O que é o galardão Rosa de Ouro

A Rosa de Ouro é um ornamento precioso, feito de ouro puro, matizada ligeiramente com vermelho, criada por hábeis ourives, que são abençoadas todos os anos pelos papas, no quarto domingo da quaresma, o Domingo da Alegria, e, depois, oferecidas como símbolo permanente de reverência, estima e afeição paterna a monarcas, personalidades ilustres, igrejas notáveis, governos e cidades que tenham demonstrado um espírito de lealdade para com a Santa Sé.

História

A Rosa de Ouro surgiu no início da Idade Média. A primeira referência aparece numa bula de 1049, pela qual Leão IX isentou o Convento de Santa Cruz de Woffenheim (Alsácia), com a condição da abadessa enviar anualmente uma rosa de ouro à Santa Sé. A crónica de São Martinho de Tours indica que a mais antiga das “rosas de ouro” conhecida é aquela enviada pelo Papa Urbano II a Fulque IV de Anjou, em 1096. Desde a Baixa Idade Média a honra da Rosa de Ouro substituiu a das Chaves da Confissão de São Pedro, ou Chaves de Ouro, instituída no século VIII, pelo Papa Gregório II. A data exata da instituição da rosa é desconhecida.

O costume de oferecer a Rosa de Ouro teve início quando os papas transferiram-se para Avignon, continuando depois que o papado regressou para Roma. O príncipe condecorado recebia a Rosa de Ouro do papa, em solene cerimónia, sendo acompanhado pelo Sacro Colégio dos Cardeais. No início do século XVII passou a ser ofertada somente a rainhas e princesas. Aos imperadores, reis e príncipes eram ofertado presentes mais apropriados, como espadas. Mas, se um monarca estivesse presente em Roma, no Domingo Lætare, ele poderia receber a Rosa de Ouro. O ofício de entregar a Rosa de Ouro aos que residiam fora de Roma foi dado, pelos papas aos Cardeais Legados, aos núncios, aos internúncios e aos delegados apostólicos. Em 1895 foi criado um novo ofício, chamado de Portador da Rosa ou Zelador da Rosa, cargo não hereditário, destinado aos príncipes católicos, aos camareiros secretos de capa e espada ou a uma membro da Prefeitura da Casa Pontifícia. Este cargo foi posteriormente extinto.

Em tempos mais recentes, depois do Concílio Vaticano II, a condecoração pontifícia passou a ser um presente dos papas a Nossa Senhora: Fátima em 1965 por Paulo VI; Aparecida no Brasil, em 1967 por Paulo VI; de Luján em 1982 por João Paulo II; de Guadalupe; de Loreto; da Evangelização em Lima, Peru, em 1988, por João Paulo II; de Jasna Gora em Częstochowa, Polónia, em 2006 pelo Papa Bento XVI; Aparecida no Brasil, em 2007, por Bento XVI, e Pompeia, na Itália, em 2008, por Bento XVI. O Papa Francisco ofereceu a terceira Rosa de Ouro a Nossa Senhora de Fátima no dia 13 de maio de 2017.

A partir da segunda metade do século XX, as concessões da Rosa de Ouro tornaram-se mais raras, e foram todas conferidas a lugares, a maioria a santuários.

Destinatários da Rosa de Ouro

As principais igrejas às quais a rosa foi ofertada são: a Basílica de São Pedro (cinco rosas), a Arquibasílica de São João Latrão (quatro rosas), Basílica de Santa Maria Maior (duas rosas), Santuário de Fátima (três rosas), Basílica de Nossa Senhora Aparecida (três rosas), Basílica de Santa Maria sobre Minerva (uma rosa), Santuário de Nossa Senhora do Sameiro (uma rosa) e Igreja de Santo António dos Portugueses (uma rosa).

Entre muitas personalidades, lugares e igrejas que receberam esta honra, vários foram portugueses, entre as quais a imperatriz Leonor de Portugal, Dom João III, Principe Dom João de Portugal, Maria Pia de Saboia, rainha de Portugal e Amélia de Orleães, rainha de Portugal.

Santuário de Fátima

O Santuário de Fátima recebeu três Rosas de Ouro. A primeira Rosa de Ouro oferecida ao Santuário de Fátima foi concedida pelo Papa Paulo VI, a 21 de novembro de 1964, no fim da terceira sessão do Concílio Vaticano II, tendo sido benzida pelo Sumo Pontífice a 28 de março de 1965. A entrega ao Santuário foi feita a 13 de maio de 1965 pelo cardeal Fernando Cento, legado do Papa. Na cerimónia de bênção, Paulo VI recordou a simbologia das Rosas de Ouro, que, no seu «significado místico, representam a alegria da dupla Jerusalém – Igreja Triunfante e Igreja Militante – e a belíssima Flor de Jericó – a Virgem Imaculada – que é também a vossa Padroeira e é a alegria e a coroa de todos os Santos. [A Rosa de Ouro] é o testemunho do Nosso paternal afeto que mantemos pela nobre Nação Portuguesa; é penhor da Nossa devoção que temos ao insigne Santuário, onde foi levantado à Mãe de Deus um Seu altar», sublinhou na altura Paulo VI.

A 12 de maio de 2010, em peregrinação a Fátima, o Papa Bento XVI entregou a segunda Rosa de Ouro ao Santuário, sendo esta a primeira vez em que um Papa teve este gesto, pessoalmente, em território português. Ajoelhado diante da imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Capelinha das Aparições, o Papa, em oração à Virgem, entregou a Rosa de Ouro «como homenagem de gratidão» pelas maravilhas que, por Ela, Deus tem realizado no coração dos peregrinos.

A 12 de maio de 2017 o Papa Francisco ofereceu a terceira Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, num gesto à chegada à Capelinha das Aparições, primeira paragem da sua Peregrinação à Cova da Iria, para celebrar o Centenário das Aparições e canonizar os beatos Francisco e Jacinta Marto.
Ao entregar a Rosa de Ouro, rezando, tocou a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, e manteve-se em oração, de pé, mais uns minutos. Esta foi a segunda vez que um Papa faz a entrega, pessoalmente, em território português desta distinção.

Santuário do Sameio

O Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, em Braga, também recebeu, a 8 de dezembro de 2004, uma Rosa de Ouro, atribuída pelo Papa João Paulo II, por ocasião do centenário da coroação da imagem de Nossa Senhora, e entregue pelo cardeal Eugénio Sales, legado do Papa.

Exemplares conhecidos

A maior parte das Rosas de Ouro foram fundidas pelos seus destinatários, para reutilização do ouro, com fins monetários. Os exemplares antigos que subsistem são poucos. A Rosa de Ouro de Minúquio de Sena (1330) é a mais antiga das ainda conservadas, estando no Museu Nacional da Idade Média, Paris. Foi ofertada em 1330 pelo Papa João XXII a Rodolfo III de Nidau, Conde de Neuchâtel. Entre as mais antigas ainda subsiste a primeira Rosa de Ouro oferecida ao Santuário de Fátima.

Conclusão

A Rosa de Ouro continua a ser um galardão de grande honra, atualmente oferecido a santuários e lugares e não a pessoas, como inicialmente. Portugal foi várias vezes honrado com este galardão, oferecido três vezes ao Santuário de Fátima, uma vez ao do Sameiro e a várias personalidades da nossa monarquia.

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