São Longuinho, celebrado a 15 de março em várias tradições cristãs, é identificado pela tradição com o centurião romano que, segundo os Evangelhos, estava presente na crucifixão de Jesus e proclamou: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus” (Mc 15,39). A tradição cristã associa-lhe também o gesto de ter perfurado com uma lança o lado de Cristo crucificado, de onde jorraram sangue e água (Jo 19,34), sinal profundo do amor redentor de Jesus.
Conversão e martírio
Este centurião, cuja figura é envolta em piedosa tradição mais do que em documentação histórica concreta, ter-se-ia convertido ao cristianismo após testemunhar os sinais extraordinários na morte de Jesus. O seu nome, Longinus (ou Longuinho, na forma popular), surge na tradição cristã como símbolo do pagão que, tocado pela graça, se abre à fé.
Segundo relatos antigos, São Longuinho teria abandonado a carreira militar romana e dedicado a sua vida à pregação do Evangelho. Por causa da sua nova fé, teria sido perseguido, preso e, por fim, martirizado, provavelmente decapitado, por se recusar a renegar Cristo. A sua coragem e fé tornaram-no um símbolo de transformação e conversão radical.
Culto popular e devoção
O culto a São Longuinho espalhou-se pela Igreja, especialmente a partir da Idade Média. É venerado em várias partes do mundo, com particular destaque no Brasil e em alguns países da Europa. A ele são atribuídos inúmeros milagres e graças, sobretudo relacionados com objetos perdidos, sendo muito popular a invocação: “São Longuinho, São Longuinho, se me ajudar a encontrar [o objeto], dou três pulinhos”.
A origem desta devoção popular é incerta, mas pode estar associada à ideia de que São Longuinho ajuda a “ver o que está oculto”, recordando o seu papel ao reconhecer o Filho de Deus no momento da Cruz.
Em Portugal existe uma estátua de São Longuinho no Santuário do Bom Jesus do Monte, na cidade de Braga.
Um símbolo de reconhecimento e mudança
São Longuinho é símbolo daqueles que, mesmo alheios à fé, são tocados pelo testemunho de Cristo e se abrem à verdade do Evangelho. A sua história recorda que a graça de Deus pode tocar qualquer coração, mesmo nos lugares mais improváveis. A sua figura continua a inspirar fé, devoção e confiança na misericórdia divina.