Neste dia, em 1898, foi tirada a primeira fotografia do Sudário de Turim

O Santo Sudário de Turim é uma das relíquias mais veneradas e debatidas da cristandade. Trata-se de um lençol de linho, com cerca de 4,36 metros de comprimento por 1,10 metros de largura, que apresenta a imagem frontal e dorsal de um homem crucificado. Desde há séculos, milhões de fiéis acreditam que este sudário seja o lençol funerário de Jesus Cristo, conservado de forma miraculosa até aos nossos dias.

A sua história mistura tradição, fé e investigações científicas, transformando o Sudário num dos objetos mais estudados do mundo.

Origens históricas

A tradição cristã mais antiga relaciona o Sudário com o sepultamento de Jesus em Jerusalém, mas os primeiros registos claros da sua existência surgem na Idade Média.

  • Século XIV – O Sudário aparece em Lirey, na França, sob a guarda da família de Geoffroi de Charny. Já então era venerado como relíquia da Paixão de Cristo.
  • 1453 – É doado à Casa de Saboia, que mais tarde se tornaria a família real de Itália.
  • 1578 – É transferido para Turim, onde permanece até hoje, guardado na Catedral de São João Batista.

A descrição da imagem

O lençol mostra a figura de um homem com marcas correspondentes às narradas nos Evangelhos:

  • Ferimentos no couro cabeludo, compatíveis com a coroa de espinhos.
  • Marcas de flagelação por todo o corpo.
  • Perfurações nos pulsos e pés, típicas da crucifixão.
  • Ferimento no lado direito do tórax, semelhante ao causado pela lança mencionada em João 19,34.

O detalhe e a precisão anatómica destas marcas intrigaram cientistas, artistas e médicos ao longo dos séculos.

O primeiro registo fotográfico: Secondo Pia (1898)

Um dos momentos mais importantes na história do Sudário aconteceu em 28 de maio de 1898, quando o advogado e fotógrafo amador Secondo Pia teve a oportunidade de fotografá-lo pela primeira vez, durante uma exposição pública em Turim.

Ao revelar as chapas fotográficas, Pia descobriu algo surpreendente: a imagem visível no Sudário funcionava como um negativo fotográfico.

Enquanto no tecido a figura aparecia difusa e difícil de distinguir, na fotografia revelada a imagem surgia com clareza impressionante e realismo humano.

Este acontecimento causou enorme impacto na opinião pública e na Igreja, pois parecia confirmar que o Sudário não era uma pintura medieval, mas algo de origem misteriosa e inexplicável.

Desde então, o Sudário de Turim passou a ser alvo de intenso interesse científico, marcando o início da era moderna de investigação da relíquia.

Investigações científicas

Após a revelação fotográfica de Pia, seguiram-se diversos estudos multidisciplinares:

  • 1931 – Giuseppe Enrie, fotógrafo oficial, tirou novas fotografias de maior qualidade, confirmando a descoberta de Pia.
  • 1978 – Foi criada a equipa internacional STURP (Shroud of Turin Research Project), que realizou análises químicas, físicas e médicas detalhadas. Concluiu que a imagem não foi pintada, mas resultava de uma oxidação superficial das fibras do linho.
  • 1988 – Amostras do Sudário foram submetidas a exame de Carbono-14 em três laboratórios (Oxford, Zurique e Tucson). O resultado indicou que o tecido datava entre 1260 e 1390, sugerindo origem medieval. Contudo, muitos cientistas contestaram a validade do teste, alegando que as amostras poderiam estar contaminadas ou retiradas de zonas restauradas do tecido.
  • Análises mais recentes – Investigadores continuam a afirmar que a formação da imagem permanece inexplicável. Nenhuma técnica conhecida de pintura, impressão ou impressão térmica explica a profundidade, detalhe e características tridimensionais da imagem.

O Sudário e a fé cristã

A Igreja Católica nunca declarou oficialmente que o Sudário seja o lençol funerário de Cristo, mas reconhece a sua importância como ícone de devoção e símbolo da Paixão.

São João Paulo II, durante a sua visita a Turim em 1998, afirmou: “O Sudário é um desafio à inteligência. Ele obriga-nos a interrogar-nos sobre o mistério da dor e do amor de Cristo”.

O Sudário é exposto raramente, em ocasiões especiais, atraindo milhões de peregrinos de todo o mundo.

Significado espiritual

Para além da controvérsia científica, o Sudário de Turim possui uma força espiritual única:

  1. Testemunho da Paixão de Cristo – Recorda com realismo as dores da crucifixão.
  2. Chamado à conversão – Muitos fiéis, diante do Sudário, sentem-se tocados a aprofundar a fé.
  3. Sinal de unidade – Crentes e não crentes encontram nele um mistério comum que desafia explicações simplistas.

Conclusão

O Santo Sudário de Turim é um dos maiores enigmas da história cristã. Desde o primeiro registo fotográfico de Secondo Pia em 1898, que revelou a sua natureza de negativo, o Sudário tornou-se não apenas uma relíquia venerada, mas também um mistério científico ainda não resolvido.

Independentemente das teorias, ele permanece como testemunho poderoso da Paixão de Cristo e continua a inspirar milhões de fiéis no mundo inteiro.

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