Beata Joana de Portugal, a Princesa Santa

O calendário litúrgico português faz-nos celebrar hoje o dia da Beata Joana de Portugal, também chamada Santa Joana Princesa, embora oficialmente apenas seja reconhecida pela Igreja Católica como Beata, nasceu em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1452, tendo morrido em Aveiro a 12 de Maio de 1490, com 38 anos. Foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, filha do rei D. Afonso V e de sua primeira mulher, a rainha D. Isabel.

Biografia

Infanta D. Joana de Portugal, pintada por Nuno Gonçalves

Ficou órfã de mãe aos 4 anos de idade e, aos 15, tomou os encargos do governo da casa real quando D. Afonso V, em 1471, partiu para o Norte de África no comando de uma expedição de conquista. Joana levava uma vida penitente, usando cilício sob as vestes reais e passando as noites em oração. Jejuava frequentemente e como divisa ou insígnia real usava uma coroa de espinhos. Os pobres, os enfermos, os presos, os religiosos viam nela a sua protectora e amparo. Conservava um livro onde anotava os nomes de todos os necessitados, o grau de pobreza de cada um e o dia em que deveria ser dada a esmola. Por ocasião da Semana Santa, lavava os pés de doze mulheres pobres e presenteava-as com roupas, alimentos e dinheiro.

Pretendentes

Apesar de pretendida por muitos príncipes, entre eles o filho de Luís XI da França, Joana foi sempre declinando as propostas com as mais variadas desculpas. Joana já tinha um pretendente escolhido, Jesus Cristo. Aquando do regresso do seu pai de África, Joana fez um pedido a este, dizendo: “Meu pai e senhor, sempre foi costume, mesmo entre os príncipes gentios, oferecer a Deus alguma coisa estimada em acção de graças pelas vitórias conseguidas. E com mais razão o deve fazer um rei cristão e um rei tão pio como é Vossa Alteza, por divina misericórdia. Vivendo eu na certeza do muito que vós me amais, rogo-vos humildemente que em reconhecimento dos grandes benefícios que deveis ao poderoso Deus dos exércitos, lhe façais generosa oferta da minha pessoa, permitindo que eu lhe consagre perpétuamente a minha virgindade. Este é o meu maior desejo e espero que Vossa Alteza, meu pai, me conceda esta graça num dia de tanta glória para mim e para todo o Reino!

Reclusão no mosteiro em Aveiro

Sepultura no Mosteiro de Jesus, em Aveiro

E, desta forma, e para espanto de todos, em 1471 recolheu-se, temporariamente, no mosteiro de Odivelas. Dali foi para o mosteiro de Aveiro, em 1475, onde viveu despojada de tudo até a morte, no dia 12 de Maio de 1490. Diz-se que morreu corroída pela peste, contudo, os povos de Aveiro crêem que a sua Santa morreu antes envenenada por um mariola que ela fizera castigar por libertinagem e actos reprováveis. A verdade é que a Senhora de Aveiro, a Santa amiga de muitos pobres e mendigos, morreu rapidamente no meio de sofrimentos atrozes, que, contudo, não lhe alteraram a beleza serena do seu rosto ímpar. E quando o seu enterro passou nos jardins do Convento de Jesus, que ela tratara com pormenorizado amor, deu-se um facto milagroso: todas as flores caíram sobre o caixão como que prestando a sua última homenagem à real Senhora que delas tratara como uma vulgar camponesa. Imediatamente após este facto milagroso, as populações começaram a atribuir à sua princesa inúmeras benesses e maravilhas.

Joana nunca chegou a professar votos de freira dominicana por ser princesa real e potencial herdeira do trono. No entanto viveu a maior parte da sua vida no Convento de Jesus de Aveiro, seguindo em tudo a regra de vida e estilo das monjas.

Beatificação

A princesa Joana foi beatificada em 1693 pelo Papa Inocêncio XII, tendo festa a 12 de Maio. E o Papa Paulo VI, a 5 de Janeiro de 1965, declarou-a especial protectora da cidade de Aveiro.

A história da Santa Princesa, programa da RTP de 1972
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