Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina

Nossa Senhora de Luján é uma das invocações marianas mais queridas da América Latina, especialmente na Argentina, onde é venerada como Padroeira do país. A sua história mistura simplicidade, fé e um sinal considerado milagroso que transformou uma pequena imagem em símbolo nacional e espiritual de milhões de fiéis. A devoção ultrapassou as fronteiras argentinas e tocou o coração de pessoas em toda a América do Sul.

Origem da devoção: uma imagem que quis ficar

Tudo começou por volta de 1630, quando um devoto fazendeiro português, Antônio Farías de Sá, residente em Santiago del Estero (no norte da atual Argentina), desejou construir uma capela em honra a Nossa Senhora. Para isso, mandou vir de São Paulo, Brasil, duas pequenas imagens da Virgem Maria em terracota: uma representava a Imaculada Conceição e a outra, Nossa Senhora com o Menino Jesus.

As imagens seguiram viagem por carroça puxada por bois. Quando chegaram perto do rio Luján, algo misterioso aconteceu: a carroça simplesmente parou e os bois recusaram-se a mover-se, apesar dos esforços. Retiraram então a imagem da Imaculada Conceição da carga, e imediatamente os bois voltaram a andar — sinal interpretado como vontade divina de que a imagem ali permanecesse.

Um santuário simples que se tornou nacional

A imagem permaneceu na casa de um humilde camponês chamado Rosendo, que construiu um pequeno oratório para a Virgem. A sua fama de intercessora começou a espalhar-se, e muitos começaram a visitar o local. Anos depois, a imagem foi transferida para uma igreja maior, construída com a ajuda da comunidade.

Em 1887, a imagem foi coroada canonicamente, e o crescente número de peregrinos levou à construção da Basílica de Nossa Senhora de Luján, consagrada oficialmente em 1930, no 300.º aniversário da chegada da imagem.

A basílica e os peregrinos

A Basílica de Luján, construída em estilo neogótico, localiza-se a cerca de 70 km de Buenos Aires e é hoje um dos maiores centros de peregrinação da América Latina. Recebe milhões de fiéis todos os anos, sobretudo durante o mês de outubro, quando ocorre a grande Peregrinação Juvenil a Luján, que reúne milhares de jovens católicos em caminhada desde Buenos Aires.

Padroeira da Argentina e além

Em 1930, o Papa Pio XI proclamou oficialmente Nossa Senhora de Luján como Padroeira da Argentina. A devoção também se espalhou pelo Uruguai, Paraguai e Chile, e há comunidades de emigrantes argentinos na Europa e nos EUA que lhe prestam culto.

O Papa João Paulo II, ao visitar a Argentina em 1982, diante do conflito das Malvinas, consagrou o povo argentino a Nossa Senhora de Luján e pediu a sua intercessão pela paz.

Simbolismo e espiritualidade

A imagem de Nossa Senhora de Luján é pequena (38 cm de altura) e feita de terracota. Representa a Imaculada Conceição, com manto azul e túnica branca, coroada como Rainha. A sua simplicidade contrasta com o poder espiritual que exerce sobre o povo: é vista como protetora do lar, das crianças e da paz social.

A sua história simboliza a presença de Maria no quotidiano do povo simples, a sua proximidade com os marginalizados e a força da fé humilde que move montanhas.

Uma devoção viva

Hoje, Nossa Senhora de Luján continua a ser farol espiritual dos argentinos, presença constante em momentos difíceis — políticos, sociais ou pessoais. O seu santuário é local de reconciliação, de fé, de pedidos e agradecimentos. O Papa Francisco, argentino, tem demonstrado particular carinho por esta devoção e já ofereceu cópias da imagem a várias comunidades católicas pelo mundo.

Conclusão

A história de Nossa Senhora de Luján é um lembrete tocante de como a fé simples e o amor a Maria podem transformar um lugar numa nação inteira. A Mãe de Luján permanece como símbolo da presença maternal de Maria na história da América Latina, e o seu santuário continua a ser espaço de encontro com Deus, com os outros e com a esperança.

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