A Igreja ensina quatro dogmas sobre Nossa Senhora: a Maternidade divina, a Imaculada Conceição, a Assunção de Nossa Senhora ao céu e a Virgindade Perpétua de Maria.
Para começar, o que é um dogma? Na Igreja Católica, é entendido por “dogma” toda verdade de fé absoluta, definitiva, infalível, irrevogável e inquestionável, revelada por Deus através das Sagradas Escrituras ou da Sagrada Tradição, e que, uma vez proclamada como dogma pelo Magistério da Igreja, não pode mais ser revogada nem negada por quem quer que seja: nem sequer pelo Papa ou por um Concílio. Os dogmas, portanto, fazem parte indissociável da doutrina da Igreja.
Segundo a doutrina da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintes dogmas de fé:
1- Maternidade divina
Cristo é pessoa divina e Maria é a Sua mãe. O Terceiro Concílio Ecuménico, realizado em Éfeso decretou esta doutrina dogmaticamente em 431. Na época, os nestorianos, corrente muito popular entre as comunidades cristãs do Oriente, proclamavam que Maria devia ser chamada de Cristótoco, que significa “Mãe de Cristo”, para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina. Para combater esse pensamento, a Igreja outorgou-lhe o título de Teótoco, expressão grega que significa “Mãe de Deus”.
2- Virgindade perpétua
A Perpétua Virgindade de Maria ensina que Maria é virgem antes, durante e depois do parto. Este dogma mariano é o mais antigo da Igreja Católica e Oriental Ortodoxa, que afirma a “real e perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz o Filho de Deus feito homem.” Assim Maria foi sempre Virgem pelo resto da sua vida, sendo o nascimento de Jesus como seu filho biológico, uma concepção milagrosa. No ano 107, Inácio de Antioquia já descrevia a virgindade de Maria. São Tomás de Aquino também ensinou esta doutrina que Maria deu o nascimento miraculoso sem abertura do útero e sem prejuízo para o hímen. Esta doutrina já era um dogma desde o cristianismo primitivo, tendo sido declarada por notáveis escritores como São Justino Mártir e Orígenes. O Papa Paulo IV o reconfirmou no Cum quorundam de 7 de Agosto de 1555, no Concílio de Trento.
3- Imaculada Conceição
Maria foi totalmente isenta de pecado, inclusive quando concebida pelos seus pais, Santa Ana e São Joaquim. Todo o resto da humanidade, desde os nossos primeiros pais, nasceu com pecado original. Proclamado pelo Papa Pio IX em 1854, o dogma da Imaculada Conceição realça justamente a intervenção directa de Deus no mundo ao preservar Maria do pecado original. Nas aparições de Lourdes, a própria Nossa Senhora confirmou essa verdade de fé.
4- Assunção
A Virgem Maria, no fim da sua vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Este dogma foi proclamado ex cathedra pelo Papa Pio XII, no dia 1 de Novembro de 1950, por meio da Constituição Munificentissimus Deus. Depois de Cristo, ela foi a única criatura que teve esta distinção. O dogma fala da santidade da vida e da dignidade dos corpos humanos, ao lembrar que eles também estão destinados à Ressurreição.
A Igreja Católica detém muitos outros ensinamentos sobre a Virgem Maria, dos quais muitos são tão relevantes como os ensinamentos acima definidos. Outros são antigos ensinamentos, cultos e celebrações, que sob a orientação infalível do Espírito Santo, são uma parte integrante do depósito de fé transmitida pela Igreja.
Dormição de Maria
Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma tradição cristã, atestada por Hipólito de Tebas, que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 41 d.C. e seu corpo depositado no Getsemani. Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre, em vez de “morte”. Alguns teólogos e santos da Igreja Católica, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria “dormitado” e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte. Do ponto de vista oficial do magistério da Igreja Católica, sobre esta matéria, nunca se duvidou da Assunção. Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si.
Maria é a Mãe de todos os cristãos
Maria é vista como mãe da Igreja e de todos os seus membros, ou seja, todos os cristãos, pois os cristãos na Bíblia são parte do corpo de Cristo, a Igreja. Eles, portanto, partilham com Cristo a paternidade de Deus e também a maternidade de Maria. Mais uma vez, no Novo Testamento, (João 19:26-27) o apóstolo João diz que Jesus na cruz é filho de Maria. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “A Virgem Maria… É reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor…. Ela é «claramente a mãe dos membros de Cristo… Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja.»
Medianeira
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e o homem. (I Timóteo 2:5). Ele sozinho conciliou o homem com Deus através da sua morte na cruz. Mas isso não exclui um papel secundário de Maria como medianeira, dependente de Cristo. O ensinamento que Maria intercede por todos os crentes e, especialmente, aqueles que pedem a sua intercessão através da oração, remete aos primeiros séculos do cristianismo.
Corredentora
Corredentora refere-se a participação indirecta de Maria no processo de salvação. Mesmo antes do ano 200, Ireneu de Lyon refere-se a Maria como “causa salutis” (causa de nossa salvação) devido ao seu filho. O ensinamento tornou-se universal desde o século XV, mas nunca foi declarado um dogma, embora petições para declará-lo (juntamente com Medianeira) dogmaticamente, tenham sido submetidos ao papa por vários cardeais e bispos. O conceito de corredentora remete para uma participação indireta, mas importante da Virgem Maria na redenção, pois Maria deu à luz o Redentor (Jesus Cristo), que é o responsável por toda a redenção e salvação, assim ela foi mediadora de redenção.
Rainha do Céu
A doutrina de que a Virgem Maria foi coroada Rainha do Céu remonta ao início da Igreja, para escritores tais como Gregório de Nazianzo, que afirma que Maria é “a Mãe do Rei do universo,” e a “Virgem Mãe, de quem surgiu o Rei de todo o mundo”, Efrém da Síria já a considerava Rainha do Céu. A Igreja Católica muitas vezes vê Maria como rainha do céu, ostentando uma coroa de doze estrelas como a Mulher do Apocalipse. (Apocalipse 12:1-5). Muitos Papas homenagearam Maria com este título: Maria é a Rainha do Céu e da Terra, (Pio IX), Rainha do Universo (Leão XIII) e Rainha do Mundo (Pio XII). O fundamento teológico e lógico desses títulos repousa no dogma de Maria como a Virgem Mãe de Deus, que reina ao longo de todo o mundo, sendo celestialmente bem-aventurada com a glória de uma Rainha.