A Ordem de Cristo é uma instituição que desempenhou um papel crucial na história de Portugal, sucedendo a Ordem dos Templários após sua supressão. Originalmente estabelecida como a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Ordem de Cristo teve um papel significativo na história do nosso país, especialmente durante a Era dos Descobrimentos.
Antecedentes e Criação
Nos séculos XII e XIII, a Ordem dos Templários ajudou os portugueses nas batalhas contra os muçulmanos, recebendo como recompensa extensos domínios e poder político. Os castelos, igrejas e povoados prosperaram sob a sua proteção. Em 1314, o papa Clemente V de origem francesa e Felipe IV de França, tentaram destruir completamente a ordem, tendo D. Dinis logrado transferir para a Ordem de Cristo as propriedades e privilégios dos Templários. A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII, sendo rei D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo.
A nova Ordem surgia, assim como uma reforma dos Templários. Tudo mudou, para ficar mais ou menos na mesma. O hábito era o mesmo, a insígnia também, com uma ligeira alteração, e os bens, transmitidos pelo monarca, correspondiam aos bens templários. A Ordem de Cristo foi criada para dar continuidade ao trabalho dos Templários em proteger os territórios cristãos na Península Ibérica e promover a fé católica. Ao longo dos séculos, a Ordem de Cristo desempenhou um papel importante na expansão marítima portuguesa, financiando e apoiando expedições de exploração e colonização. Muitos dos exploradores portugueses que navegaram para novas terras durante a Era dos Descobrimentos foram membros da Ordem de Cristo.
Símbolo
O símbolo da Ordem de Cristo é a Cruz de Cristo, que se tornou um dos mais reconhecíveis símbolos portugueses. A cruz é formada por uma cruz latina vermelha sobreposta por uma cruz grega branca, simbolizando a missão cristã de espalhar a fé e proteger os fiéis. O emblema da ordem adornava as velas das Caravelas e Naus que exploravam os mares desconhecidos.
Reformas
Ao longo dos séculos, a Ordem de Cristo passou por várias reformas e mudanças, adaptando-se às necessidades políticas e sociais da época. Uma das reformas mais significativas ocorreu no século XVIII, quando a ordem foi secularizada e as suas propriedades foram confiscadas pela coroa portuguesa.
Extinção e Atualidade
A Ordem de Cristo foi oficialmente extinta em 1834, durante o processo de liberalização em Portugal. D. Maria II constituiu-a em ordem honorífica. Apesar de extinta pelo Decreto de 15 de Outubro de 1910, juntamente com as “antigas ordens nobiliárquicas”, a mesma foi restabelecida pelo Decreto de 1 de Dezembro de 1918, ficando então “destinada a premiar os serviços relevantes de nacionais ou estrangeiros prestados ao país ou à humanidade, tanto militares como civis”. De acordo com a legislação portuguesa de 1962 e na de 1986, a Ordem Militar de Cristo continuou associada ao exercício de funções de soberania e, em especial, à diplomacia, à magistratura e à Administração Pública. Na legislação de 2011, voltou-se à referência mais genérica ao “exercício das funções de soberania”. Ao longo do século XX foram agraciados com a Ordem Militar de Cristo os titulares dos mais altos cargos da nação portuguesa.
Relevância Atual
Embora não mais uma ordem religiosa ou militar ativa, a Ordem de Cristo continua a ser uma parte importante da identidade nacional de Portugal. A sua história e legado são celebrados e preservados através de eventos culturais, museus e monumentos em todo o país. Em suma, a Ordem de Cristo desempenhou um papel fundamental na história de Portugal e na expansão marítima durante a Era dos Descobrimentos. O seu símbolo, viagens marítimas, reformas e legado continuam a influenciar a cultura portuguesa e a identidade nacional até os dias de hoje.