Neste dia, em 2008, era inaugurada a estátua de São João Paulo II em Fátima

A estátua de São João Paulo II em Fátima é um dos monumentos mais emblemáticos do Santuário da Cova da Iria, representando não apenas a presença física do pontífice que tanto amou Portugal, mas também a sua profunda ligação espiritual à Mensagem de Fátima. Situada junto à Capelinha das Aparições, a escultura é um local de oração, emoção e memória, evocando o papa que, por três vezes, peregrinou àquele “altar do mundo” e que sempre acreditou que devia a sua vida à proteção de Nossa Senhora de Fátima.

A ligação de João Paulo II a Fátima

A relação entre São João Paulo II e Fátima é uma das mais intensas da história da Igreja contemporânea. A 13 de maio de 1981, precisamente no aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos, o Papa foi vítima de um atentado na Praça de São Pedro, em Roma. Gravemente ferido, João Paulo II atribuiu a sua sobrevivência à intervenção de Nossa Senhora de Fátima, dizendo:

Uma mão disparou a bala, outra mão guiou-a.”

Em sinal de gratidão, o pontífice mandou colocar a bala que o atingiu na Coroa da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, onde ainda hoje permanece, como testemunho da fé e da proteção mariana.

João Paulo II peregrinou a Fátima três vezes:

  • 13 de maio de 1982, para agradecer o milagre da sua sobrevivência;
  • 13 de maio de 1991, por ocasião do décimo aniversário do atentado;
  • 13 de maio de 2000, quando beatificou Francisco e Jacinta Marto, os dois pastorinhos videntes.

A sua última visita coincidiu também com o anúncio da revelação da terceira parte do Segredo de Fátima, o que reforçou ainda mais o vínculo entre o Papa polaco e a mensagem deixada pela Virgem aos três pastorinhos em 1917.

A inauguração da estátua

A estátua de João Paulo II foi inaugurada a 13 de maio de 2008, no 91.º aniversário das Aparições, em cerimónia presidida por D. Serafim Ferreira e Silva, então bispo de Leiria-Fátima. A obra é da autoria do escultor polaco Czesław Dźwigaj, professor da Academia de Belas-Artes de Cracóvia e reconhecido por ter realizado mais de 70 monumentos dedicados ao Papa em diversos países.

A inauguração contou com representantes da Embaixada da Polónia, membros da Igreja local e milhares de peregrinos que acorreram ao recinto para prestar homenagem ao Papa Santo que tanto amou Portugal.

Descrição artística e simbologia

A estátua, em bronze patinado, tem cerca de 3,2 metros de altura e assenta sobre uma base de pedra de Fátima. Representa o Papa de pé, com o báculo pastoral na mão esquerda e a direita erguida em bênção, num gesto que expressa serenidade, proximidade e ternura pastoral.

A expressão do rosto é calma e meditativa, transmitindo a espiritualidade profunda e o olhar compassivo de um pontífice que foi, acima de tudo, um pastor e peregrino.

Na base, está inscrito o lema do seu pontificado: Totus Tuus” — “Todo teu, Maria”.

Este lema, inspirado na espiritualidade de São Luís Maria Grignion de Montfort, reflete a entrega total de João Paulo II à Virgem Maria, e sintetiza o seu amor filial para com Nossa Senhora de Fátima, que considerava sua protetora e guia espiritual.

A localização e o significado no Santuário

A estátua está posicionada de forma a permitir que os peregrinos que se aproximam da Capelinha das Aparições possam vê-la e recordar o Papa que tanto contribuiu para a divulgação da mensagem de Fátima no mundo.

A sua presença no recinto simboliza a universalidade da fé mariana e o reconhecimento do papel de João Paulo II como mensageiro de Fátima no século XX. Foi ele quem deu grande impulso à espiritualidade reparadora pedida pela Virgem, e quem interpretou os segredos de Fátima como um apelo à conversão, à penitência e à paz mundial.

Curiosidades e factos pouco conhecidos

  • Origem da obra – A estátua foi produzida em Cracóvia, cidade natal de João Paulo II, e transportada por via terrestre até Fátima, numa viagem simbólica que uniu as duas nações profundamente marianas: Polónia e Portugal.
  • Inspiração artística – O escultor Dźwigaj afirmou que quis retratar o Papa “como um pastor em oração diante de Maria”, e não como uma figura de poder. Por isso, o olhar da escultura é ligeiramente inclinado para baixo, voltado para o espaço da Capelinha.
  • Primeira homenagem monumental – Esta foi a primeira grande escultura de João Paulo II erguida em Portugal após a sua morte em 2005, tornando-se um marco nacional de devoção e reconhecimento.
  • Outros tributos em Fátima – Além da estátua, Fátima guarda outras recordações de João Paulo II, como a relíquia de sangue do Papa, guardada na Basílica da Santíssima Trindade, e a imagem do Papa Peregrino, frequentemente usada em exposições e eventos marianos.
  • Oração junto à estátua – Muitos grupos organizados, especialmente vindos da Polónia, costumam incluir uma breve oração junto à escultura durante as peregrinações internacionais, recitando o Terço da Misericórdia em honra de João Paulo II.

Fátima, João Paulo II e a história da Igreja

A estátua é, portanto, mais do que uma homenagem: é um símbolo vivo de gratidão e continuidade. Recorda o Papa que:

  • viu a sua vida poupada num dia ligado a Fátima;
  • divulgou a devoção ao Imaculado Coração de Maria;
  • confiou o mundo à proteção da Virgem;
  • e canonizou os videntes Francisco e Jacinta Marto (em 2017, o Papa Francisco viria a completar esse gesto).

Além disso, a presença de uma obra escultórica de origem polaca em Fátima reforça o vínculo espiritual entre Portugal e a Polónia, duas nações profundamente marianas e marcadas pela fé católica.

A estátua hoje

Atualmente, a estátua de São João Paulo II é um dos pontos mais visitados e fotografados do Santuário. Muitos peregrinos fazem questão de ali rezar, agradecer graças recebidas ou pedir a intercessão do santo Papa, canonizado em 2014.

Durante as grandes peregrinações internacionais, é comum ver fiéis depositar flores junto à escultura, acender velas ou simplesmente permanecer em silêncio, contemplando o Papa que tanto amou Fátima.

Conclusão

A estátua de João Paulo II em Fátima é um monumento de fé e memória, um testemunho de amor filial à Virgem e um convite à esperança. Ela recorda o homem que, ferido pela violência, respondeu com perdão; que, marcado pela história, proclamou a paz; e que, inspirado por Maria, entregou o seu pontificado a Deus, dizendo:

Do fundo do meu coração, obrigado, Nossa Senhora de Fátima. Totus Tuus.”

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