Irmã Lúcia, um dos três pastorinhos de Fátima, reconhecida como Venerável

Na manhã da passada quinta-feira, dia 21 de Junho, o Papa Francisco recebeu o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, e autorizou a promulgação do Decreto que reconhece as virtudes heroicas de Irmã Lúcia. Deste modo, a guardiã do “terceiro segredo de Fátima” torna-se Venerável juntamente com outros quatro Servos de Deus, entre os quais o salesiano brasileiro António de Almeida Lustosa, arcebispo de Fortaleza.

A guardiã do “Terceiro segredo”

Nascida em Aljustrel a 28 de Março de 1907, a Irmã Lúcia esteve presente numa série de aparições da Virgem Maria em 1917 na Cova da Iria, em Fátima, junto com os seus dois primos Francisco e Jacinta Marto. Após a morte prematura dos seus primos, que faleceram alguns anos depois devido à gripe espanhola, a Irmã Lúcia permaneceu como a única guardiã da mensagem que lhe foi confiada por Nossa Senhora, que ela transcreveu, a pedido do bispo de Leiria, José Alves Correia da Sílvia, em quatro documentos entre 1935 e 1941. Outro escrito, datado de 1944, continha a terceira parte do segredo de Fátima, o chamado “terceiro segredo”, e foi enviado a Roma, aberto pela primeira vez em 1960 e não revelado por São João XXIII e São Paulo VI. Foi São João Paulo II – particularmente devoto de Nossa Senhora de Fátima – que tornou o segredo conhecido no ano 2000.

Excepcionalidade e normalidade

A Irmã Lúcia viveu com empenho a custódia da mensagem mariana durante toda a sua longa vida, primeiro no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, depois como carmelita em Coimbra. A distinção entre a sua vida e as aparições, diz o decreto, “é difícil também porque muitos doa seus sofrimentos tiveram que ser atribuídos às aparições: ela sempre foi mantida escondida, protegida, guardada. Pode-se ver em toda a sua vida a dificuldade de manter juntas a excepcionalidade dos eventos dos quais ela foi espectadora e a ordinariedade da uma vida monástica como a do Carmelo”. A 13 de Maio de 1967, a Irmã Lúcia foi a Fátima para encontrar-se com São Paulo VI. Ela fez o mesmo com São João Paulo II a 13 de Maio de 1982, quando o Pontífice ofereceu a Nossa Senhora uma das balas da tentativa de assassinato contra ele no ano anterior, e depois novamente a 13 de Maio de 1991 e 13 de Maio de 2000. Após a morte da Irmã Lúcia, o Papa Bento XVI também visitou Fátima em 2010 e o Papa Francisco em 2017.

Vida Religiosa

O seu percurso como Religiosa Doroteia foi maioritariamente vivido em Espanha, onde teve as duas aparições que completam o ciclo da mensagem de Fátima, com os pedidos da Devoção dos Primeiros Sábados (1925), em Pontevedra, e da Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria (1929), em Tuy. Desejando uma vida de maior recolhimento para responder à mensagem que a Nossa Senhora lhe tinha confiado, entrou no Carmelo de Coimbra em 1948, onde se entregou mais profundamente à oração e ao sacrifício e tomou o nome de irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.

Morreu a 13 de Fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade, depois várias décadas vividas em clausura no Carmelo de Coimbra. Actualmente, os restos mortais encontram-se sepultados na basílica de Nossa Senhora do Rosário, no santuário de Fátima, desde o dia 19 de Fevereiro de 2006.

Beatificação

O processo de beatificação e canonização de Lúcia teve início em 2008, apenas três anos após a sua morte. Na altura, o Papa Bento XVI dispensou o período de espera de cinco anos determinado pelo Direito Canónico. Esta promulgação como Venerável é mais uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade. Para a beatificação, é agora necessária a aprovação de um milagre atribuído à intercessão da religiosa carmelita.

Partilha esta publicação:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *