Falta um mês para o Natal, por isso nada melhor do que começar os preparativos. A preparação para o Natal é um processo que vai além da simples organização de festas e presentes. Para o cristão, este período deve ser vivido como um tempo de renovação espiritual, em que o Advento desempenha um papel fundamental. Esta época oferece um convite à introspecção, à oração e à prática da caridade, preparando o coração para acolher verdadeiramente o nascimento de Jesus Cristo. A seguir, apresentamos algumas formas de como o cristão pode viver e preparar o Natal, com especial destaque para as tradições e práticas mais significativas.
A vivência do Advento
O Advento começa no próximo domingo, sendo composto por quatro semanas que antecedem o Natal. É um tempo de espera e esperança, marcado pela preparação espiritual e pela expectativa do nascimento de Jesus. Para viver o Advento de forma autêntica, é essencial que o cristão concentre-se em momentos de oração, reflexão e participação ativa na liturgia.
O início do Advento dá também o pontapé-de-saída para começar a tratar dos preparativos para o Natal, como a coroa do Advento, montar a árvore de Natal e as luzes, o presépio e pensar nas ações de caridade e solidariedade que podemos realizar nesta altura.
A Coroa do Advento
Como preparativo inicial, temos que criar a Coroa do Advento, que simboliza a passagem do tempo e a expectativa do nascimento de Cristo. Tradicionalmente, é feita com ramos verdes e adornada com quatro velas, acendendo-se uma a cada domingo. Cada vela tem um significado, refletindo a espiritualidade e o progresso da preparação para o Natal:
- Primeira vela (roxa): Representa a esperança e é acesa no primeiro domingo do Advento.
- Segunda vela (roxa): Simboliza a paz, acesa no segundo domingo.
- Terceira vela (rosa): Marcando o Domingo Gaudete (alegria), simboliza a alegria da proximidade da chegada do Messias.
- Quarta vela (roxa): Representa o amor, acesa no quarto domingo.
Em algumas tradições, uma quinta vela, de cor branca, é colocada no centro da coroa e acesa na noite de Natal. Conhecida como “vela de Cristo”, simboliza a pureza e a luz de Jesus.
A montagem da Árvore de Natal
O primeiro domingo do Advento é o momento certo para fazer a árvore de Natal. Embora seja uma tradição que inclui elementos culturais variados, tem um significado espiritual para os cristãos. Ela representa a vida eterna em Cristo, simbolizada pelo verde sempre-vivo.
A árvore de Natal é frequentemente associada a São Bonifácio, missionário do século VIII, que teria usado um pinheiro como símbolo da Santíssima Trindade para converter pagãos germânicos. A forma triangular e sempre-verde também evocam a eternidade de Deus e a esperança trazida pelo nascimento de Cristo. A árvore deve ser montada no início do Advento ou próximo ao dia 17 de dezembro (com início da novena de Natal). Pode ser acompanhada de uma oração pedindo a bênção de Deus para a família.
A árvore de Natal não deve ser montada toda de uma só vez, deve ir sendo feita ao longo do período do Advento. Por exemplo, primeiro coloca-se a gruta e depois os enfeites e os animais. Jesus, Maria e José só devem chegar à decoração o mais próximo possível do dia 25 de dezembro. E não esquecer que o presépio foi criado por São Francisco de Assis para simbolizar a humildade do menino Jesus, por isso, enfeites demasiados sofisticados devem ser evitados.
A decoração da árvore pode ser enriquecida com símbolos religiosos, como a colocação de uma estrela no topo, que representam a Estrela de Belém, luzes, que simbolizam Cristo, a luz do mundo, as bolas que originalmente representavam os frutos da árvore da vida e podem evocar as virtudes cristãs e anjos que lembram a proclamação do nascimento de Jesus aos pastores. Não esquecer a colocação do presépio sob a árvore, reforçando que o centro da celebração é o nascimento de Cristo.
Na tradição católica, a árvore permanece montada até a festa do Batismo do Senhor (domingo após a Epifania), que marca o fim do tempo do Natal.
A importância do Presépio
O presépio é uma das tradições mais emblemáticas e é uma forma de representar a humildade do nascimento de Jesus. Mais do que uma decoração, ele é um instrumento pedagógico e espiritual, que ajuda os fiéis a meditar sobre o mistério da Encarnação.
A origem do presépio remonta ao século XIII, com São Francisco de Assis. Em 1223, ele montou o primeiro presépio vivo em Greccio, Itália, para celebrar o Natal de forma mais próxima e tangível. Utilizando pessoas, animais e um cenário simples, São Francisco quis destacar a humildade do nascimento de Jesus e a importância da simplicidade e da adoração. A partir deste momento, o presépio tornou-se uma prática comum, sendo adaptado ao longo dos séculos em formas artísticas como esculturas, pinturas e miniaturas, representando o nascimento de Cristo em diversos estilos e culturas.
Cada peça do presépio tem um simbolismo que remete à narrativa evangélica e à espiritualidade cristã. Nele não devem faltar:
- Menino Jesus: O centro do presépio, simboliza a humildade de Deus ao se fazer homem.
- Maria e José: Representam a Sagrada Família, a obediência e o cuidado de Deus para com a humanidade.
- Manjedoura: O berço improvisado, símbolo da simplicidade e da rejeição aos bens materiais.
- Estrela de Belém: Representa a guia divina que levou os Magos até Jesus.
- Pastores e Animais: Mostram a simplicidade dos primeiros a reconhecerem o Salvador, destacando a criação como parte do plano divino.
- Reis Magos: Representam os povos do mundo que vêm adorar Cristo, trazendo presentes que simbolizam sua realeza, divindade e humanidade.
Ao montar o presépio em casa é preciso primeiro escolher o local, que deve ser um lugar de destaque no lar, como a sala ou um altar doméstico. Muitas famílias montam o presépio no início do Advento ou próximo ao Natal, sendo comum colocar o Menino Jesus apenas na noite de 24 de dezembro.
Práticas de Caridade e Solidariedade
Por fim, a preparação para o Natal inclui uma intensa vida de oração e reflexão bíblica, seja individualmente ou em família. Ler e meditar sobre as passagens dos Evangelhos que relatam a Anunciação, a visita de Maria a Isabel, e o nascimento de Jesus, são formas de manter o foco no verdadeiro sentido desta festa cristã.
A vivência da fé é ampliada através de encontros e atividades que promovem a solidariedade, como doações para os necessitados e a participação em obras de caridade, refletindo a mensagem central do Evangelho.
Conclusão
O Natal, para o cristão, deve ser mais do que uma celebração externa; é um momento de renovação espiritual, de acolhimento e amor. Preparar o Natal significa abrir o coração para que Cristo nasça em cada um de nós, reavivando a fé e a esperança. O Advento e as práticas que o acompanham são passos fundamentais para que a celebração natalícia seja vivida em plenitude e em comunhão com os ensinamentos de Jesus.