Neste dia, em 1842, ocorria a aparição de Nossa Senhora em Roma

A história da aparição de Nossa Senhora a Maria Afonso (Alphonse) Ratisbonne é um dos episódios mais impressionantes do século XIX, testemunhando o poder da intercessão mariana e a força da Medalha Milagrosa. Aconteceu em Roma, no dia 20 de janeiro de 1842, e resultou na surpreendente conversão de um jovem banqueiro judeu, até então declarado inimigo do cristianismo e, em especial, da Igreja Católica.

Quem era Afonso Ratisbonne?

Afonso nasceu em Estrasburgo, França, em 1 de maio de 1814, numa família judaica influente. Era inteligente, culto e tinha uma posição social privilegiada. Apesar disso, nutria um profundo desprezo pelo cristianismo. Seu irmão mais velho, Théodore Ratisbonne, já se tinha convertido ao catolicismo e, mais tarde, seria ordenado sacerdote. Essa conversão familiar aumentava ainda mais a hostilidade de Afonso em relação à fé cristã.

Em 1842, com apenas 27 anos, encontrava-se em viagem pela Itália, preparando o casamento e o futuro profissional no mundo financeiro.

O encontro com a Medalha Milagrosa

Em Roma, Afonso encontrou-se com um amigo católico, o barão Théodore de Bussières, que, sabendo da sua rejeição ao cristianismo, fez-lhe um desafio: usar a Medalha Milagrosa revelada a Santa Catarina Labouré em 1830 e rezar a oração “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

De forma irónica, e apenas para não desagradar ao amigo, Afonso aceitou levar a medalha ao peito, sem acreditar minimamente no seu poder.

A aparição de Nossa Senhora em Roma

No dia 20 de janeiro de 1842, enquanto acompanhava o barão numa visita à igreja de Sant’Andrea delle Fratte, em Roma, deu-se o inesperado:

Afonso entrou na capela lateral e, de repente, foi envolvido por uma intensa luz sobrenatural. Diante dos seus olhos, apareceu a Virgem Maria, tal como estava representada na Medalha Milagrosa: de pé, vestida de branco, com um manto azul, os braços estendidos e dos quais irradiavam feixes de luz.

Profundamente tocado, Afonso caiu de joelhos e, num instante, recebeu a fé católica de forma plena, experimentando uma convicção interior absoluta da presença de Deus e da verdade do Evangelho.

Ele mesmo testemunharia mais tarde:

“Não vi nada além dela, mas bastava. Compreendi toda a enormidade da minha miséria, a beleza da fé, a grandeza da graça.”

Conversão e batismo

Afonso Ratisbonne converteu-se imediatamente e, após catequese intensiva, foi batizado em 31 de janeiro de 1842, apenas onze dias depois da aparição.

Mais tarde, renunciou à carreira financeira e ao casamento, tornando-se sacerdote jesuíta e missionário. Com o seu irmão Théodore, fundou a Congregação de Nossa Senhora de Sion, dedicada à evangelização e à aproximação entre cristãos e judeus.

Linha de tempo dos acontecimentos

  • 1 de maio de 1814 – Nascimento de Afonso Ratisbonne em Estrasburgo, França.
  • 1830 – Nossa Senhora aparece a Santa Catarina Labouré em Paris, revelando a Medalha Milagrosa.
  • 1842 – Em viagem a Roma, Afonso recebe a Medalha Milagrosa do barão de Bussières.
  • 20 de janeiro de 1842 – Aparição de Nossa Senhora na igreja de Sant’Andrea delle Fratte e conversão súbita de Afonso.
  • 31 de janeiro de 1842 – Batismo de Afonso Ratisbonne em Roma.
  • 1848 – Ordenação sacerdotal.
  • 1852 – Fundação da Congregação de Nossa Senhora de Sion, em Paris.
  • 6 de maio de 1884 – Morte de Afonso Ratisbonne em Ein Karem, Jerusalém, onde tinha fundado obras missionárias.

Significado espiritual

O caso de Afonso Ratisbonne tornou-se um dos mais conhecidos milagres da Medalha Milagrosa. A sua conversão repentina, passando de um declarado opositor a sacerdote católico, foi interpretada pela Igreja como sinal claro da ação da Virgem Maria na história.

Além disso, a sua vida missionária e a fundação da Congregação de Nossa Senhora de Sion mostraram que a aparição não foi apenas um facto isolado, mas o início de uma grande obra para a evangelização e reconciliação entre judeus e cristãos.

Conclusão

A conversão de Afonso Ratisbonne em Roma recorda-nos que ninguém está fora do alcance da graça de Deus. Nossa Senhora, aparecendo-lhe de forma tão direta e maternal, mostrou o poder da sua intercessão e o cumprimento da promessa feita a Santa Catarina Labouré: aqueles que usarem a Medalha Milagrosa com fé receberão abundantes graças.

A história de Ratisbonne continua a ser um convite para confiar na Virgem Maria e deixar-se transformar pela sua presença que sempre conduz a Cristo.

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