Santa Joana Francisca de Chantal, fundadora da Ordem da Visitação de Santa Maria

Santa Joana Francisca Frémiot de Chantal foi uma mulher de fé extraordinária, marcada por uma profunda vida espiritual e por uma grande capacidade de superação das dificuldades. Fundadora da Ordem da Visitação de Santa Maria, deixou um legado de santidade e serviço que atravessou os séculos. A sua vida foi entrelaçada com a de São Francisco de Sales, com quem partilhou uma profunda amizade espiritual.

Infância e juventude

Joana nasceu a 28 de janeiro de 1572, em Dijon, França, numa família nobre e cristã. Órfã de mãe desde os dezoito meses, foi educada com esmero pelo pai, o presidente do Parlamento da Borgonha. Cresceu numa atmosfera de fé, cultura e sensibilidade social. Desde cedo demonstrou uma inclinação para a vida espiritual, equilibrada com as responsabilidades da vida familiar.

Matrimónio e vida familiar

Aos 20 anos, Joana casou-se com Cristóvão de Rabutin, barão de Chantal. O casal teve seis filhos, dos quais quatro sobreviveram. Viveu um matrimónio feliz, dedicado à família e à vida cristã. Era uma senhora exemplar, conhecida pela caridade para com os pobres e pela administração cuidadosa dos bens da casa.

Em 1601, o seu marido morreu tragicamente num acidente de caça. Joana ficou viúva aos 28 anos, com quatro filhos pequenos para criar. O luto foi profundo, mas não desesperado. Durante este tempo difícil, aproximou-se ainda mais de Deus, procurando discernir a vontade divina para a sua vida.

Encontro com São Francisco de Sales

O momento decisivo da sua vida espiritual foi o encontro com São Francisco de Sales em 1604, em Dijon. Ele tornou-se seu diretor espiritual e amigo íntimo. Com a sua orientação, Joana foi aprofundando a vida interior, cultivando as virtudes da humildade, paciência e confiança na Providência. Esta relação foi marcada por uma profunda estima e colaboração espiritual.

Juntos sonharam com uma nova forma de vida religiosa feminina, acessível a mulheres que, por idade ou condição de saúde, não podiam viver a austeridade das ordens existentes.

Fundação da Ordem da Visitação

Em 1610, Joana fundou, em Annecy, a Ordem da Visitação de Santa Maria, com o apoio de São Francisco de Sales. Esta nova congregação propunha uma vida religiosa centrada na humildade, doçura e caridade, sem as exigências rigorosas das clausuras tradicionais. As irmãs deveriam viver em comunidade, acolhendo doentes e pessoas frágeis, e praticando a contemplação em meio à ação caritativa.

Ao contrário de outras ordens, a Visitação valorizava a acessibilidade e a misericórdia, inspirando-se no episódio bíblico da Visitação de Maria a Isabel. A fundadora passou a vida a visitar as comunidades e a formar as irmãs na espiritualidade salesiana.

Vida de oração e serviço

Santa Joana era uma mulher de profunda oração, mas também de grande equilíbrio prático. Enfrentou a perda de vários filhos, dificuldades na fundação dos conventos, incompreensões e doenças. Ainda assim, nunca deixou de confiar em Deus e de manter a alegria interior. Escreveu muitas cartas espirituais, nas quais partilhava os seus ensinamentos sobre a confiança, a entrega e o abandono à vontade divina.

Fundou 87 casas da Visitação antes de morrer, sempre mantendo o espírito de serviço e o desejo de fazer o bem.

Morte e canonização

Santa Joana Francisca de Chantal morreu no dia 13 de dezembro de 1641, em Moulins, rodeada pelas suas filhas espirituais. As suas últimas palavras foram: “Jesus!”. Foi beatificada em 1751 por Bento XIV e canonizada em 1767 pelo Papa Clemente XIII.

A sua festa litúrgica celebra-se a 12 de agosto.

Legado espiritual

Santa Joana Francisca é um modelo para todos os cristãos, especialmente para as mulheres viúvas e mães. A sua vida mostra que o sofrimento pode ser transformado em caminho de santidade. A sua união com São Francisco de Sales frutificou numa das congregações mais belas da Igreja, marcada pela ternura e pelo acolhimento.

A espiritualidade da Visitação continua viva, com comunidades presentes em vários continentes. O seu exemplo permanece atual: uma mulher forte, sensível, contemplativa na ação, e fiel à vontade de Deus em todas as circunstâncias.

Conclusão

Santa Joana Francisca de Chantal é uma das grandes figuras da santidade feminina na história da Igreja. A sua vida ensina-nos a não fugir das dores da vida, mas a integrá-las na fé, a transformar a perda em serviço e a viver com humildade e doçura. O seu caminho é um convite à confiança total na misericórdia de Deus e à entrega generosa à missão que cada um recebe.

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