará de desfazer-se dele.
Indulgências
Eis aqui as indulgências plenárias e parciais para os que vestirem o escapulário.
Indulgências plenárias
- No dia que se impõe o escapulário e o que é inscrito na terceira Ordem ou Confraria.
- Nestas festas:
a) Virgem do Carmo (16 de Julho)
b) São Simão Stock (16 de maio)
c) Santo Elias (20 de Julho)
d) Santa Teresa de Jesus (15 de Outubro)
e) Santa Teresa do Menino Jesus (1 de Outubro)
f) São João da Cruz (14 de Dezembro)
g) Todos os Santos Carmelitas (14 de Novembro)
Para lucrar destas indulgências plenárias é exigido ao cristão confissão, comunhão eucarística, oração pelo Sumo Pontífice (por exemplo um Pai-nosso e uma Ave-Maria) e, propósito firme de querer observar os compromissos da associação do escapulário.
Indulgência parcial
Ganha-se a indulgência parcial por usar piedosamente o santo escapulário. Pode-se ganhar não só por beijá-lo, mas também por qualquer outro acto de efeito e devoção. E não só ao escapulário, mas também à medalha-escapulário.
Sinal de aliança com Nossa Senhora
O Escapulário é um sinal de aliança com Nossa Senhora, e exprime nossa consagração a Ela. O seu uso é um poderoso meio de estimular os que vivem em estado de graça e de converter pecadores.
Não deixe de ser um propagador do santo Escapulário. Nossa Senhora está pronta para retribuir com toda espécie de graças e favores, tanto aqui na Terra como mais ainda no Céu.