A Comunhão Eucarística era ministrada nas mãos dos fiéis até o século IX. No entanto, ao verificarem-se abusos e irreverências, a Igreja decidiu dar a Eucaristia na boca dos fiéis. Aquando da pandemia de Covid-19, foi decido receber o Corpo de Cristo nas mãos. De acordo com a Conferência Episcopal, que o solicitou à Santa Sé, a Comunhão na mão é permitida a todo aquele que assim deseja comungar. No entanto, muitos fiéis e padres são contra esta prática.
Razões daqueles que são contra comungar na mão
Muitas vozes são contra a Comunhão na mão, exclamando como podem as mãos dos pecadores, ainda por cima nem sempre limpas, atrever-se a tocar no Santo dos Santos. Como é possível acautelar o desprendimento de fragmentos que inadvertidamente podem cair e, mais ainda, como impedir a subtração da sagrada partícula, recebida nas mãos, para usos indevidos ou, até, profanação sacrílega? Como se a língua dos leigos, na qual se deposita o Santíssimo, fosse mais pura e lavada do que as suas mãos. Como se no passado, quando a comunhão era recebida apenas na língua, não houvesse subtração das espécies consagradas para usos indevidos.
Afinal, podemos ou não comungar na mão?
Depois do Concilio Vaticano II, a prática antiga da Comunhão nas mãos foi restaurada, sob certas condições, que visam a garantir o respeito ao Santíssimo Sacramento. A Santa Sé enfatiza o direito, dos fiéis, de receber a Comunhão na boca desde que o desejem. O próprio Papa Francisco, numa das suas audiências na Praça São Pedro, mais precisamente a do dia 21 de Março de 2018 clarificou este assunto: “A Igreja deseja fervorosamente que os fiéis possam receber o Corpo do Senhor com as hóstias consagradas na própria Missa. E o sinal do banquete eucarístico é mais completo se a Santa Comunhão acontecer sob as duas espécies [pão e vinho], sabendo que a doutrina católica ensina que sob apenas uma espécie se recebe todo o Cristo”, explanou o Papa. Francisco disse ainda que “o fiel deve-se aproximar da Eucaristia normalmente ou em forma de procissão e comungar em pé ou de joelhos, conforme determinar a Conferência Episcopal, recebendo o Sacramento na boca ou, onde for permitido, na mão, como preferir”.
Como receber a comunhão na mão
A Igreja permite que se receba a comunhão na mão, mas enfatiza alguns pontos que se deve ter em atenção devido à dignidade do gesto, para não se tratar de um simples pedaço de pão que pode ser recebido de qualquer forma.
- Se decidirmos comungar na mão, devemos por a mão esquerda sobre a direita. Não pegar a hóstia no ar, mas aguardar que o ministro a coloque na nossa mão
- Feito isto, comungamos imediatamente e na frente do sacerdote. É preciso também tomar cuidado para que não fique na nossa mão nenhuma partícula, sob a menor das quais o Cristo inteiro permanece presente
- Se a Comunhão for distribuída sob duas espécies, devemos seguir as indicações que o diácono ou sacerdote nos derem. É bom lembrar, em todo o caso, que nunca é permitido “ao comungante molhar por si mesmo a hóstia no cálice, nem receber na mão a hóstia molhada”
Resumindo, o fiel pode comungar da forma que preferir, de pé ou de joelhos, na boca ou na mão, sendo que o importante é mostrar o respeito e a reverência pelo tesouro que acaba de receber.