A vida de Alexandrina Maria da Costa, conhecida como a Beata Alexandrina de Balazar, é uma das mais intensas expressões de união mística com Cristo na história contemporânea da Igreja. Nascida em 30 de março de 1904, em Balazar, concelho da Póvoa de Varzim, a jovem portuguesa foi agraciada com várias aparições e revelações de Jesus Cristo, que marcaram profundamente a espiritualidade católica do século XX.
As origens de Alexandrina e o início da sua missão
Desde a infância, Alexandrina revelou uma fé viva e um coração sensível às coisas de Deus. Contudo, aos 14 anos, a sua vida tomou um rumo trágico: ao tentar escapar a uma tentativa de violação, saltou de uma janela e ficou paralisada da cintura para baixo. Esta queda transformou-se num ponto decisivo da sua existência — a jovem ofereceu a sua dor pela conversão dos pecadores e pela salvação das almas.
A partir desse momento, Alexandrina passou a viver imobilizada na cama, num sofrimento que duraria mais de 30 anos, mas que ela aceitou com um amor heroico, transformando a dor em instrumento de redenção.
As primeiras manifestações de Jesus
Durante as décadas de 1920 e 1930, Alexandrina começou a experienciar visões e diálogos interiores com Jesus e Nossa Senhora. Estas comunicações místicas foram cuidadosamente anotadas e acompanhadas pelo seu diretor espiritual, o padre Mariano Pinho, jesuíta, e mais tarde pelo padre Umberto Pasquale, salesiano.
Numa das aparições mais marcantes, Jesus manifestou-Se a Alexandrina com grande ternura, mas também com profunda dor, revelando o desejo do Seu Coração de amor não correspondido pela humanidade. Disse-lhe:
“O mundo ofende-me tanto! Repara, minha filha, como os pecadores continuam a crucificar-me. Quero que se faça a consagração do mundo ao meu Coração Eucarístico.”
Foi este pedido de Jesus a Alexandrina que inspirou o Papa Pio XII a realizar, em 31 de outubro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria — um dos atos mais importantes do seu pontificado.
As visões da Paixão e a união com Cristo crucificado
Nas suas revelações, Alexandrina revivia misticamente a Paixão de Cristo, sofrendo com Ele em corpo e alma. Entre 3 de outubro de 1938 e 24 de março de 1942, por 182 vezes, foi observada em estado de êxtase, revivendo os sofrimentos da crucifixão — episódios que foram testemunhados por médicos, sacerdotes e fiéis.
Durante estas visões, Alexandrina sentia as dores da flagelação, da coroação de espinhos e da crucifixão, sendo o seu corpo tomado por contrações e gestos que reproduziam os movimentos de Cristo na cruz. Ela oferecia tudo por amor, afirmando:
“Sou toda de Jesus. Vivo da Eucaristia. Sofro por amor e para que o mundo volte para Deus.”
Fruto destas visões, a vida espiritual de Alexandrina atingiu uma dimensão profundamente eucarística. Jesus pediu-lhe que se alimentasse apenas da Sagrada Comunhão, o que se verificou de forma miraculosa: durante 13 anos e 7 meses, de 27 de março de 1942 a 13 de outubro de 1955, Alexandrina viveu sem comer nem beber, sustentada unicamente pela Eucaristia.
Reconhecimento e fama de santidade
A fama de santidade de Alexandrina espalhou-se rapidamente, atraindo peregrinos de todo o país e do estrangeiro. Muitos recorriam a ela em busca de oração, consolo e intercessão. Mesmo no sofrimento extremo, o seu rosto irradiava serenidade e paz.
Faleceu em 13 de outubro de 1955, data que não é coincidência — o mesmo dia da última aparição de Nossa Senhora em Fátima. No momento da morte, as suas últimas palavras foram:
“Sou feliz porque vou para o Céu.”
Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 25 de abril de 2004, que a chamou “testemunha heroica do amor de Cristo e da Eucaristia”.
Legado espiritual e mensagem
A Aparição de Jesus a Alexandrina de Balazar deixou uma mensagem perene: o chamado à reparação e ao amor eucarístico. A sua vida convida os fiéis a reconhecer na Eucaristia o centro da fé e a viver em total união com Cristo.
Hoje, o Santuário da Beata Alexandrina, em Balazar, é local de peregrinação e oração, onde milhares de fiéis visitam o seu túmulo, pedindo a sua intercessão e meditando sobre o poder do amor redentor de Jesus.
Conclusão
A Aparição de Jesus a Alexandrina de Balazar não foi apenas um episódio místico, mas um testemunho vivo da presença de Cristo na dor humana e na Eucaristia. Em tempos de frieza espiritual e indiferença religiosa, Alexandrina recorda-nos que Jesus continua a chamar cada alma ao amor, à reparação e à união com o Seu Coração misericordioso.
Como verdadeira “vítima do amor”, Alexandrina ofereceu a sua vida para reacender o fogo do amor divino no mundo. A sua experiência mística e a aparição de Jesus em Balazar continuam a ecoar como um convite à conversão, à esperança e à redescoberta da beleza da fé católica centrada na Eucaristia.