Santos Lourenço Ruiz e Companheiros, mártires

Os Santos Lourenço Ruiz e Companheiros são mártires que testemunharam a fé cristã até ao derradeiro sacrifício, sendo os primeiros santos canonizados originários das Filipinas. A sua história é um poderoso testemunho de coragem, fidelidade e amor a Cristo, mesmo em face de perseguições cruéis.

Contexto histórico

Durante os séculos XVI e XVII, o Cristianismo foi levado ao Extremo Oriente por missionários, principalmente jesuítas e dominicanos. No entanto, o Japão, após um breve período de abertura à fé cristã, tornou-se hostil à presença cristã, vendo-a como uma ameaça à ordem política e cultural. Perseguições severas foram lançadas contra cristãos, tanto locais como estrangeiros.

Foi nesse contexto que Lourenço Ruiz e os seus companheiros enfrentaram o martírio, ao recusarem renegar a sua fé em Jesus Cristo.

Quem foi São Lourenço Ruiz?

São Lourenço Ruiz nasceu por volta de 1600 em Binondo, Manila, de pai chinês e mãe filipina. Era catequista, casado e pai de três filhos. Trabalhou como escriba para os dominicanos e estava profundamente envolvido na vida da Igreja. Quando foi acusado injustamente de um crime e perseguido pelas autoridades coloniais, decidiu juntar-se a um grupo de missionários dominicanos que partia para o Japão, em missão evangelizadora.

Lourenço não era religioso nem missionário ordenado, mas o seu desejo de servir e a sua fé viva fizeram dele um verdadeiro discípulo de Cristo.

A missão e o martírio no Japão

Em 1636, Lourenço Ruiz chegou a Okinawa com os missionários dominicanos. No entanto, rapidamente foram capturados pelas autoridades japonesas e levados para Nagasaki, onde já decorria uma perseguição violenta contra os cristãos. Durante dois anos foram interrogados, presos e submetidos a torturas.

Os mártires foram instados repetidamente a renegar a fé cristã em troca da vida. Lourenço Ruiz, mesmo diante das mais terríveis torturas, respondeu com firmeza: “Sou cristão, e por isso estou pronto a morrer. Se tivesse mil vidas, todas as daria por Cristo.”

No dia 29 de setembro de 1637, Lourenço Ruiz e os seus companheiros foram martirizados no chamado “Monte dos Mártires” de Nishizaka, Nagasaki. Foram submetidos a torturas brutais, incluindo a chamada “tsurushi”, uma forma de crucificação invertida. Morreram com os nomes de Cristo nos lábios e profunda paz no coração.

Os companheiros mártires

Os companheiros de Lourenço incluíam missionários espanhóis, italianos, japoneses e vietnamitas, pertencentes às ordens dos dominicanos e dos agostinianos. Entre eles estavam:

  • Santo António González
  • Santo Guilherme Courtet
  • Santo Miguel de Aozaraza
  • São Vicente Shiwozuka de la Cruz
  • São Domingo Ibáñez de Erquicia

Estes homens, unidos por um amor ardente a Cristo, partilharam o mesmo destino de martírio, formando um grupo de testemunhas fiéis até ao fim.

Canonização e culto

O Papa São João Paulo II canonizou Lourenço Ruiz e os seus quinze companheiros no dia 18 de outubro de 1987, em Roma. Foi a primeira canonização de um santo filipino e também a primeira realizada fora do Vaticano, o que sublinhou o valor missionário e universal da sua vida.

A festa litúrgica dos mártires celebra-se a 28 de setembro. São venerados especialmente nas Filipinas e no Japão, onde a sua memória permanece viva como exemplo de fidelidade e coragem.

Mensagem espiritual

Os Santos Lourenço Ruiz e Companheiros ensinam que a fé em Cristo vale mais do que a própria vida. O seu testemunho é um apelo à firmeza e à alegria no seguimento de Jesus, mesmo quando isso implica sofrimento ou rejeição.

Num mundo em que muitas vezes se procura evitar o sacrifício, os mártires lembram-nos que a verdadeira liberdade encontra-se na fidelidade ao amor e à verdade de Cristo. A sua história inspira cristãos de todas as idades e culturas a viverem com autenticidade e valentia.

Conclusão

Santos Lourenço Ruiz e Companheiros são faróis de luz na história da Igreja. Com origens diferentes, mas unidos pela mesma fé, ofereceram as suas vidas por amor a Cristo e à missão evangelizadora. A sua memória desafia-nos a viver com integridade, a amar até ao fim e a confiar que, mesmo na dor, a fidelidade dá fruto abundante.

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