O Arquivo Secreto do Vaticano, denominado de Arquivo Apostólico do Vaticano desde 13 de Junho de 2020, situado no coração da Cidade do Vaticano, é um repositório monumental de documentos que traça a história e os desenvolvimentos da Igreja Católica ao longo dos séculos. Estes arquivos também contêm os documentos sobre a administração do Vaticano, correspondência e livros de papas, processos da Inquisição e muitos outros documentos.
Fundação
O Arquivo Apostólico do Vaticano foi fundado pelo Papa Paulo V, em 1612. A sua criação reflete o reconhecimento da necessidade de centralizar e organizar documentos cruciais para a Igreja. Ao longo dos séculos, o arquivo cresceu e desenvolveu-se, abrigando uma vasta coleção de registos, manuscritos, cartas e outros materiais de valor histórico.
Extensão
Estima-se que o Arquivo Apostólico do Vaticano contém 84 km de prateleiras e existam 35.000 volumes no catálogo seletivo, porém “a publicação dos índices, em parte ou como um todo, é proibida”, de acordo com os regulamentos atuais estabelecidos em 2005. Os Arquivos Secretos possuem os seus próprios estúdios fotográficos e salas de conservação.
Conteúdo
O arquivo abriga uma riqueza incomensurável de documentos, alguns datando com mais de mil anos. Os manuscritos incluem correspondências papais, bulas, decretos, registos de concílios, cartas de santos e papas, bem como uma coleção significativa de documentos diplomáticos e correspondências oficiais. Esta variedade de materiais proporciona uma visão única não apenas da história da Igreja, mas também de eventos e desenvolvimentos importantes ao longo dos séculos.
Segundo o Vaticano, o documento mais antigo remonta ao final do século VIII. “Transferências e convulsões políticas quase causaram a perda total de todos os arquivos anteriores ao Papa Inocêncio III.” De 1198 em diante, existem muitos arquivos e documentos, embora a documentação seja um pouco escassa antes do século XII.
Entre os muitos tesouros do arquivo, destacam-se documentos como a bula de excomunhão de Martinho Lutero, a correspondência de Michelangelo sobre a pintura da Capela Sistina e cartas que desempenharam papéis significativos em eventos históricos, como o pedido de anulação do casamento de Henrique VIII. Esses artefactos não apenas oferecem uma visão da história da Igreja, mas também lançam luz sobre eventos mais amplos da história mundial.
Acesso
Embora seja um tesouro histórico, o acesso ao Arquivo Apostólico do Vaticano é restrito, dada a sensibilidade e importância dos documentos contidos. No entanto, os pesquisadores qualificados têm a oportunidade de solicitar acesso para investigações académicas e históricas. Esta medida visa preservar a integridade dos documentos e garantir que sejam manuseados com o devido cuidado. Adjacente ao Museu do Vaticano, a entrada é através da Porta di S. Anna na Via di Porta Angelica.
Preservação e Conservação
A conservação dos documentos é uma prioridade fundamental do Arquivo Apostólico. A temperatura e a humidade são rigorosamente controladas para evitar danos causados pelo tempo. Esforços constantes são feitos para preservar digitalmente os documentos mais frágeis, permitindo um acesso mais amplo e, ao mesmo tempo, protegendo o conteúdo original.
Abertura dos arquivos
Normalmente, os documentos dos arquivos do Vaticano são disponibilizados ao público após um período de 75 anos. O Arquivo Apostólico do Vaticano ainda está alojado separadamente.
Em 1883, o Papa Leão XIII abriu os arquivos de 1815 ou anteriores para estudiosos não-clericais. O primeiro historiador leigo a fazer uso do Arquivo Apostólico, foi o historiador do Papado, Ludwig von Pastor. Documentos foram posteriormente disponibilizados em 1924 até ao final do pontificado de Gregório XVI a 1 de junho de 1846. Desde então, foram abertos os documentos do pontificado de Pio IX em 1966, do pontificado de Leão XIII em 1978 e sobre o pontificado de Pio X e Bento XV em 1985.
Em 20 de Fevereiro de 2002, o Papa João Paulo II tomou o extraordinário passo de tornar disponível, a partir de 2003, alguns dos documentos do Arquivo Histórico da Secretaria de Estado (Segunda Seção), que dizem respeito às relações do Vaticano com a Alemanha nazista durante o pontificado de Papa Pio XI (1922-1939). O Vaticano justificou a sua ação “para pôr fim à injusta e irrefletida especulação.” Em Junho de 2006, o Papa Bento XVI autorizou a abertura de todos os arquivos do Vaticano durante o pontificado do Papa Pio XI.
Conclusão
O Arquivo Apostólico do Vaticano permanece como um guardião inestimável da história da Igreja Católica. A sua coleção única e diversificada oferece uma janela para o passado, permitindo que pesquisadores e estudiosos explorem as complexidades da Igreja e a sua influência na história mundial. Como um tesouro histórico e cultural, o Arquivo Apostólico do Vaticano continua a ser uma fonte valiosa de conhecimento e compreensão do legado da Igreja Católica ao longo dos séculos.