A história da Itália está profundamente entrelaçada com a fé católica. As suas cidades e regiões guardam a memória de santos que marcaram não só o caminho da Igreja, mas também a identidade espiritual do povo italiano. Entre estes, dois nomes brilham de modo especial: São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena.
Foi o Papa Pio XII, em 18 de junho de 1939, quem proclamou oficialmente Francisco e Catarina como co-padroeiros principais de Itália, num gesto carregado de simbolismo e de esperança, realizado pouco depois do início do seu pontificado e às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial.
O Contexto da Proclamação
Quando Pio XII tomou esta decisão, a Europa vivia dias de incerteza e tensão. As ideologias totalitárias e os ventos de guerra ameaçavam não apenas a estabilidade política, mas também os valores cristãos que moldaram o continente.
A escolha de Francisco de Assis e de Catarina de Sena respondia a essa crise: ambos eram modelos de paz, reconciliação e unidade. Ao elevá-los como padroeiros, o Papa desejava que a Itália encontrasse inspiração no testemunho destes santos para enfrentar os desafios do tempo.
São Francisco de Assis
Nascido em Assis em 1181/82, Francisco renunciou a uma vida de riqueza para abraçar a pobreza evangélica e seguir radicalmente Cristo. Fundador da Ordem dos Frades Menores, pregava com simplicidade, fraternidade e amor à criação.
O seu exemplo de paz e de humildade fez dele não apenas uma figura central na história da Igreja, mas também um símbolo universal de reconciliação. O “Poverello” é considerado ainda hoje o santo da fraternidade e da ecologia integral.
Santa Catarina de Sena
Catarina nasceu em Sena, em 1347, e desde jovem se dedicou à oração e ao serviço dos pobres e doentes. Leiga dominicana, destacou-se pela sua coragem em intervir junto de governantes e até papas, apelando à reforma da Igreja e ao regresso do Papa de Avinhão a Roma.
Foi proclamada Doutora da Igreja em 1970, pela profundidade da sua teologia mística, e é lembrada sobretudo pelo seu amor ardente a Cristo e pela defesa da unidade da Igreja.
O Significado de os Unir como Padroeiros
São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena foram escolhidos como padroeiros da Itália pelo Papa Pio XI em 1939, por representarem a renovação da vida religiosa e da sociedade italiana através do seu exemplo de serviço e dedicação.
Francisco de Assis é visto como um protagonista da reforma da Igreja no seu tempo, vivendo em pobreza e servindo a Cristo. Santa Catarina de Sena, por sua vez, foi uma figura importante na Idade Média, conhecida pela atuação junto aos doentes durante a Peste Negra e por ter um papel crucial no regresso do Papa a Roma após o cativeiro de Avignon.
Francisco e Catarina representam duas forças espirituais complementares na identidade católica italiana:
- Francisco encarna a simplicidade do Evangelho, a paz e o amor universal.
- Catarina simboliza a coragem profética, a oração intensa e o compromisso pela renovação da Igreja.
Juntos, são um farol para o povo italiano, chamados a viver a fé não apenas como tradição, mas como caminho de santidade e de transformação social.
A Herança para Hoje
Mais de oitenta anos depois da proclamação, a mensagem destes santos continua atual. Num mundo marcado pela violência, divisão e perda de sentido, São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena recordam que a verdadeira força da Itália – e da Igreja – está enraizada no Evangelho.
Conclusão
A decisão de Pio XII não foi apenas um gesto honorífico, mas um apelo à conversão e à paz. Ao colocar Francisco e Catarina como co-padroeiros da Itália, o Papa recordou que, diante das crises, a santidade é sempre o caminho mais seguro.
 
			 
			 
			