A Peregrinação das Sete Igrejas é uma tradição católica de visitar sete basílicas em Roma, uma prática que remonta a São Filipe Néri no século XVI. É um ato de devoção realizado por peregrinos que procuram indulgências ou um maior crescimento espiritual. A jornada, que cobre cerca de 20 km, é repleta de significado e símbolos da fé católica.
Origem e propósito
São Filipe Néri, o “Apóstolo de Roma”, foi quem idealizou a peregrinação, procurando uma forma de encorajar a fé e a penitência entre os cristãos da cidade. Inicialmente realizada durante a Quaresma, a peregrinação combina espiritualidade com caridade, já que os peregrinos eram incentivados a ajudar os pobres ao longo do percurso. Ao percorrer as basílicas, eles procuravam um profundo arrependimento pelos pecados e indulgências plenárias.
A Via delle Sette Chiese leva o nome da prática de peregrinação inventada por São Filipe Neri e que ainda liga a Basílica de São Sebastião no Caminho Ápio com a Basílica de São Paulo Fora dos Muros. O percurso desejado pelo Santo e partilhado com os peregrinos do seu tempo incluía, além de parar e rezar nas sete basílicas jubilares, uma visita aos túmulos dos primeiros mártires cristãos.
Na época de São Filipe Neri, a peregrinação durava dois dias e incluia várias práticas devocionais relacionadas com o número sete, um dos mais significativos para a fé cristã. Os peregrinos recitaram sete salmos penitenciais, pedindo perdão pelos sete pecados capitais. Reuniam-se então para meditar sobre as sete etapas da Paixão de Jesus, as sete efusões do Seu sangue, as sete palavras pronunciadas por Cristo na cruz, os sete dons do Espírito Santo, os sete sacramentos e as sete obras de misericórdia.
A peregrinação simboliza também o caminho da vida cristã, uma jornada de fé que se inicia com o batismo e culmina com a morte e a entrada no Reino dos Céus.
As sete Basílicas
Basílica de São Pedro (Vaticano)
A principal basílica da cristandade, onde está o túmulo de São Pedro. Este local é símbolo da autoridade papal e do martírio do apóstolo.
Basílica de São Paulo Fora dos Muros
Erguida sobre o túmulo de São Paulo, é um local de veneração do apóstolo das nações, reconhecido pela evangelização dos gentios.
Basílica de São João de Latrão
A catedral do Papa, sendo a primeira basílica erguida em Roma. Esta é considerada a “Mãe de todas as Igrejas”, por ser a mais antiga e a sede episcopal do Papa.
Basílica de Santa Maria Maior
Dedicada à Virgem Maria, é a maior basílica mariana de Roma. A igreja foi construída para celebrar a maternidade divina de Maria e é famosa pelos belos mosaicos.
Basílica de São Sebastião Fora dos Muros
Construída sobre as catacumbas de São Sebastião, mártir cristão, este local tem uma forte ligação com o início do cristianismo e os primeiros mártires.
Basílica de São Lourenço Fora dos Muros
Erguida no local do túmulo de São Lourenço, diácono e mártir, esta basílica é venerada pela fé e coragem do santo, que foi martirizado no século III.
Basílica da Santa Cruz em Jerusalém
Esta igreja abriga relíquias da Paixão de Cristo, como pedaços da Vera Cruz. Foi construída para preservar as relíquias trazidas da Terra Santa.
O percurso
O percurso da peregrinação é simbólico de um caminho espiritual. Os peregrinos enfrentam o cansaço físico, que é uma forma de sacrifício oferecido a Deus. Tradicionalmente, os fiéis recitam orações em cada basílica, incluindo a Missa e a confissão. Além disso, o percurso é uma oportunidade para meditar sobre a vida dos santos, a paixão de Cristo, e o papel da Igreja no mundo.
Renascimento e atualidade
Embora tenha caído em desuso por um tempo, a peregrinação foi restaurada e é novamente popular entre os fiéis que visitam Roma. Atualmente, muitos grupos religiosos organizam esta peregrinação, especialmente durante os anos santos, como os jubileus. Com o Jubileu 2025 quase a começar, esta pode ser uma oportunidade maravilhosa para seguir os passos de antigos peregrinos ao longo do caminho das Sete Igrejas e apreciar as maravilhas da capital.
Conclusão
A Peregrinação das Sete Igrejas de Roma é mais que um simples passeio pelas basílicas da cidade. Trata-se de um ato de fé profundo que liga o peregrino às raízes da Igreja e à história dos primeiros mártires cristãos. Realizada há séculos, a peregrinação permanece uma tradição viva que continua a inspirar fé e devoção nos corações dos católicos de todo o mundo.