O que são os Novíssimos?

Na doutrina católica, os últimos acontecimentos que afetarão cada indivíduo no fim da sua jornada terrestre são chamados de «Novíssimos». São eles: morte, julgamento particular, purgatório, inferno e paraíso. O estudo dos Novíssimos também é conhecido como escatologia individual, pois trata exclusivamente do estudo individual do destino das almas após a morte, diferenciando-se assim da escatologia coletiva, que visa estudar os últimos acontecimentos relativos a toda a humanidade.

A escatologia, literalmente “ciência das últimas coisas”, é a reflexão teológica sobre o destino definitivo e final das pessoas e da criação. A escatologia cristã, na prática, está intimamente relacionada com a visão da morte e da vida após a morte: tem a ver com a ressurreição dos mortos, com a Vida Eterna, com o Dia do Juízo, com o regresso de Cristo. O Mistério Pascal já era lido pela primeira geração cristã como um acontecimento escatológico fundamental, que devolveu a esperança aos discípulos do Ressuscitado.

Origem

O termo «Novíssimos» é de origem bíblica, e pode ser encontrado no livro do Eclesiástico: «Em todas as tuas obras, lembra-te dos teus novíssimos, e jamais pecarás.» (Eclo 7,40). Desde os primeiros séculos de tradição cristã, é de costume nos mosteiros e abadias o exercício mental da lembrança da morte e suas consequências, como forma de disciplinar o coração e cultivar suas virtudes.

Os Novíssimos

  1. Morte
    A última coisa que acontece com a pessoa nesta vida. Com ela termina o período probatório. A sanção definitiva de corresponder ou não à vontade de Deus para a salvação manifestada através de Cristo decorre e é confirmada no julgamento particular. O sentido cristão da morte manifesta-se à luz do mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo, no qual repousa a nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo Jesus é exilado do corpo para viver com o Senhor (2 Coríntios 5.8). A morte é a conclusão definitiva da vida terrena, com ela terminam definitivamente todos os processos vitais. Com a morte começa a vida após a morte, cuja situação feliz ou infeliz é determinada pelas escolhas livres de cada pessoa.
  2. Julgamento (particular e universal)
    A morte põe fim à vida do homem como um tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina que apareceu em Cristo. O Novo Testamento fala do julgamento principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda, mas também afirma, em diversas ocasiões, a retribuição imediata que, após a morte, será dada a cada pessoa em relação às suas obras e fé. A parábola do pobre Lázaro e as palavras ditas por Cristo na cruz ao bom ladrão, bem como outros textos do Novo Testamento, falam de um destino final da alma que pode ser diferente para ambos. Desde o momento da sua morte, cada homem recebe a retribuição eterna na sua alma imortal, num julgamento particular que coloca a sua vida em relação a Cristo, pelo qual ou passará por uma purificação, ou entrará imediatamente na bem-aventurança do céu, ou será condenado para sempre. Julgamento Particular é aquele julgamento ao qual a pessoa humana é submetida imediatamente após a morte, onde a pessoa entra na sua dimensão definitiva, na aceitação ou rejeição de Deus, que será depois confirmado no julgamento universal.
  3. Purgatório
    Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. No Purgatório não há fogo, como costumamos imaginar, mas uma amarga consciência de ter esbanjado ou ignorado o amor de Deus. Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos. Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos.
  4. Paraíso
    O bem supremo que terão “aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus e que estão perfeitamente purificados”. A palavra paraíso refere-se à vida eterna e abençoada dos falecidos que desfrutam da visão da face de Deus usado principalmente na tradição cristã, mas não é exclusivo do cristianismo.
  5. Inferno
    Por inferno entendemos a condição daqueles que, depois da morte e da ressurreição dos mortos, se encontram no “estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados”. Esta condição de sofrimento eterno não representa uma mera e passiva condenação de Deus sobre o destino último do homem pecador, mas a consequência lógica e permanente das suas ações na vida terrena que não foram direcionadas ao duplo mandamento do amor a Deus e amar os outros. O oposto do inferno é o paraíso, ou seja, a condição de bem-aventurança perpétua daqueles que na vida terrena implementaram o duplo mandamento do amor a Deus e ao próximo.

Conclusão

Tudo isso que vimos deve ser para nós um grande apelo à conversão quotidiana e uma razão maior para nossa esperança nos Novos Céus e na Nova Terra prometida por Deus, onde “a morte deixará de existir, e não haverá mais luto, nem clamor, nem fadiga” (Ap 21,4). Sem descuidarmos da nossa vida terrena, devemos norteá-la pelos valores da vida eterna.

Partilha esta publicação:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *