Neste dia, em 2016, o Papa Emérito Bento XVI regressava ao Palácio Apostólico desde a sua renúncia

A 28 de junho de 2016, a Igreja Católica viveu um dos momentos mais comoventes e simbólicos da sua história recente. Nesse dia, o Papa emérito Bento XVI regressou, pela primeira vez desde a sua renúncia em 2013, ao Palácio Apostólico do Vaticano. O motivo era especial: a celebração dos seus 65 anos de ordenação sacerdotal, uma cerimónia presidida pelo Papa Francisco, que transformou a data numa manifestação de afeto, comunhão e continuidade na fé.

Um regresso carregado de significado

Desde a sua renúncia ao pontificado, a 28 de fevereiro de 2013, Bento XVI tinha escolhido viver em recolhimento e oração no Mosteiro Mater Ecclesiae, dentro dos Jardins do Vaticano. Por isso, o seu regresso ao Palácio Apostólico — lugar onde exercera o ministério petrino durante quase oito anos — revestiu-se de grande simbolismo.

A cerimónia teve lugar na Sala Clementina, e contou com a presença de cardeais, prelados e colaboradores próximos dos dois papas. O ambiente era de profunda emoção: Francisco, visivelmente comovido, dirigiu palavras de agradecimento e carinho ao seu predecessor, reconhecendo a sua fidelidade e o testemunho de vida sacerdotal que continuava a oferecer à Igreja mesmo no silêncio da oração.

A celebração dos 65 anos de sacerdócio

Joseph Ratzinger foi ordenado sacerdote a 29 de junho de 1951, juntamente com o seu irmão Georg, pelo cardeal Michael von Faulhaber, arcebispo de Munique. Desde então, o seu ministério foi marcado pela dedicação à teologia, ao ensino e ao serviço à Igreja, primeiro como professor, depois como arcebispo de Munique e Freising, mais tarde como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e finalmente como o Papa Bento XVI, de 2005 a 2013.

Durante a cerimónia de 2016, Francisco destacou precisamente essa longa fidelidade: “Santidade, continua a servir a Igreja. Não deixaste de fazê-lo — fá-lo com a sabedoria e serenidade que vêm de Deus.”

O Papa emérito, por sua vez, falou brevemente, mas com grande profundidade espiritual. Recordou que, desde o dia da sua ordenação, o seu lema sempre foi Cooperatores Veritatis — “colaboradores da verdade” — e afirmou que essa verdade, que é Cristo, tinha sido o fio condutor de toda a sua vida sacerdotal. Com voz débil, mas clara, acrescentou: “Não é o entusiasmo do momento que sustenta o sacerdócio, mas a fidelidade quotidiana a Deus.

Um encontro entre dois pontífices

O momento mais marcante da celebração foi, sem dúvida, a imagem dos dois papas sentados lado a lado, sorrindo e trocando gestos de amizade e respeito. Francisco tratou Bento XVI com visível ternura, chamando-o “pai e irmão”, e sublinhando que o seu testemunho silencioso de fé e humildade é um “exemplo luminoso para toda a Igreja”.

O gesto teve também uma forte dimensão eclesial: representava a continuidade entre dois pontificados distintos, mas profundamente unidos no amor à Igreja e no serviço ao Evangelho. A presença de Bento XVI no Palácio Apostólico foi interpretada como um sinal de unidade e comunhão, afastando qualquer ideia de divisão entre o Papa reinante e o Papa emérito.

O significado espiritual do momento

A celebração dos 65 anos de sacerdócio de Bento XVI foi muito mais do que uma homenagem pessoal. Representou um testemunho do valor e da beleza da vocação sacerdotal — um dom de Deus vivido com fidelidade ao longo de décadas, mesmo na fragilidade da velhice.

Num tempo em que o mundo procura modelos de coerência e fé autêntica, a figura de Bento XVI — teólogo profundo, pastor humilde e homem de oração — continua a inspirar gerações de sacerdotes e fiéis. A cerimónia de 2016 foi, assim, uma celebração do sacerdócio em si mesmo, vivido como serviço, entrega e amor à verdade.

Conclusão

O regresso de Bento XVI ao Palácio Apostólico do Vaticano, a 28 de junho de 2016, foi um momento de rara beleza espiritual e histórica. A presença conjunta de Francisco e Bento XVI mostrou ao mundo uma Igreja unida na diversidade dos seus dons e estilos, mas guiada pelo mesmo Espírito Santo.

Enquanto Francisco homenageava o seu predecessor com palavras de carinho e respeito, Bento XVI retribuía com a humildade e serenidade de quem continua, no silêncio da oração, a servir a Igreja de Cristo.

Esse encontro não foi apenas uma celebração de 65 anos de sacerdócio — foi também um testemunho vivo da continuidade do amor de Deus na história da Igreja, e da comunhão entre dois sucessores de Pedro, unidos pela mesma fé, pela mesma missão e pelo mesmo Senhor.

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