Santa Catarina de Sena foi uma figura proeminente na história da Igreja Católica, reconhecida pela sua profunda espiritualidade, trabalho de caridade e influência política. Catarina de Sena é uma das figuras mais destacadas do catolicismo medieval, pela forte influência que teve na história do papado. Ela está por trás do regresso do papa de Avignon a Roma e, em seguida, realizou inúmeras missões confiadas pelo papa, algo bastante raro para uma simples freira na Idade Média.
Vida
Catarina Benincasa nasceu em Siena, Itália, em 25 de março de 1347, como a 24ª filha de uma família numerosa. Desde jovem, demonstrou uma profunda devoção religiosa e um desejo de consagrar-se a Deus. Aos 16 anos, entrou para a Ordem Terceira de São Domingos, onde viveu uma vida de penitência, oração e serviço aos necessitados.
Santa Catarina era conhecida pelas suas experiências místicas profundas, incluindo visões de Jesus, Maria e os santos. Ela dedicou a vida à oração contemplativa e à busca pela vontade de Deus. A sua correspondência espiritual, especialmente as cartas para líderes religiosos e políticos, é uma fonte valiosa da sua teologia e espiritualidade.
Além de sua vida de oração, Catarina também dedicou-se ao serviço dos pobres e doentes da sua comunidade. Ela fundou hospitais, cuidou dos doentes durante a epidemia de peste negra e defendeu os marginalizados e oprimidos.
Influência Política
Santa Catarina exerceu uma influência significativa nos assuntos políticos e eclesiásticos da época. Ela interveio em questões políticas e religiosas, procurando a paz e a reconciliação entre os governantes italianos e o papado. A sua influência foi reconhecida até mesmo pelos papas e líderes políticos da época.
O grande cisma do Ocidente levou Catarina de Sena a ir a Roma com o papa. Ela enviou numerosas cartas aos príncipes e cardeais, para promover a obediência ao Papa Urbano VI e defender o que ela chamou de “vaso da Igreja”.
Obras
Três tipos diferentes de obras de Catarina de Sena chegaram aos nossos dias:
- O seu principal tratado é o “O Diálogo da Providência Divina”, iniciado provavelmente em outubro de 1377 e certamente terminado em novembro do ano seguinte. Contemporâneos de Catarina afirmam unanimemente que a maior parte da obra foi ditada enquanto Catarina experimentava os seus êxtases, embora seja possível que a própria Catarina possa, depois, ter reeditado muitas passagens no livro. Trata-se de um diálogo entre uma alma que ascende a Deus e o próprio Deus.
- As cartas de Catarina são consideradas uma das grandes obras da literatura toscana primitiva. Muitas delas foram ditadas, embora a própria Catarina tenha aprendido a escrever em 1377. Quase quatrocentas sobreviveram. Nas cartas ao Papa, ela geralmente se refere a ele afetuosamente simplesmente como “papa” (“papai”) ao invés do pronome de tratamento formal “Sua Santidade”. Outros correspondentes incluem os seus vários confessores, entre eles Raimundo de Cápua, os reis da França e da Hungria, o infame mercenário John Hawkwood, o rei de Nápoles, membros da família Visconti de Milão e numerosas figuras religiosas. Aproximadamente um terço delas era endereçada a mulheres.
- 26 orações de Catarina de Sena também sobreviveram, a maioria composta nos últimos dezoito meses da sua vida.
Veneração
Catarina foi enterrada no cemitério de Santa Maria sopra Minerva, uma basílica perto do Panteão, em Roma. Depois de milagres passarem a ser relatados perto do túmulo, Raimundo moveu-o para dentro da basílica onde está até hoje e é visitado por milhares de peregrinos anualmente. A sua cabeça, porém, foi separada do corpo e colocada no interior de um busto de bronze que, posteriormente, foi levado para Siena para ser carregado pela cidade durante as procissões dominicanas. A cabeça e o polegar incorruptos estão preservados na Basílica de São Domingos, em Siena.
O papa Pio II canonizou Santa Catarina em 29 de junho de 1461.
Padroeira
Num decreto de 13 de abril de 1866, Pio IX declarou Santa Catarina co-padroeira de Roma. Em 18 de junho de 1939, Pio XII declarou-a padroeira da Itália juntamente com São Francisco de Assis. Em 1 de outubro de 1999, São João Paulo II tornou-a também padroeira da Europa.
Doutora da Igreja
Em 3 de outubro de 1970 o Papa Paulo VI proclamou Santa Catarina de Sena como Doutora da Igreja, reconhecendo a sua sabedoria espiritual e ensinamento teológico. O título foi atribuído apenas alguns dias antes a Santa Teresa de Ávila (27 de setembro), o que faz delas as primeiras mulheres a receberam este título. As suas obras, incluindo o “Diálogo”, são valorizadas pela profundidade espiritual e visão sobre a alma humana e a relação com Deus.
Legado
Catarina é uma das importantes místicas e escritoras da Igreja e é ainda hoje muito respeitada pelas suas obras espirituais e audácia política, alguém que teve coragem de “dizer a verdade ao poder”, um feito excepcional para uma mulher do seu tempo, capaz de influenciar a política e a história da sua época. A sua festa litúrgica é celebrada a 29 de abril.