Maria, a mãe de Jesus, é uma figura central na fé cristã e na teologia católica. Venerada como a “Mãe de Deus” (Theotokos) e reconhecida pela sua pureza, obediência e fé, Maria desempenha um papel vital na história da salvação. Este artigo explora a vida de Maria em detalhes, desde o seu nascimento e pais, passando pelos eventos da Anunciação e Visitação, até à sua participação no ministério de Jesus, presença na crucificação e Pentecostes, e finalmente a sua Assunção ao céu.
Nascimento de Maria
A tradição cristã, especialmente baseada em textos apócrifos como o Protoevangelho de Tiago, atribui o nascimento de Maria a um casal piedoso, São Joaquim e Santa Ana. De acordo com esta tradição, Joaquim e Ana eram um casal sem filhos que, já em idade avançada, receberam a promessa divina de que teriam uma criança. Em resposta a essa promessa, eles consagraram Maria a Deus desde o seu nascimento, dedicando-a ao serviço do Senhor no Templo de Jerusalém.
Embora os evangelhos canónicos não detalhem o nascimento de Maria, a Igreja Católica celebra a Natividade de Nossa Senhora a 8 de setembro. Este evento é um reflexo da crença de que Maria foi escolhida desde o início para um papel especial no plano divino de salvação.
A Anunciação
A Anunciação é um dos eventos mais significativos da vida de Maria e é detalhado no Evangelho de Lucas (Lucas 1:26-38). Neste evento, o anjo Gabriel é enviado por Deus a Maria, que vivia em Nazaré, para anunciar que ela foi escolhida para ser a mãe de Jesus, o Filho de Deus. O diálogo entre Gabriel e Maria revela a humildade e a obediência de Maria “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo…” (Lucas 1:31-32).
Maria ficou um pouco confusa sobre como poderia ter um filho se ainda era virgem. Então o anjo Gabriel explicou que a criança seria gerada pelo Espírito Santo, não por meios naturais, porque a criança seria verdadeiramente o Filho de Deus. Como prova que aquilo que dizia era verdade, o anjo contou a Maria que a sua prima Isabel, que era estéril e idosa, também iria ter um filho em breve (Lucas 1:35-37). Maria, embora surpreendida pela mensagem, responde com total fé e submissão à vontade divina “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38).
Este “sim” de Maria, conhecido como o seu “Fiat”, é visto pela Igreja como um ato de total confiança e entrega a Deus, permitindo que o plano de salvação se realizasse.
Visita à prima Isabel
Logo após a Anunciação, Maria visita sua prima Isabel, que estava grávida de João Batista. Este evento é conhecido como a Visitação e é também registrado no Evangelho de Lucas (Lucas 1:39-56). Ao ouvir a saudação de Maria, Isabel é preenchida pelo Espírito Santo e exclama “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lucas 1:42).
Em resposta, Maria pronuncia o Magnificat, um cântico de louvor que expressa a sua alegria e gratidão a Deus por tê-la escolhido para um papel tão significativo na história da salvação (Lucas 1:46-55). O Magnificat é uma das mais belas orações de louvor na tradição cristã, refletindo a humildade e fé de Maria.
Nascimento de Jesus
O nascimento de Jesus é relatado em detalhe nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Maria e José, seu esposo, viajaram para Belém para um recenseamento decretado pelo imperador César Augusto. Enquanto estavam lá, chegou o momento de Maria dar à luz. Jesus nasceu num estábulo, pois não havia lugar na estalagem, e foi colocado numa manjedoura (Lucas 2:1-7). Este evento humilde e simples simboliza a encarnação de Deus em forma humana, num gesto de amor e solidariedade com a humanidade.
Os pastores, guiados por um anjo, foram os primeiros a adorar Jesus, seguidos pelos Magos do Oriente, que vieram seguindo uma estrela. Estes eventos confirmaram as profecias sobre o nascimento do Messias e destacaram o papel de Maria como a mãe do Salvador.
Depois disso, Maria e José dedicaram o seu filho a Deus no templo, como era costume entre os judeus. Lá, eles receberam profecias sobre como o menino iria mudar o mundo. Maria guardou todos esses acontecimentos no seu coração e refletiu sobre eles (Lucas 2:19). Depois de uma visita de magos do Oriente, Maria e José tiveram de fugir com o filho para o Egito, porque o rei Herodes queria matar o menino. Eles ficaram algum tempo no Egito, depois voltaram e moraram em Nazaré, onde Jesus cresceu.
Maria perde o filho em Jerusalém
Todos os anos, Maria e José iam para Jerusalém com outros parentes para celebrarem a Páscoa. Quando Jesus fez 12 anos, ele também foi com eles. Quando a festa terminou, os pais começaram a viagem para casa, mas não repararam que Jesus não estava com eles. Certamente, o menino estaria com algum dos seus primos. Mas, ao fim de um dia de caminhada, não encontraram o filho. Maria e José voltaram para Jerusalém e procuraram Jesus por três dias. Por fim encontraram-no no templo, conversando com os professores que explicavam as Escrituras (Lucas 2:46-47). Ela e José tinham ficado muito aflitos e preocupados com ele. Jesus explicou que o templo era a casa do seu Pai, mas Maria e José não entenderam do que ele estava a falar (Lucas 2:48-50). No fim, tudo acabou bem e Jesus não deu mais trabalho a seus pais. Mas esse acontecimento também ficou gravado no coração de Maria.
Acompanhamento no Ministério de Jesus
Embora Maria não esteja constantemente presente nos relatos dos Evangelhos sobre o ministério público de Jesus, ela aparece em momentos cruciais. Um desses momentos é nas Bodas de Canã, onde Maria desempenha um papel essencial no primeiro milagre de Jesus (João 2:1-11). Ao informar Jesus de que o vinho havia acabado, e ao instruir os servos a “fazer tudo o que ele vos disser”, Maria demonstra a sua confiança no poder de Jesus e na sua intercessão materna.
Maria também é mencionada quando Jesus, ao ensinar, é interrompido pela chegada da sua mãe e irmãos (Mateus 12:46-50). Neste episódio, Jesus aproveita a oportunidade para expandir o conceito de família para incluir todos aqueles que fazem a vontade de Deus, mas isso de forma alguma diminui o papel de Maria em sua vida.
Crucificação
Maria esteve presente na crucificação de Jesus, um dos momentos mais dolorosos e significativos da sua vida. No Evangelho de João, vemos Maria aos pés da cruz junto com o “discípulo amado”, geralmente identificado como João. Durante este momento de extrema dor e sofrimento, Jesus confia Maria aos cuidados de João, dizendo: “Mulher, eis aí o teu filho“. E a João: “Eis aí a tua mãe” (João 19:26-27). Este gesto não é apenas um cuidado filial, mas é visto pela Igreja como a entrega de Maria como mãe a todos os seguidores de Cristo. Ela torna-se, assim, a Mãe da Igreja, representando o cuidado maternal de Deus por todos os cristãos.
Pentecostes
Após a ressurreição de Jesus e antes da sua ascensão, Maria é mencionada entre os discípulos que estavam em oração no cenáculo, esperando a vinda do Espírito Santo (Atos 1:14). Este evento, conhecido como Pentecostes, marca o nascimento da Igreja e a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos. A presença de Maria aqui sublinha o seu papel contínuo na vida da Igreja primitiva e a sua função como Mãe espiritual de todos os crentes.
Depois disto, a Bíblia não nos conta mais nada sobre a vida de Maria.
Assunção ao Céu
A Assunção de Maria é um dogma da Igreja Católica que ensina que, ao final da sua vida terrena, Maria foi elevada em corpo e alma ao céu. Este evento não é explicitamente descrito na Bíblia, mas é uma tradição antiga que foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio XII em 1950. A Assunção reflete a crença na participação plena de Maria na ressurreição de Cristo e na sua antecipação da glória que todos os fiéis esperam receber.
Conclusão
Maria, mãe de Jesus, desempenha um papel essencial na história da salvação e na vida da Igreja. Desde o seu nascimento de pais piedosos, Joaquim e Ana, até à sua aceitação do papel de mãe do Salvador na Anunciação, sua fidelidade durante o ministério de Jesus, presença na crucificação e Pentecostes, e finalmente na sua Assunção ao céu, Maria é um modelo de fé, humildade e obediência a Deus. A Igreja Católica honra Maria não só como a mãe de Jesus, mas como a Mãe de todos os cristãos, uma intercessora poderosa e um exemplo de devoção e santidade.