Em 1917, a pequena aldeia de Cova da Iria em Fátima tornou-se palco de eventos extraordinários que mudariam para sempre a vida de três crianças pastorinhas e impactariam profundamente o mundo inteiro. A ViaCrucis revela 10 curiosidades que talvez não conheças sobre o “altar do mundo”.
1. Nossa Senhora de Fátima não é padroeira de Portugal
É verdade, por mais estranho que possa parecer para muitos, Nossa Senhora de Fátima não é padroeira de Portugal, nem o dia 13 de maio é feriado. A padroeira de portuguesa, desde o século XVII, é Nossa Senhora da Conceição, proclamada a “verdadeira rainha de Portugal”.
2. Nossa Senhora de Fátima não é o nome “oficial”
Por falar em nomes, sobrenomes e títulos, o “de Fátima” refere-se mais ao lugar onde Nossa Senhora apareceu do que propriamente ao “nome real”. De acordo com os testemunhos da Irmã Lúcia, na última aparição, no dia 13 de outubro de 1917, Nossa Senhora teria-se revelado como “Nossa Senhora do Rosário”. Portanto, o seu “nome completo” é Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
3. Nossa Senhora revelou-se aos pastorinhos de formas diferentes
Nossa Senhora revelou-se às três crianças, os conhecidos “três pastorinhos”. No entanto, ela revelou-se a cada um de uma maneira diferente. Lúcia, a mais velha, podia ver, ouvir e falar com Nossa Senhora. Jacinta, a mais nova, podia vê-la e ouvi-la, mas não podia falar com ela. Já Francisco, o do meio, apenas podia ver Nossa Senhora.
4. A travessia de joelhos foi iniciada por Lúcia
Existe, no Santuário de Fátima, um percurso que milhares de peregrinos percorrem de joelhos, o Caminho do Peregrino, que vai do topo até à Capelinha das Aparições. O que poucas pessoas sabem é que a primeira pessoa a percorrer-lo foi a própria Lúcia. Como forma de agradecimento pela cura da mãe, que estava à beira da morte, a pequena pastorinha fez este percurso de joelhos, rezando o terço por nove dias. No nono dia, como tinha prometido, ofereceu um jantar às crianças famintas da região. Actualmente, o Caminho do Peregrino é revestido por mármore, mas quando Lúcia iniciou esta tradição, o chão era de pedra e irregular.
5. Irmã Lúcia escreveu o segredo de Fátima 18 anos depois das aparições
Entre 1935 e 1941, sob as ordens dos seus superiores, a Irmã Lúcia escreveu quatro memórias dos acontecimentos de Fátima. Na terceira memória, publicada em 1941, escreveu as duas primeiras partes do segredo e explicou que havia uma terceira parte que o céu ainda não lhe permitia revelar. Depois da publicação da terceira e quarta memória, o mundo colocou a atenção no segredo de Fátima e nas três partes da mensagem, inclusive no pedido da Virgem para que a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração através do Papa e dos bispos do mundo. No dia 31 de outubro de 1942, Pio XII consagrou não só a Rússia, mas também todo o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Em 1943, o Bispo de Leiria ordenou que Irmã Lúcia escrevesse o terceiro segredo de Fátima, mas ela não se sentia na liberdade de o fazer até 1944. Foi colocado num envelope fechado no qual a Irmã Lúcia escreveu que não deveria ser aberto até 1960.
6. A bala na coroa
A coroa que adorna a imagem de Nossa Senhora de Fátima tem uma “joia” ímpar: a bala que atingiu o papa João Paulo II. Em 1982, como forma de agradecimento, João Paulo II foi até Fátima, exatamente no dia 13 de maio, e ofereceu a bala a Nossa Senhora. Em 1989, o reitor do Santuário de Fátima, monsenhor Luciano Guerra, teve a ideia de colocar a capsula da bala na coroa de Nossa Senhora. Coincidente e providencialmente, havia um orifício na coroa de exatamente nove milímetros, o mesmo diâmetro da bala. Desta forma, bastou apenas encaixar a bala nesse local, como se já fizesse parte do adorno, sem precisar mexer na estrutura da coroa.
7. Atentados
A Capelinha das Aparições também foi vítima de atentados, mais concretamente de dois. O primeiro foi em 1922, quando foram colocadas quatro bombas na capelinha, que ficou extremamente danificada. Um quinta bomba estava nas raízes da azinheira que suportava a imagem de Nossa Senhora, mas não explodiu. Nesta ocasião, a zeladora da imagem guardava-a na sua casa todas as noites, tendo por isso salvo a imagem de qualquer dano. O segundo atentado aconteceu em 2016, quando um jovem de 24 anos atirou com o carro sobre a capelinha e tentou destruir a imagem, que escapou por estar protegida por um vidro blindado.
8. Réplicas da Capelinha das Aparições
O Santuário de Fátima tem conhecimento de oito réplicas autorizadas da Capelinha das Aparições espalhadas pelo mundo. No entanto, podem existir outras de uso particular. As conhecidas e autorizadas estão nos EUA, Porto Rico, Filipinas, Itália, Polónia, Chéquia e duas no Brasil.
9. Viagens da imagem de Nossa Senhora de Fátima
Como sabemos, a imagem de Nossa Senhora de Fátima apenas deixa a Capelinha das Aparições em ocasiões consideradas muito especiais. Desde que foi entronizada na Capelinha das Aparições em 1920, a imagem original de Nossa Senhora de Fátima apenas saiu da Capelinha 13 vezes, e para o estrangeiro foi apenas a Espanha e ao Vaticano, a este último por três vezes – em Março de 1984, a pedido do Papa João Paulo II quando fez a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em Outubro de 2000, para estar presente na Praça de São Pedro na consagração do novo milénio à Virgem Santíssima e em 12 e 13 de Outubro de 2013, como ícone na Jornada Mariana a pedido do Papa Francisco.
10. Rosas de Ouro e visitas papais
A importância do santuário foi enfatizada pela Santa Sé em 21 de novembro de 1964, quando o Papa Paulo VI, no encerramento da terceira sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, anunciou a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima. A Rosa de Ouro foi entregue pelo legado pontifício cardeal Fernando Cento a 13 de maio de 1965. Em 13 de maio de 1967 Paulo VI visitou o Santuário de Fátima, no cinquentenário da primeira aparição, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja. Para além de Paulo VI, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima foi visitado pelos Papas João Paulo II (1982, 1991 e 2000), Bento XVI (2010) e Francisco (2017 e 2023).
As aparições de Nossa Senhora de Fátima, como ficaram conhecidas, trouxeram mensagens de paz, amor e conversão, convidando a humanidade a um caminho de fé e esperança. Mais de um século após os acontecimentos em Fátima, a devoção à Mãe de Deus continua forte e vibrante, atraindo milhões de peregrinos ao Santuário mariano.