Quais são os dogmas da Igreja Católica?

Na Igreja Católica, o dogma é a verdadeira fé revelada por Deus, imutável e definitivo. Para uma verdade divinamente revelada ser considerada dogma, ela tem de ser proposta diretamente à fé cristã católica através de uma definição solene e infalível pelo Supremo Magistério da Igreja (Papa ou Concílio ecuménico com o Papa) e do posterior ensinamento destas pelo Magistério ordinário da Igreja. Para que tal proclamação ou clarificação solene aconteça, são necessárias duas condições: o sentido deve ser suficientemente manifestado como uma autêntica verdade revelada por Deus e essa verdade ou doutrina deve ser proposta e definida solenemente pela Igreja, Corpo de Cristo como um todo, sendo verdade revelada e parte integrante da fé católica.

Os mais importantes dogmas, que tratam de assuntos como a Santíssima Trindade e Jesus Cristo, foram definidos nos primeiros concílios ecuménicos; o Concílio Vaticano I foi o último a definir verdades dogmáticas (primado e infalibilidade do Papa). As definições de dogmas mais recentes são o da Imaculada Conceição (1854) e da Assunção de Nossa Senhora (1950).

Categorias dos dogmas

A Igreja Católica proclama a existência de 43 dogmas divididos em 8 categorias:

  • Dogmas sobre Deus
  • Dogmas sobre Jesus Cristo
  • Dogmas sobre a criação do mundo
  • Dogmas sobre o ser humano
  • Dogmas marianos
  • Dogmas sobre o Papa e a Igreja
  • Dogmas sobre os sacramentos
  • Dogmas sobre as últimas coisas

Dogmas sobre Deus

  • A Existência de Deus: “A ideia de Deus não é inata em nós, mas temos a capacidade para conhecê-lo com facilidade, e de certo modo espontaneamente através da Sua obra.”
  • A Existência de Deus como Objeto de Fé: “A existência de Deus não é apenas objeto do conhecimento da razão natural, mas também é objeto da fé sobrenatural.”
  • A Unidade de Deus: “Não existe mais que um único Deus.”
  • Deus é Eterno: “Deus não tem princípio nem fim.”
  • Santíssima Trindade: “Em Deus há três pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo; e cada uma delas possui a essência divina que é numericamente a mesma.”

Dogmas sobre Jesus Cristo

  • Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência, sendo chamado em Isaías como “Deus Connosco” (Emanuel): “O dogma diz que Jesus Cristo possui a infinita natureza divina com todas suas infinitas perfeições, por ter sido engendrado eternamente por Deus.”
  • Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam: “Cristo é possuidor de uma íntegra natureza divina e de uma íntegra natureza humana: a prova está nos milagres e no padecimento.”
  • Cada uma das naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física: “Existem também duas vontades físicas e duas operações físicas de modo indivisível, de modo que não seja conversível, de modo inseparável e de modo não confuso.”
  • Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus: “O Pai celestial quando chegou à plenitude, enviou aos homens o seu Filho, Jesus Cristo.”
  • Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio sacrifício: “Cristo, pela sua natureza humana, era ao mesmo tempo sacerdote e oferenda, mas pela sua natureza Divina, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, era o que recebia o sacrifício.”
  • Cristo resgatou-nos e reconciliou com Deus por meio do sacrifício da sua morte na cruz: “Jesus Cristo quis oferecer-se a si mesmo a Deus Pai, como sacrifício apresentado sobre a ara da cruz na sua morte, para conseguir para eles o eterno perdão.”
  • Ao terceiro dia depois da sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos: “ao terceiro dia, ressuscitado pela sua própria virtude, levantou-se do sepulcro.”
  • Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai: “ressuscitou de entre os mortos e subiu ao céu em Corpo e Alma.”

Dogmas sobre a criação do mundo

  • Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada: “A criação do mundo do nada, não é apenas uma verdade fundamental da revelação cristã, mas também que ao mesmo tempo chega a alcançá-la a razão com apenas as suas forças naturais, baseando-se nos argumentos cosmológicos e sobretudo na argumento da contingência.”
  • Caráter temporal do mundo: “O mundo teve princípio no tempo.”
  • Conservação do mundo: “Deus conserva na existência a todas as coisas criadas.”

Dogmas sobre o ser humano

  • O homem é formado por corpo material e alma espiritual: “O humano como comum constituída de corpo e alma.”
  • O pecado de Adão propaga-se a todos os seus descendentes por geração, não por imitação: “Pecado, que é morte da alma, propaga-se de Adão a todos os seus descendentes por geração e não por imitação, e que é inerente a cada indivíduo.”
  • O homem caído não pode redimir-se a si próprio: “Somente um acto livre por parte do amor divino poderia restaurar a ordem sobrenatural, destruída pelo pecado.”

Dogmas marianos

  • A Imaculada Conceição de Maria: “A Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do género humano, preservada imune de toda mancha de culpa original.”
  • A Virgindade Perpétua de Maria: “A Santíssima Virgem Maria é virgem antes, durante e depois do parto do seu Divino Filho, sendo mantida assim por Deus até a sua gloriosa Assunção.”
  • Maria, Mãe de Deus: “Maria, como uma virgem perpétua, gerara a Cristo segundo a natureza humana e quem dela nasce, ou seja, o sujeito nascido, Cristo tem uma natureza humana e a natureza divina, ou seja, o Verbo. Daí que o Filho de Maria é propriamente o Verbo que subsiste junto à natureza humana; então Maria é verdadeira Mãe de Deus, posto que o Verbo é Deus. Cristo: Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.”
  • A Assunção de Maria: “A Virgem Maria foi assunta ao céu imediatamente depois que acabou a sua vida terrena; o seu Corpo não sofreu nenhuma corrupção como sucederá com todos os homens que ressuscitarão até o final dos tempos, passando pela decomposição.”

Dogmas sobre o Papa e a Igreja

  • A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo: “Cristo fundou a Igreja, que Ele estabeleceu os fundamentos substanciais da mesma, no tocante à doutrina, culto e constituição.”
  • Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e como cabeça visível de toda a Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o primado da jurisdição: “O Romano Pontífice é o sucessor do bem-aventurado Pedro e tem o primado sobre todo o rebanho.”
  • O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda a Igreja, não somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da Igreja: “Conforme esta declaração, o poder do Papa é: de jurisdição, universal, supremo, pleno, ordinário, episcopal, imediato.”
  • O Papa é infalível sempre que se pronuncia ex cathedra: Sujeito da infalibilidade papal é todo o Papa legítimo, em sua qualidade de sucessor de Pedro e não outras pessoas ou organismos (ex.: congregações pontificais) a quem o Papa confere parte da sua autoridade magistral.”
  • A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes.

Dogmas sobre os sacramentos

  • O Baptismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo: “Foi dado todo poder no céu e na terra; ide então e ensinai todas as pessoas, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”
  • A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento: “Este Sacramento concede aos baptizados a fortaleza do Espírito Santo para que se consolidem interiormente na sua vida sobrenatural e confessem exteriormente com valentia a sua fé em Jesus Cristo.”
  • A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o Baptismo: “Foi comunicada aos Apóstolos e aos seus legítimos sucessores o poder de perdoar e de reter os pecados para reconciliar aos fiéis caídos depois do Baptismo.”
  • A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é necessária para a salvação: “Basta indicar a culpa da consciência apenas aos sacerdotes mediante confissão secreta.”
  • A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo: “Aquele que come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a vida eterna.”
    Cristo está presente no sacramento do altar pela transubstanciação de toda a substância do pão no seu corpo e toda a substância do vinho no seu sangue.
  • A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo: “Existe algum enfermo entre nós? Façamos a unção do mesmo em nome do Senhor.”
  • Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo: “Existe uma hierarquia instituída por ordenação Divina, que consta de Bispos, Presbíteros e Diáconos.”
  • O matrimónio é verdadeiro e próprio Sacramento: “Cristo restaurou o matrimónio instituído e bendito por Deus, fazendo que recobrasse o seu primitivo ideal da unidade e indissolubilidade e elevando-o à dignidade de Sacramento.”

Dogmas sobre as últimas coisas

  • A Morte e a sua origem: “A morte, na actual ordem de salvação, é consequência primitiva do pecado.”
  • O Céu (Paraíso): “As almas dos justos que no instante da morte acham-se livres de toda a culpa e pena de pecado entram no céu.”
  • O Inferno: “O inferno é uma possibilidade graças à nossa liberdade. Deus fez-nos livres para amá-lo ou para rejeitá-lo. Se o céu pode ser representado como onde todos vivem em plena comunhão entre si e com Deus, o inferno pode ser visto como solidão, divisão e ausência do amor que gera e mantém a vida. Deve-se salientar que a vontade de Deus é a vida e não a morte de quem quer que seja. Jesus veio para salvar e não para condenar. No limite, Deus não condena ninguém ao inferno. É a nossa opção fundamental, que se vai formando ao longo de toda a vida, pelos nossos pensamentos, actos e omissões, que confirma ou não o desejo de estar com Deus para sempre.” A Igreja reconhece que o medo da punição eterna também leva muitos à conversão, bastando, por exemplo, o arrependimento por medo do inferno para a validade de uma confissão.
  • O Purgatório: “As almas dos justos que no instante da morte estão agravadas por pecados veniais ou por penas temporais devidas pelo pecado vão ao purgatório. O purgatório é estado de purificação.”
  • O Fim do mundo e a Segunda vinda de Cristo: “No fim do mundo, Cristo, rodeado de majestade, virá de novo para julgar os homens.”
  • A Ressurreição dos mortos no Último Dia: “Aos que crêem em Jesus e comem do Seu corpo e bebem do Seu sangue, Ele lhes promete a ressurreição.”
  • O Juízo Universal: “Cristo, depois do seu regresso, julgará a todos os homens.”

Fonte: Wikipedia

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