Dons do Espírito Santo são diversos dons concedidos aos cristãos, concedendo-lhes determinadas graças para além das suas aptidões naturais e dando-lhes a oportunidade de se tornarem instrumentos especiais de Deus neste mundo, para se fortalecerem junto da Igreja e a ajudar a edificá-la.
O Espírito Santo, prometido por Jesus aos discípulos, está presente no Novo Testamento em três palavras: dynamis (omnipotência de Deus), energeia (poder efectivo), e pneuma (sopro vivo). No Espírito Santo é-nos dada a plenitude da graça. O discurso bíblico sobre os “Sete Dons do Espírito Santo” especifica quais dons podem e realmente tornam-se visíveis e possíveis em cada crente, através do Espírito Santo. Fala-se de charisma ou carisma (grego antigo = dom cedido por bondade).
Sete Dons
O profeta Isaías enumera sete dons admiráveis do Espírito Santo ao chamar-Lhe “Espírito da sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus” ( Is 11, 2s). Simbolizam a plenitude de Vida a que o Espírito nos conduz por puro dom e pertencem em plenitude a Cristo. São sete, considerado o número da perfeição.
Sabedoria
Em Jo 4:1 é dito: “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo.” O dom da sabedoria revela-nos o diagnóstico, a causa, a raiz do problema. Leva-nos a distinguir entre o que é essencial e o que não é, entre o que realmente importa e o que é meramente secundário. É a capacidade singela de ver ou intuir o bom, o belo e o verdadeiro a partir da referência do Absoluto, não do relativo. É o dom de perceber o certo e o errado, o que favorece e o que prejudica o projecto de Deus.
Entendimento
É o dom de entender os sinais da presença de Deus nas situações humanas, nos conflitos sociais, nas lutas políticas. É o Dom Divino que nos ilumina para aceitar as verdades reveladas por Deus. Através deste dom, o Espírito Santo, que “penetra as profundidades de Deus”, comunica ao crente uma centelha dessa capacidade penetrante que lhe abre o coração à gozosa percepção do desígnio amoroso de Deus. Não se trata de uma inteligência humana apenas, pelo contrário é a graça que só o Espírito Santo pode infundir e suscitar no coração do cristão, que leva a ir além das realidades externas e perscrutar as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação cristã.
Conselho
É o dom de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar e escutar, de animar a fé e a esperança da comunidade. Só assim orientamos bem a nossa vida e a de quem pede um conselho. É o dom que permite à alma o recto discernimento sobre como responder às circunstâncias da existência, tanto no tocante às próprias decisões quanto na hora de orientar os homens a trilharem o caminho do bem. Permite-nos assim descobrir os ardis dos inimigos e conduzir-nos sãos e salvos por todos os perigos. Segundo ensina o Papa Francisco, o dom do conselho torna os católicos capazes de fazer a escolha certa no dia-a-dia seguindo a lógica de Jesus e do seu evangelho. É-nos dado para iluminar a consciência nas opções morais que a vida diariamente impõe.
Fortaleza
É o dom de resistir às seduções da sociedade capitalista, de ser coerente com o Evangelho, de enfrentar riscos na luta por justiça, de não temer o martírio. A fortaleza é uma das quatro virtudes cardeais sobre as quais se apoia todo o edifício da vida moral: a fortaleza é a virtude de quem cumpre o seu dever sem olhar a (outros) compromissos. Surge para animar-nos a enfrentar as oposições mundanas, a não cair nas tentações e armadilhas do demónio. Com o dom da fortaleza, Deus dá-nos a coragem necessária para a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência, perseverança, coragem e silencio. Assim como dá-nos forças, além das naturais e firmeza de carácter, para suportarmos as perseguições e tribulações decorrentes do nosso testemunho cristão, rejeitado e combatido pelo mundo.
Ciência
É o dom de saber interpretar a Palavra de Deus, de explicar o Evangelho e a doutrina da Igreja, de fazer avançar a teologia, de traduzir em palavras o que se vive na prática. Por meio desse dom o espírito de Deus faz com que nos tornemos capazes de olhar o nosso mundo a partir de um novo olhar, a partir de um novo ponto de vista, com o olhar de Deus, ou seja, é um dom através do qual o Senhor faz com que o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende. Permite ao homem perceber e sentir, através da natureza e dos acontecimentos do dia-a-dia a presença e a linguagem de Deus. Quem possui o dom da ciência consegue louvar a Deus, olhando para a grandiosidade do cosmos e para as belezas naturais, para a beleza de um jardim, das montanhas, da água do mar, do céu azul, das estrelas. Através da natureza, a alma lê e louva o seu Deus, agradecendo-Lhe enquanto observa uma linda flor. Em vez de ficar fixo apenas na beleza da flor, louva o autor da criação, louva o Criador. Tudo isto suscita um grandioso enlevo e um profundo sentido de gratidão: tudo aquilo que temos e somos é um dom inestimável de Deus e um sinal do seu amor infinito pela humanidade.
Piedade
É o dom de estar sempre aberto à vontade de Deus, procurando agir como Jesus agiria e identificando no próximo o rosto do Cristo. É o Dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. É a graça de Deus, que é própria das pessoas humildes de coração, que proporciona o relacionamento filial e profundo com Deus, mediante a oração e as práticas piedosas ensinadas pela Igreja. O cristão piedoso consegue sempre ver os outros como filhos do mesmo pai, chamados a tomar parte na família de Deus que é a Igreja. Por isto, sente-se impelido a tratá-los com a gentileza e amabilidade próprias de uma genuína relação fraterna. Acresce que o dom da piedade extingue no coração os focos de tensão e de divisão como a amargura, a cólera, a impaciência e alimenta-o com sentimentos de compreensão, tolerância e perdão. Através deste, o Espírito cura o nosso coração de todo o tipo de dureza e abre-o à ternura para com Deus e com os Irmãos.
Temor a Deus
É o dom da prudência e da humildade, de saber reconhecer os próprios limites, de não pedir ou esperar de Deus que ele faça a nossa vontade. O nome deste dom pode causar estranheza e confusão, pois muitos o entendem em sentido negativo, como se devêssemos ter medo de Deus. No entanto, esse temor não significa medo irracional mas sim sentido de responsabilidade e de fidelidade à Sua lei. Na verdade, trata-se do dom divino que nos leva a “temer” por Deus no sentido de não querer que Ele seja desprezado e deixado de lado, nem pelos outros, nem por nós mesmos. É ele que nos ajuda, assim, a evitar tudo o que nos afasta d’Ele – ou seja, o pecado; e não por medo de castigo, mas pela justa consciência de que, ao nos afastarmos d’Ele, nós próprios O perdemos voluntariamente. Deste santo e justo temor, conjugado na alma com o amor a Deus, depende toda a prática das virtudes cristãs.
Está ligado à virtude da humildade, que nos faz conhecer nossa miséria, impede a presunção e a vã glória. Ele se liga também à virtude da temperança; combate a concupiscência e os impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar a Deus. É a consciência de que Deus é maior que os simples humanos e que não pertence ao mundo das coisas pequenas e passageiras em que muitas vezes o querem prender. Leva-nos a amar Deus tão profundamente que tenhamos receio de ofendê-Lo, fazendo temer mais o desagradá-lO do que qualquer outro mal. O homem temente a Deus coloca a vontade de Deus sobre todos seus planos particulares; ele faz de tudo para viver conforme os Mandamentos de Deus e não os transgredir. O temor de Deus é um grande dom pois faz com que o homem faça tudo para não perder a graça de Deus, o Seu amor e a Sua presença. Por isso, o temor de Deus é o princípio da sabedoria.
Fonte: Wikipédia, YouCat