No dia 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima, no Japão, foi alvo do primeiro ataque nuclear da história. A bomba atómica, lançada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, devastou a cidade, matando instantaneamente dezenas de milhares de pessoas e causando uma destruição sem precedentes. No entanto, um pequeno grupo de Jesuítas, que vivia perto do epicentro da explosão, sobreviveu de maneira inexplicável, atribuindo a sua salvação à proteção divina por meio da oração do Rosário.
A Casa dos Jesuítas em Hiroshima
A cerca de 1 quilómetro do ponto onde a bomba explodiu, havia uma casa paroquial que pertencia a um grupo de padres Jesuítas. Quatro sacerdotes viviam lá na altura do ataque: o Pe. Pedro Arrupe (que mais tarde se tornaria Superior Geral da Companhia de Jesus), o Pe. Hubert Schiffer, o Pe. Wilhelm Kleinsorge (mais tarde conhecido como Pe. Makoto Takakura) e o Pe. Hugo Lassalle.
Esses padres jesuítas eram missionários na região e viviam uma vida simples, dedicados à evangelização e ao serviço da comunidade católica japonesa. A sua casa, assim como a igreja adjacente, ficava muito perto do epicentro da explosão nuclear, uma zona onde praticamente nada sobreviveu.
A Explosão e o Milagre da Sobrevivência
Quando a bomba detonou, a casa dos Jesuítas foi violentamente sacudida. Janelas foram estilhaçadas e paredes tremeram, mas, surpreendentemente, a estrutura permaneceu intacta, e os padres dentro da casa sobreviveram com ferimentos mínimos. Enquanto edifícios ao redor foram completamente destruídos e todos os habitantes morreram ou ficaram gravemente feridos, os Jesuítas não sofreram os efeitos imediatos da radiação, queimaduras ou ferimentos fatais.
Os padres atribuíram a sua sobrevivência a uma proteção especial. Segundo o testemunho do Pe. Hubert Schiffer, que na altura tinha 30 anos, eles acreditavam que a devoção ao Rosário foi o que os salvou. Os Jesuítas tinham o hábito de rezar o Rosário todos os dias, pedindo pela paz e proteção, especialmente num momento tão trágico como o da guerra.
O Testemunho dos Padres
O Pe. Hubert Schiffer, que viveu até os 63 anos, foi um dos mais conhecidos a partilhar este testemunho. Ele relatou que, apesar de estarem tão perto do epicentro da explosão, todos os Jesuítas presentes na casa foram poupados dos efeitos da radiação a longo prazo, o que muitos médicos e cientistas acharam difícil de explicar.
Nos anos seguintes ao ataque, os padres foram repetidamente examinados por médicos americanos e japoneses, devido à incredulidade que gerava a sua sobrevivência sem complicações de saúde decorrentes da radiação. A exposição direta à radiação em níveis tão elevados deveria ter causado uma série de doenças graves, mas os Jesuítas continuaram a viver por muitos anos sem problemas de saúde relacionados à bomba.
A Fé no Rosário
Os Jesuítas afirmaram que não se tratava de mera coincidência. Para eles, a sobrevivência foi um milagre atribuído à proteção de Nossa Senhora, mediada pela devoção ao Santo Rosário. Todos os dias, eles reuniam-se para recitar o Rosário em comunidade, pedindo à Virgem Maria que intercedesse pela paz no mundo e pela segurança de todos os que estavam envolvidos na guerra.
Este incidente reforçou ainda mais a devoção ao Rosário como uma poderosa arma espiritual e como uma forma de pedir a proteção divina em tempos de perigo. A história dos Jesuítas de Hiroshima continua a ser citada como um dos exemplos modernos mais conhecidos do poder da oração do Rosário.
A Igreja Católica e a Interpretação do Milagre
Embora a Igreja Católica não tenha feito uma declaração oficial sobre a natureza miraculosa da sobrevivência dos Jesuítas, muitos católicos consideram este evento como um sinal claro da proteção divina. A história destes padres tornou-se um exemplo inspirador de fé inabalável e da importância de confiar na intercessão de Nossa Senhora.
Para muitos, o episódio de Hiroshima é um lembrete de que, mesmo nas maiores tragédias, a oração e a confiança em Deus podem trazer milagres. Ao longo dos séculos, a Igreja ensinou que o Rosário é uma poderosa oração de intercessão, capaz de mudar os corações e proteger os fiéis, e a história dos Jesuítas de Hiroshima é vista como um testemunho disso.
Conclusão
A sobrevivência dos Jesuítas em Hiroshima após a devastação da bomba atómica continua a ser um dos episódios mais extraordinários da história moderna da Igreja Católica. Atribuída à devoção ao Rosário e à intercessão da Virgem Maria, esta história é uma prova do poder da oração, especialmente em tempos de grande provação. Para os fiéis, a narrativa serve como um exemplo de que, mesmo em circunstâncias aparentemente impossíveis, a fé e a confiança em Deus podem resultar em milagres extraordinários.