Nossa Senhora da Ortiga é uma invocação mariana profundamente enraizada na tradição católica portuguesa, especialmente venerada no concelho de Fátima. Esta devoção mariana possui uma história rica, acompanhada de festividades anuais que continuam a atrair inúmeros fiéis.
Origem e Lenda da Aparição
De acordo com a tradição, a Virgem Maria apareceu por volta do ano de 1758, no lugar onde atualmente se ergue o Santuário de Nossa Senhora da Ortiga, a uma pastorinha que andava a guardar o seu rebanho e a quem pediu uma ovelhinha. A menina, que era muda de nascença, sentiu a sua língua soltar-se e respondeu à Senhora que não Lhe daria a ovelha sem a permissão do pai que morava no Casal de Santa Maria. Então, a menina foi a correr para contar ao pai o pedido da Senhora, o qual se encheu de espanto e de alegria por ver a filha conseguir falar e logo lhe ordenou que fizesse tudo o que a Senhora pedisse.
A pastorinha regressou ao local da aparição para falar à Mãe de Deus que, em resposta, lhe pediu que fosse construída uma capela naquele lugar e onde prometeu que haveria de conceder muitas graças. Tendo ido o pai da menina ao local por esta indicado, encontrou uma imagem da Virgem Maria sobre uma pedra entre urtigas (ou ortigas) e que levou consigo para o Casal de Santa Maria, mas a imagem desapareceu dali para ser vista novamente no local original entre as urtigas.
Foi construída uma pequena capela no local da aparição de Nossa Senhora, a qual, depois, foi ampliada dando lugar a um santuário.
Santuário de Nossa Senhora da Ortiga
O Santuário de Nossa Senhora da Ortiga é um dos mais antigos santuários marianos de Portugal, precedendo até mesmo às aparições de Nossa Senhora de Fátima em 1917. O atual edifício do santuário remonta ao século XVIII, mas a devoção a Nossa Senhora da Ortiga tem raízes muito mais antigas. A capela original foi construída para abrigar a pequena imagem encontrada pelo pastor e, ao longo dos séculos, o santuário foi expandido e embelezado para acomodar o crescente número de peregrinos.
Indulgência Papal
Em 1801, o Papa Pio VII concedeu uma indulgência plenária (por ocasião do encerramento do atribulado Ano Jubilar de 1800) a todos os peregrinos que visitem o referido santuário mariano no primeiro Domingo de Julho e nos dois dias seguintes, sendo que os fiéis devem observar as condições prescritas: terem-se confessado previamente, terem recebido a Sagrada Comunhão (em estado de graça) e rezarem pelo Sumo Pontífice. Esta indulgência pode lucrar-se todos os anos.
Festa Litúrgica
A festa em honra de Nossa Senhora da Ortiga realiza-se, anualmente, no primeiro Domingo de Julho. Nesta data, e nos dois dias seguintes, a população da freguesia de Fátima, para além de cumprir algumas promessas e assistir às cerimónias religiosas, partilha uma refeição comunitária. Ainda hoje, a capela, que fica a dois quilómetros da igreja matriz de Fátima, recebe, em julho, centenas de pessoas em peregrinação.
Conclusão
Nossa Senhora da Ortiga é uma invocação mariana com uma história rica e uma devoção vibrante que perdura até os dias de hoje. O santuário dedicado a ela é um testemunho vivo da fé e da tradição católica, continuando a atrair e inspirar numerosos fiéis ao longo dos séculos. A sua história e as práticas devocionais associadas são um reflexo da profunda relação dos portugueses com a Virgem Maria, evidenciando a importância da fé mariana na vida espiritual e cultural de Portugal.