São Félix III, papa firme na defesa da ortodoxia e na unidade da Igreja

São Félix III nasceu em Roma por volta do ano 440, descendente de uma família senatorial. É considerado um dos antepassados de São Gregório Magno, outro grande Papa da Igreja. Era viúvo e pai de dois filhos quando foi eleito Papa a 13 de março de 483, sucedendo ao Papa Simplício. A sua eleição ocorreu num contexto de instabilidade política e de grande tensão doutrinal entre a Igreja do Ocidente e a do Oriente.

Conflito com o Patriarca de Constantinopla

Durante o seu pontificado, São Félix III enfrentou a grave crise do cisma acaciano. Acácio, patriarca de Constantinopla, tentava conciliar os monofisitas (que negavam a existência das duas naturezas em Cristo) com os fiéis da ortodoxia, promovendo o Henotikon, um decreto imperial que evitava tomar posição clara sobre as decisões do Concílio de Calcedónia (451). São Félix rejeitou esse compromisso ambíguo, por considerar que comprometia a verdadeira fé cristã.

Enviou legados a Constantinopla para dialogar com Acácio, mas estes foram enganados e acabaram por apoiar, sem querer, o patriarca. São Félix reagiu com firmeza: excomungou Acácio em 484, dando início ao cisma entre Roma e Constantinopla que duraria até ao ano 519.

Zelo pastoral e defesa da doutrina

Além do conflito com o Oriente, São Félix III enfrentou outras dificuldades internas. Trabalhou para restaurar a disciplina entre o clero, reforçar a fidelidade à doutrina da Igreja e combater os desvios que ameaçavam a unidade da fé. O seu pontificado, embora curto (cerca de oito anos), foi marcado por uma postura decidida e corajosa na defesa da ortodoxia cristã.

Morte e legado

São Félix III faleceu a 1 de março de 492, em Roma, sendo sepultado na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. É lembrado pela sua integridade, clareza doutrinal e coragem em tempos difíceis, especialmente por ter enfrentado a pressão política do imperador bizantino e de muitos bispos orientais.

Veneração e exemplo de fidelidade

A Igreja celebra a sua memória no dia 1 de março. São Félix III é venerado como um papa que não cedeu à ambiguidade e compromissos doutrinários, mantendo firme a fé recebida dos apóstolos. O seu exemplo é particularmente inspirador num tempo em que a verdade precisa ser proclamada com coragem e sem medo de conflitos ou divisões temporais. A sua fidelidade continua a ser modelo para todos os que servem a Igreja em tempos de provação.

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