O Dia da Invenção da Santa Cruz, celebrado em 3 de maio, é uma festa litúrgica que comemora a descoberta da Santa Cruz de Jesus Cristo por Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, no século IV. Esta descoberta é um evento significativo na história do Cristianismo e é reverenciada pela Igreja Católica e por várias outras tradições cristãs. Após a reforma da liturgia romana por João XXIII, em 1960 com o motu próprio Rubricarum instructum, esta festa perdeu importância no calendário romano, no entanto continua a ser uma festa muito difundida na Espanha e na América Latina.
A data regista a descoberta da Cruz de Cristo, a Vera Cruz, em 326 d.C. por Santa Helena e ainda a recuperação da mesma Cruz em 628 por Heráclio, que a reconquistou aos persas e levou-a às costas para Jerusalém, tendo entregue ao patriarca Zacarias, no dia 3 de maio de 630.
É uma data simbólica, pois há controvérsias quanto à data histórica exata em que as buscas promovidas pela mãe do imperador Constantino de fato identificaram a Vera Cruz, nome dado à verdadeira Cruz em que Jesus foi morto no Gólgota. Esse evento, em latim, é chamado de “Inventio Sanctae Crucis“, literalmente “Encontro da Santa Cruz“. A palavra “inventio“, que vem do verbo “invenire” (encontrar), tem sido traduzida de modo discutível como “invenção“, termo dúbio que em português pode dar a impressão de que a cruz foi “inventada” em vez de encontrada. Mesmo assim, ainda é frequente em muitas fontes católicas ler a antiga expressão “Invenção da Santa Cruz“, com o sentido etimológico de encontro.
A Descoberta da Santa Cruz
A história da descoberta da Santa Cruz remonta ao reinado do imperador Constantino, que em 313 d.C. emitiu o Édito de Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos no Império Romano. Segundo a tradição, na busca para encontrar os locais sagrados associados à vida de Jesus em Jerusalém, Santa Helena, mãe de Constantino, recebeu uma revelação num sonho para ir a Jerusalém procurar a Cruz.
A Escavação e a Descoberta
Santa Helena, já uma mulher idosa na época, supervisionou as escavações nas proximidades do Monte Calvário, onde, segundo a tradição cristã, Jesus foi crucificado. Ela mandou demolir e escavar o templo de Vénus ali localizado e, durante as escavações, os trabalhadores encontraram três cruzes, a de Jesus e a dos dois ladrões, e, à parte, a inscrição que tinha sido colocada sobre a Cruz do Senhor. Para confirmar a autenticidade da cruz de Cristo, um milagre sanou a dúvida. A lenda diz que Helena mandou trazer um doente, que ao entrar em contato com a cruz de Gestas piorou o seu estado de saúde, e ao ser tocado pela cruz de Dimas permaneceu como estava, mas quando foi tocado pela de Jesus, a Verdadeira Cruz, foi completamente curado.
Celebração e Reconhecimento
A descoberta da Santa Cruz foi recebida com grande alegria e reverência pelos cristãos em todo o Império Romano. Santa Helena construiu no local onde encontrou a cruz uma igreja, a Basílica do Santo Sepulcro, na qual depositou parte da Cruz em urnas de prata, entregando outra parte ao filho, Constantino, que a levou para Roma, à igreja da Santa Cruz de Jerusalém, edificada no palácio Sessoriano. Helena entregou ainda ao filho os cravos que trespassaram o Santíssimo Corpo de Jesus Cristo. Naquele tempo, Constantino sancionou uma lei para que, desde então, ninguém fosse condenado ao suplício da cruz, e aquilo que antes era castigo e maldição para os homens passou a ser glória e objeto de veneração.
Muito mais tarde, no ano 614, o rei persa Cosroes II tomou Jerusalém e, após a vitória, tomou a Verdadeira Cruz e colocou-a sob os pés do seu trono, como símbolo do desprezo pela religião dos cristãos. Após quinze anos de lutas, o imperador bizantino Heráclio derrotou-o definitivamente no ano de 628. Pouco depois, numa cerimónia realizada em 14 de setembro daquele ano, a Verdadeira Cruz regressou a Jerusalém. Foi carregada pessoalmente pelo imperador, em procissão conduzida pela cidade. Diz a lenda que quando o imperador, vestido com grande magnificência e pompa, quis carregar a relíquia, não o conseguiu fazer até que se despiu de todos os seus adornos em sinal da pobreza e humildade de Cristo. Desde então, esse dia ficou assinalado nos calendários litúrgicos como o da Exaltação da Santa Cruz.
Significado Espiritual
O Dia da Invenção da Santa Cruz tem um profundo significado espiritual para os cristãos. A Cruz de Cristo é vista como o símbolo máximo do amor redentor de Deus pela humanidade, representando o sacrifício de Jesus para a salvação do mundo. A descoberta da Santa Cruz reafirma a importância central da paixão, morte e ressurreição de Jesus na fé cristã.
Ao longo dos séculos, a devoção à Santa Cruz tem sido uma fonte de conforto, esperança e inspiração para os cristãos em todo o mundo. O Dia da Invenção da Santa Cruz é uma oportunidade para os fiéis renovarem a sua devoção à Cruz de Cristo e para todos os seguidores de Jesus lembrarem-se do poder redentor e salvífico do Seu sacrifício na Cruz.
