Neste dia, em 2025, o Papa Francisco participava no Encontro Mundial sobre os Direitos da Criança

A 3 de fevereiro de 2025, o Vaticano acolheu uma cimeira internacional de grande importância intitulada “Amemo-las e protejamo-las” (Love Them and Protect Them), dedicada aos direitos das crianças. Organizado pelo papa Francisco, o encontro contou com a presença de líderes políticos, figuras religiosas e personalidades internacionais de várias áreas, com o objetivo de sensibilizar sobre a situação precária de milhões de crianças no mundo e propor caminhos concretos para sua proteção e promoção.

Origem, organização e objetivos

O anúncio do evento foi feito em 20 de novembro de 2024, por ocasião do Dia Internacional dos Direitos da Criança, durante uma audiência geral na Praça de São Pedro. O Papa instituiu também o Comité Pontifício para o Dia Mundial da Criança, encarregado de organizar a cimeira.

O encontro teve lugar no Vaticano, mais precisamente no Palácio Apostólico, com sessões em locais como a Sala Clementina.

O tema central era a promoção e proteção dos direitos das crianças, dando atenção especial às crianças que vivem em condições de vulnerabilidade — em zonas de conflito, com privação escolar, pobreza, exploração, tráfico, falta de registro civil, enfim, cujos direitos fundamentais não são respeitados ou mesmo reconhecidos.

Participantes e convidados de destaque

O encontro reuniu cerca de 40 oradores de prestígio internacional, entre os quais pessoas de Estado e diplomatas, como Rania da Jordânia, Rainha consorte, e líderes de organizações internacionais, figuras da cultura e sociedade civil, como Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, Al Gore, Prémio Nobel da Paz, ou Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional e representantes de diversas religiões, organizações não governamentais, movimentos em prol da infância e especialistas em educação, migração, desenvolvimento social.

Estrutura e programação do encontro

O evento foi dividido em sete painéis temáticos, cobrindo diversas áreas dos direitos das crianças: educação, saúde, família, proteção contra a guerra, trabalho infantil, recursos básicos e participação nas decisões que as afetam.

No início, houve uma sessão simbólica: dez crianças de diferentes partes do mundo entregaram uma mensagem ao Papa Francisco.

O Papa presidiu ao ato de abertura e também encerrou o encontro com uma intervenção dirigida aos líderes mundiais presentes.

Mensagens principais e temas enfatizados

Do discurso do Papa Francisco

O Papa denunciou com veemência as situações em que crianças estão a morrer nas guerras, destruídas “por bombas”, vítimas do poder, da ideologia ou de interesses nacionalistas. Ele afirmou que “matar os mais pequenos significa negar o futuro”.

Destacou também a necessidade de os adultos escutarem as crianças — não só pelas palavras, mas pelos olhares e silêncios delas. Relembrou estatísticas alarmantes: mais de 40 milhões de crianças deslocadas por conflitos; cerca de cem milhões sem moradia adequada; cerca de 160 milhões sujeitas a trabalho infantil ou exploração.

Outros temas debatidos

  • A crise educacional, incluindo a falta de acesso à escola ou à educação de qualidade, especialmente entre migrantes, refugiados ou em zonas de conflito.
  • O impacto da pobreza extrema, doenças e saúde precária sobre as crianças.
  • A importância da proteção contra abusos, exploração sexual, tráfico de menores, trabalho infantil.
  • A necessidade de uma ação global, não apenas assistencial, mas preventiva, educativa, política e cultural, para que os direitos sejam respeitados.

Resultados práticos e anúncio de iniciativas futuras

Um dos anúncios mais importantes: o Papa Francisco manifestou sua intenção de preparar uma Exortação Apostólica dedicada às crianças. Essa proposta visa prolongar o impulso dado pela cimeira, institucionalizar reflexões e compromissos manejáveis em toda a Igreja.

O evento foi descrito como um “laboratório” e “observatório” para monitorar e desenvolver políticas e ações concretas nos diversos setores que afetam os menores.

Desafios apontados e abordagens solicitadas

Entre os desafios mais destacados:

  • O risco de a oração e as declarações se tornarem rotina, sem transformação real nas vidas das crianças. Francisco insistiu que não se deve “aceitar que isto se torne o novo normal”.
  • A pressão dos media e a dessensibilização perante situações de sofrimento infantil: guerras, fome, desabrigados, exploração que acabam por se tornar “imagens normais”.
  • O grande número de crianças invisíveis aos sistemas — sem registo de nascimento, sem acesso aos serviços básicos — e a urgência de integrá-las nos direitos civis.

Importância do encontro e impacto esperado

O Encontro Mundial sobre os Direitos da Criança reafirma que a infância é prioridade para o Papa Francisco, sendo uma das apostas estratégicas de seu pontificado.

O evento mobiliza não apenas líderes católicos, mas atores internacionais de diversas religiões e setores (político, econômico, social), ampliando o compromisso global.

A preparação da exortação apostólica promete dar mais peso doutrinal e pastoral às questões levantadas, um instrumento que pode orientar dioceses, conferências episcopais, políticas públicas e organismos internacionais.

Conclusão

O encontro de 3 de fevereiro de 2025, “Amemo-las e protejamo-las”, representou não apenas uma assembleia de discursos e denunciações, mas também um apelo à ação concreta, reconhecimento de uma crise global da infância e anúncio de medidas e compromissos futuros. É um passo significativo no sentido de que direitos das crianças não sejam apenas declarados, mas vividos como parte essencial da missão cristã e do compromisso com a dignidade humana.

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