Santo Alexandre viveu entre os séculos III e IV, tendo sido bispo de Alexandria, no Egito, durante um dos períodos mais conturbados da história da Igreja, marcado por profundas controvérsias teológicas e perseguições. Sucedeu ao bispo Aquilas por volta do ano 313, numa época em que o Cristianismo acabava de obter liberdade de culto com o Édito de Milão, promulgado pelo imperador Constantino. Era um homem de profunda piedade, sabedoria teológica e firmeza doutrinal.
Luta contra a heresia ariana
Durante o seu episcopado, surgiu uma das maiores ameaças à doutrina cristã da época: a heresia ariana. Ario, um presbítero de Alexandria, começou a difundir a ideia de que Jesus Cristo não era Deus verdadeiro, mas apenas uma criatura exaltada, inferior ao Pai. Santo Alexandre opôs-se energicamente a estas ideias, defendendo a consubstancialidade do Filho com o Pai, ou seja, que Jesus Cristo é verdadeiramente Deus, igual ao Pai em substância e eternidade.
Com coragem e clareza, convocou um sínodo local em 321 que condenou Ario e os seus seguidores, excomungando-os. A controvérsia, porém, espalhou-se por todo o mundo cristão, dividindo comunidades, bispos e até envolvendo o imperador. O papel de Santo Alexandre foi fundamental para preservar a fé apostólica na sua pureza, mesmo quando muitos preferiam contemporizar.
Presença no Concílio de Niceia
Santo Alexandre participou no Primeiro Concílio de Niceia, em 325, convocado por Constantino precisamente para resolver a crise ariana. Embora já idoso e debilitado, foi uma voz importante entre os mais de 300 bispos presentes. No Concílio, foi apoiado por um jovem diácono que mais tarde o sucederia: Santo Atanásio, um dos maiores defensores da ortodoxia nicena. O Concílio acabou por condenar o arianismo e definir, no Credo, que o Filho é “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.
Últimos anos e legado
Santo Alexandre faleceu pouco depois do Concílio de Niceia, no dia 26 de fevereiro de 326. A sua atuação firme e fiel ajudou a definir os contornos fundamentais da fé cristã, defendendo com valentia o mistério da Santíssima Trindade e da divindade de Cristo. O seu sucessor, Santo Atanásio, deu continuidade à sua obra e consolidou a doutrina ortodoxa contra os arianos.
Veneração e importância
A Igreja honra Santo Alexandre como um dos grandes bispos e confessores da fé dos primeiros séculos. A sua festa litúrgica celebra-se no dia 26 de fevereiro. É lembrado não apenas pela sua coragem contra a heresia, mas também pelo seu zelo pastoral, caridade e fidelidade à verdade revelada. O seu testemunho permanece atual num tempo em que a Igreja continua chamada a proclamar com clareza a identidade divina de Jesus Cristo.