11 de julho é o dia em que a Igreja recorda São Bento, fundador da Ordem Beneditina e padroeiro da Europa. A sua vida está refletida na “Regra”, fixada no lema “Ora et labora” (orar e trabalhar).
São Bento de Núrsia foi um monge ao qual é atribuída a organização das atividades da vida monástica. A Ordem de São Bento ou Ordem dos Beneditinos, uma das maiores ordens monásticas do mundo, recebe esse nome em sua homenagem por seguir as organizações propostas por ele. Foi o criador da Regra de São Bento, um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica, inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Era irmão gémeo de Santa Escolástica. O papa Paulo VI designou-o patrono da Europa em 1964, sendo também patrono da Alemanha. É venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos e anglicanos. Fundou a Abadia de Monte Cassino, na Itália, destruída durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente restaurada. O calendário católico-romano comemora-o a 11 de Julho, data em que trasladaram as suas relíquias para a Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire.
História
A fonte de todos os acontecimentos da vida de São Bento são os Diálogos de São Gregório Magno, redigidos por volta de 593, que baseou-se em factos narrados por monges que conheceram pessoalmente São Bento.
São Bento foi filho de um família nobre romana da região de Nórcia onde realizou os seus primeiros estudos. Mais tarde, foi enviado a Roma para estudar retórica e filosofia, mas, tendo-se decepcionado com a decadência moral da cidade, abandona a capital e retira-se para Enfide (atual Affile), em 500. Ajudado por um abade da região chamado Romano, instalou-se numa gruta de difícil acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar, dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que divulgaram a fama de santidade. A partir de então, foi visitado constantemente por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual.
Foi então eleito abade de um mosteiro em Vicovaro, no centro da península Itálica. Por causa do regime de vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que fez o sinal da cruz sobre o vinho o cálice desfez-se em pedaços. Devido a isto, São Bento resolve deixar a comunidade e retornar à vida solitária.
Em 503, recebeu grande quantidade de discípulos e fundou doze pequenos mosteiros. Em 529, por causa da inveja do sacerdote Florêncio, muda-se para o Monte Cassino, onde fundou o mosteiro que viria a ser o fundamento da expansão da Ordem Beneditina. É nesse episódio que Florêncio enviou-lhe de presente um pão envenenado, mas Bento deu o pão a um corvo que todos os dias vinha comer das suas mãos e ordenou à ave que o levasse para longe, onde não pudesse ser encontrado. Durante a saída de Bento para Monte Cassino, Florêncio, sentindo-se vitorioso, saiu ao terraço da sua casa para ver a partida do monge. Entretanto, o terraço ruiu e Florêncio morreu. Um dos discípulos de Bento, Mauro, foi pedir ao mestre que retornasse, pois o inimigo havia morrido, mas Bento chorou pela morte do seu inimigo e também pela alegria do seu discípulo, a quem impôs uma penitência por regozijar-se pela morte do sacerdote.
O santo previu a data da sua morte, que ocorreu a 21 de Março 547, poucos dias depois de ter falecido a sua irmã Santa Escolástica. Morreu de pé na capela com as mãos levantadas para o céu e os lábios pronunciando a última oração.
As representações de São Bento geralmente mostram, junto com o santo, o livro da Regra, um cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que recebeu do sacerdote invejoso.
A Irmã, Santa Escolástica
A sua irmã foi a fundadora do ramo feminino da Ordem Beneditina, era irmã gêmea de São Bento e estava desde a infância consagrada a Deus. Todos os anos ela fazia-lhe uma visita para conversarem sobre os assuntos relativos à vida eterna. O santo Abade recebia-a numa casa pertencente ao Mosteiro de Monte Cassino, situada não longe dali. No ano da partida da Santa para o Céu (547), ela veio, como de costume, e o irmão foi encontrá-la na mencionada casa, acompanhado de alguns dos seus discípulos. Passaram o dia todo em elevados colóquios, os quais prolongaram-se até uma hora avançada da noite.
Tentativas de envenenamento
De acordo com a tradição, Bento de Núrsia foi santificado por ter vencido duas ciladas armadas pelo Diabo, nas quais é-lhe oferecido um cálice de vinho e um pedaço de pão, ambos envenenados.
Além disso, muitas vezes fora tentado efetivamente pelo Diabo, além de ser ofendido e insultado de tal maneira que os irmãos de hábito que estavam ao seu redor podiam escutar as ofensas que ele recebia.
O Santo vencia o tentador utilizando-se do sinal da cruz e da oração contida na Medalha que fora esculpida nas paredes de um mosteiro.
Regra
A São Bento foram atribuídos muitos milagres. Mas, o milagre maior e mais duradouro do pai da Ordem beneditina foi a composição da “Regra”, escrita por volta do ano 530. Trata-se de um manual, um código de orações para a vida monástica. O seu estilo, desde às primeiras palavras, é muito familiar: desde o prólogo até o últimos dos 73 capítulos, Bento exorta os monges a “ouvirem com o coração” e a “jamais perderem a esperança na misericórdia de Deus”. De facto, escreveu: “Ouça, filho, os ensinamentos do Mestre; dê-lhe ouvidos com o coração; receba, com agrado, os conselhos de um pai que lhe quer bem, para se dirigir, com o rigor da obediência, Àquele do qual você se distanciou por causa da negligência e da desobediência”.
O espírito da Regra de São Bento resume-se a dois pontos: o lema da Ordem de São Bento (pax – «paz»), que nasceria séculos mais tarde, como resultado da agremiação de vários mosteiros que partilhavam a mesma regra, e ainda o tradicional “ora et labora” («orar e trabalhar»), súmula da vida que cada monge deve seguir.
Padroeiro da Europa
O beato Papa Paulo VI proclamou S. Bento padroeiro principal da europa no dia 24 de outubro de 1964, na Carta Apostólica Pacis Nuntius, onde se refere ao abade beneditino como o “mensageiro de paz, promotor da união, mestre da civilização”. O mosteiros estabelecidos por ele foram responsáveis, em grande parte, pela evangelização na Europa e a manutenção da cultura latina e grega, após as invasões bárbaras, além de terem colaborado com a recuperação daqueles países por meio do desenvolvimento da agricultura.
Medalha
A Medalha de São Bento é um objecto sagrado aprovado pela Igreja, que reúne a virtude triunfante da Santa Cruz, que nos salvou, à recordação de São Bento, um dos mais ilustres servidores de Deus.
Esta medalha é um forte símbolo de fé, protegendo os seus devotos contra todo o tipo de inimigos, porque São Bento possuiu, mesmo em vida, a notável capacidade de escapar a todas as armadilhas do Mal, protagonizando grandes milagres. Conta-se que São Bento fazia o sinal da Cruz sempre que precisava de defender-se dos perigos e das tentações do demónio e, por esse motivo, é muitas vezes representado com uma cruz na mão. São Bento é o padroeiro dos exorcistas.
Numerosos são os benefícios atribuídos à cruz e medalha de São Bento. Se de facto for usada com fé, a medalha protege de:
- epidemias;
- venenos;
- alguns tipos de doenças especiais;
- malefícios;
- perigos espirituais e materiais causados pelos demónio;
A medalha, com algumas variações, possui numa das faces a imagem de São Bento, vestindo o traje monástico. Na outra face, são apresentados uma cruz e diversas letras:
- entre os seus braços estão gravadas as letras C S P B, cujo significado em latim é Cruz Sancti Patris Benedicti, ou seja, “Cruz do Santo Pai Bento”
- na haste vertical da cruz lêem-se as iniciais C S S M L: Crux Sacra Sit Mihi Lux – “A cruz sagrada seja minha luz”
- na haste horizontal lêem-se as iniciais N D S M D: Non Draco Sit Mihi Dux – “Não seja o dragão meu guia”
- no alto da cruz está gravada a palavra PAX (“Paz”), que é lema da Ordem de São Bento. Às vezes, PAX é substituído pelo monograma de Cristo: I H S
- a partir da direita de PAX estão as iniciais: V R S N S M V: Vade Retro Sátana Nunquam Suade Mihi Vana – “Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs!”
- S M Q L I V B: Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas – “É mau o que me ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos!”
Portanto, a medalha de São Bento contém a sua poderosa oração de proteção, e por esse motivo ela é um escudo especialmente forte de protecção contra os inimigos, sendo um escudo contra todo o tipo de mal.