Num anúncio histórico, o Papa Leão XIV confirmou o parecer dos cardeais e bispos membros do Dicastério das causas dos Santos para conferir ao cardeal inglês São John Henry Newman o título de Doutor da Igreja, reconhecendo desta forma o profundo impacto teológico e espiritual da sua obra para toda a Igreja Católica.
A decisão foi anunciada pela Santa Sé, após uma audiência de Leão XIV ao cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos.
“O Santo Padre confirmou o parecer favorável da sessão plenária dos cardeais e bispos, membros do Dicastério para as Causas dos Santos, sobre o título de doutor da Igreja universal que será em breve conferido a São John Henry Newman, cardeal da Santa Igreja Romana”, indica o comunicado.
O título de Doutor da Igreja é concedido pelo Papa àqueles santos que se destacaram por notável santidade de vida, profunda sabedoria teológica ou espiritual e relevância duradoura para a vida da Igreja universal.
Um título raro e altamente significativo
O título de Doutor da Igreja é um dos mais altos reconhecimentos conferidos pela Igreja a um santo ou santa cuja vida e escritos ofereceram contribuições notáveis à teologia e à doutrina católica. Com a proclamação de Newman, o número de Doutores da Igreja chega aos 38, entre os quais quatro mulheres.
Uma trajetória marcada pela procura da verdade
Nascido em Londres em 1801, John Henry Newman foi inicialmente pastor anglicano e professor em Oxford. A sua conversão ao catolicismo em 1845 foi um dos acontecimentos religiosos mais marcantes do século XIX na Inglaterra, onde o catolicismo ainda era alvo de forte resistência. Mais tarde, foi ordenado sacerdote católico e tornou-se cardeal em 1879.
Newman é especialmente conhecido pela sua obra teológica, filosófica e espiritual, marcada por temas como o desenvolvimento da doutrina, a relação entre fé e razão, e o papel da consciência pessoal na vida cristã. Os seus escritos influenciaram profundamente o Concílio Vaticano II, especialmente no que diz respeito à missão dos leigos e à compreensão da Igreja como uma realidade viva e dinâmica.
Famoso pelo o seu apostolado “no campo da inteligência”, as suas obras completas, reunidas em 37 volumes, versam sobre os mais variados assuntos, como teologia, filosofia, literatura, história e espiritualidade. Os arquivos do Oratório conservam cerca de 70 mil cartas que escreveu.
A sua autobiografia espiritual “Apologia pro vita sua” (1864) é vista por muitos como a maior obra do género desde as “Confissões”, de Santo Agostinho.
Beatificação, canonização e agora Doutor da Igreja
Beatificado por Bento XVI em 2010, durante uma visita ao Reino Unido, Newman foi canonizado por Papa Francisco em outubro de 2019. Agora, ao receber o título de Doutor da Igreja, ele é colocado ao lado de gigantes como Santo Agostinho, Santa Teresa de Ávila, São Tomás de Aquino e Santa Hildegarda de Bingen.
Com a inclusão de São John Henry Newman, os fiéis agora têm mais uma grande referência de santidade, intelectualidade e testemunho no caminho da fé.
