O processo de canonização é o procedimento pelo qual a Igreja Católica declara oficialmente que uma pessoa falecida é considerada um santo. O processo é complexo e envolve várias etapas, com critérios rigorosos a serem atendidos. É um assunto sério e um processo complexo dentro da Igreja, a ponto de só poder ser tratada pela Santa Sé, por uma comissão de altos membros e com a aprovação final do Papa. Canonização é a confirmação final da Santa Sé para que um Beato seja declarado Santo. Só o Papa tem a autoridade de conceder o estatuto de Santo.
O processo de canonização vigente tem diversas fases:
- Servo de Deus: O processo de canonização geralmente começa com a abertura de um processo diocesano após a morte de uma pessoa. O bispo local autoriza uma investigação para determinar se a pessoa viveu uma vida virtuosa e exemplar. Se o bispo considerar que há mérito suficiente, a pessoa é então declarada “Servo de Deus”.
- Venerável: Após a fase de Servo de Deus, a próxima etapa é a investigação da vida e das virtudes heroicas do Servo de Deus. Um tribunal eclesiástico é formado para examinar a vida do candidato, incluindo os seus escritos, testemunhos de pessoas que o conheceram e outros documentos relevantes. Se o tribunal concluir que o candidato viveu virtudes heroicas num grau extraordinário, ele é então declarado “Venerável”.
- Beatificação: Para ser beatificado, é necessário que o candidato tenha um milagre comprovado, geralmente uma cura inexplicável que ocorreu por sua intercessão. O milagre é submetido a uma rigorosa investigação médica, teológica e canónica. Se for considerado genuíno e inexplicável, o Papa pode conceder a beatificação. O candidato é então chamado de “Beato” e pode ser venerado publicamente em determinadas áreas ou comunidades.
- Canonização: A canonização é a última etapa do processo. Para ser canonizado, é necessário que um segundo milagre seja atribuído à intercessão do Beato. A investigação do segundo milagre segue os mesmos procedimentos rigorosos do primeiro. Se o segundo milagre for comprovado, o Papa pode proceder à canonização e declarar solenemente que o Beato é um Santo. A partir desse momento, o Santo pode ser venerado e invocado por toda a Igreja.
Há duas excepções ao processo ordinário. A primeira é a beatificação de mártires, em que é dispensado o milagre habitualmente necessário. Neste caso, com a declaração oficial do martírio, por Decreto emitido pela Congregação para as Causas dos Santos e promulgado pelo Papa, o mártir é beatificado sem necessidade de procedimentos adicionais. Para a canonização do mártir declarado Beato já é requerido um milagre, seguindo-se os trâmites gerais. De notar que nos primórdios da Igreja, quando não havia beatificações, os mártires eram venerados como Santos.
A segunda excepção é a beatificação ou canonização equipolente, em que o Papa declara que uma pessoa venerada numa determinada região ou comunidade é considerada santa, sem seguir todo o processo formal de canonização. São exigidos 3 requisitos para a canonização equipolente: prova de culto antigo do Beato, o atestado histórico incontestável da fé católica e das virtudes do Beato e a fama ininterrupta de milagres intermediados pelo Beato.
É importante ressaltar que o processo de canonização pode levar décadas ou até mesmo séculos, dependendo da complexidade e disponibilidade de evidências. O Papa tem a autoridade de acelerar ou dispensar determinadas etapas do processo, se considerar adequado.