Semana Santa, uma jornada de fé e reflexão

A Semana Santa é um período significativo no calendário litúrgico cristão, marcado por uma série de eventos que relembram a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Esta semana é observada com fervor religioso em todo o mundo, com rituais e celebrações que variam de acordo com as tradições e costumes de cada região. Ela inicia-se no Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa.

Domingo de Ramos

A Semana Santa tem início com o Domingo de Ramos, que marca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. De acordo com os relatos bíblicos, Jesus montou um jumento e foi recebido pelo povo com ramos de palmeira, enquanto aclamavam “Hosana ao Filho de Davi”. Este gesto de aclamação é registado nos quatro Evangelhos (Mateus 21:1-11, Marcos 11:1-11, Lucas 19:28-44 e João 12:12-19). Este evento é celebrado com procissões onde os fiéis carregam ramos de oliveira ou palmeira, recriando a entrada de Jesus em Jerusalém.

Segunda-feira Santa

Os evangelhos contam alguns dos eventos que tradicionalmente acredita-se terem ocorrido na segunda-feira antes da morte de Jesus. Um dos mais famosos e conhecidos deles é Jesus a expulsar os vendilhões do Templo. Ao entrar no templo, Jesus expulsa os cambistas acusando-os de tornar o local sagrado num covil de ladrões através das suas atividades comerciais. No Evangelho de João, Jesus refere-se ao Templo como “casa do meu Pai”, clamando para si assim o título de Filho de Deus.

Terça-feira Santa

Dia geralmente dedicado à reflexão e preparação espiritual para os eventos que virão. Muitas igrejas realizam serviços de adoração e meditação, oferecendo aos fiéis a oportunidade de ligar-se mais profundamente com a mensagem da paixão de Cristo. É também o dia onde são celebradas as Sete dores de Nossa Senhora Virgem Maria:

  • A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2:34–35)
  • A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2:13–21);
  • O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2:41–51);
  • O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23:27–31);
  • Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz – Stabat Mater (João 19:25–27);
  • Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27:55–61);
  • Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23:55–56).

Quarta-feira Santa

A Quarta-feira Santa é tradicionalmente conhecida como o dia em que Judas Iscariotes concordou em trair Jesus por trinta moedas de prata. Este evento é frequentemente lembrado nas liturgias da Quarta-feira Santa, como um lembrete da traição e da fragilidade humana. Em algumas tradições, este dia é marcado por serviços de reconciliação e confissão, onde os fiéis são convidados a refletir sobre as suas próprias falhas e buscar o perdão de Deus.

Quinta-feira Santa

A Quinta-feira Santa é um dos dias mais importantes da Semana Santa, pois marca a Última Ceia de Jesus com seus discípulos. Durante este evento, Jesus instituiu a Eucaristia e lavou os pés dos seus discípulos, demonstrando humildade e amor incondicional. Este dia também é conhecido como o dia da instituição do sacerdócio e é frequentemente celebrado com missas especiais conhecidas como a Missa da Ceia do Senhor. É neste dia que Judas Iscariotes sai para entregar Jesus por trinta moedas de prata. E é nesta noite que Jesus é preso, interrogado e, no amanhecer da sexta-feira, açoitado e condenado.

A igreja já se reveste de luto e tristeza, desnudando os altares de onde são retirados todos os enfeites, toalhas, flores e velas, tudo para simbolizar que Jesus já está preso e consciente do que vai acontecer.

Sexta-feira Santa

A Sexta-feira Santa é o dia em que os cristãos lembram a crucificação e morte de Jesus Cristo. Este é um dia de jejum e abstinência, onde os fiéis são convidados a refletir sobre o sacrifício de Jesus pela humanidade. Muitas igrejas realizam serviços especiais conhecidos como a Liturgia da Paixão, que inclui leituras dos relatos da crucificação, momentos de silêncio e veneração da cruz.

De acordo com os relatos nos evangelhos, os guardas do templo, guiados pelo apóstolo Judas Iscariotes, prenderam Jesus no Jardim de Getsêmani. Depois de beijar Jesus, o sinal combinado com os guardas para demonstrar que era o líder do grupo, Judas recebeu trinta moedas de prata (Mateus 26:14–16) como recompensa. Depois da prisão, Jesus foi levado à casa de Anás, o sogro do sumo-sacerdote dos judeus, Caifás. Sem revelar nada durante o interrogatório, Jesus foi enviado para Caifás, que tinha consigo o Sinédrio reunido (João 18:1–24). Finalmente, o sumo-sacerdote desafiou Jesus dizendo: «Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.» (Mateus 26:63) A resposta de Jesus foi: «Tu o disseste; contudo vos declaro que vereis mais tarde o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.» (Mateus 26:64) Por conta disto, Caifás condenou Jesus por blasfémia e o Sinédrio concordou em sentenciá-lo à morte (Mateus 26:57–66). Pedro, que esperava no pátio, negou Jesus por três vezes enquanto o interrogatório se desenrolava, exatamente como Jesus havia previsto.

Jesus foi levado e Pilatos que o interrogou Jesus e afirmou para a multidão que não via fundamentos para uma pena de morte. Quando ele soube que Jesus era da Galileia, Pilatos delegou o caso para o tetrarca da região, Herodes Antipas, que, como Jesus, estava em Jerusalém para a celebração da Páscoa judaica. Herodes também interrogou Jesus, mas não conseguiu nenhuma resposta e enviou-o de volta a Pilatos, que disse para a multidão que nem ele e nem Herodes viam motivo para condenar Jesus. Ele então decidiu chicoteá-lo e soltá-lo. Como tradição, era solto um prisioneiro na Páscoa, como os sacerdotes a incitaram a multidão a pedir que Barrabás, que havia sido preso por assassinato durante uma revolta, fosse solto. Quando Pilatos perguntou então o que deveria fazer com Jesus, a resposta foi: «Crucifica-o!» (Marcos 15:6–14). Pilatos declarou que Jesus era inocente e lavou as mãos, entregando Jesus para que fosse crucificado para evitar uma rebelião (Mateus 27:24–26). Jesus carregou a sua cruz até o local da sua execução, um lugar chamado “da Caveira” (Gólgota em hebraico e Calvário em latim). Lá foi crucificado entre dois ladrões (João 19:17–22).

Jesus agonizou na cruz por aproximadamente seis horas. Durante as últimas três, do meio-dia às três da tarde, uma escuridão cobriu “toda a terra” (Mateus 27:45, Marcos 15:13 e Lucas 23:44).

Quando Jesus morreu, houve um terramoto, túmulos se abriram e a cortina do Templo rasgou-se cima até abaixo. José de Arimateia, um membro do Sinédrio e seguidor de Jesus em segredo, foi até Pilatos e pediu o corpo de Jesus para que fosse sepultado (Lucas 23:50–52). Outro seguidor de Jesus em segredo e também membro do Sinédrio, Nicodemos, foi com José de Arimateia para ajudar a retirar o corpo da cruz (João 19:39–40). Porém, Pilatos pediu que o centurião que estava de guarda confirmasse que Jesus estava morto (Marcos 15:44) e um soldado furou o lado de Jesus com uma lança, o que provocou um fluxo de sangue e água do ferimento (João 19:34).

José de Arimateia então levou o corpo de Jesus, envolveu-o numa mortalha de linho e o colocou num túmulo novo que tinha sido escavado num rochedo (Mateus 27:59–60) que ficava num jardim perto do local da crucificação. Nicodemos trouxe mirra e aloé e ungiu o corpo de Jesus, como era o costume dos judeus (João 19:39–40). Para selar o túmulo, uma grande rocha foi rolada em frente à entrada (Mateus 27:60) e todos voltaram para casa para iniciar o repouso obrigatório do sabat, que começou ao pôr-do-sol (Lucas 23:54–56).

Sábado Santo

O Sábado Santo é um dia de silêncio e espera, enquanto os cristãos aguardam a ressurreição de Jesus Cristo. Durante este dia, muitas igrejas realizam a Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias, como disse Santo Agostinho, uma celebração que marca a transição da escuridão para a luz, da morte para a vida. A Vigília Pascal começa com a bênção do fogo novo e também do Círio Pascal, seguida pela liturgia da Palavra e a celebração dos sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Este é um momento de grande alegria e esperança, à medida que os fiéis aguardam a ressurreição de Cristo.

Domingo de Páscoa

O Domingo de Páscoa é o ponto culminante da Semana Santa, quando os cristãos celebram a ressurreição de Jesus Cristo dos mortos. Este é um dia de grande alegria e festividade, marcado por missas especiais e celebrações em todo o mundo.

Nos Evangelhos, Maria Madalena, Maria (mãe de Tiago) e Salomé vão ao sepulcro de Jesus ao nascer do sol. Elas encontram a pedra do túmulo rolada para o lado e entram, mas não encontram o corpo de Jesus. De repente, dois homens com roupas resplandecentes aparecem diante delas. Os homens perguntam por que as mulheres estão procurando entre os mortos por alguém que está vivo. Eles lembram às mulheres que Jesus havia dito que ressuscitaria no terceiro dia e instrui-as a irem rapidamente contarem aos discípulos. Elas correm para informar a Simão Pedro e outro discípulo, que vão ao túmulo e encontram apenas as faixas que envolviam o corpo de Jesus.

Este é um momento de renovação da fé e esperança, à medida que os fiéis celebram a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.

Conclusão

A Semana Santa é um período de profunda significância espiritual para os cristãos, marcado por uma série de eventos que relembram a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Cada dia desta semana tem o seu próprio significado e propósito, oferecendo aos fiéis a oportunidade de embrenharem-se mais profundamente com a mensagem da redenção e do amor divino. Ao observar a Semana Santa, os cristãos são convidados a refletir sobre o sacrifício de Cristo e a renovar a sua fé na esperança da ressurreição e da vida eterna.

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