O Papa é uma das figuras mais conhecidas e influentes do mundo, tanto no plano religioso como simbólico e até político. Para milhões de católicos, é o Sucessor de São Pedro, o Bispo de Roma e o chefe visível da Igreja Católica. Mas afinal, o que faz exatamente o Papa? Quais são as suas funções concretas, responsabilidades espirituais, administrativas e diplomáticas? Este artigo explora em detalhe o papel do Pontífice no governo da Igreja e na sua missão universal.
1. Chefe da Igreja Católica Universal
A palavra “Papa” vem do grego “pappas“, que significa “pai, patriarca”, e é por isso que também é chamado de “Santo Padre”.
O Papa é, acima de tudo, o pastor supremo da Igreja Católica, que reúne mais de 1,3 mil milhões de fiéis espalhados por todos os continentes. A sua função central é confirmar os irmãos na fé, guiando a Igreja com base no Evangelho e na doutrina apostólica.
O Papa tem a última palavra em matéria de fé e moral, sendo reconhecido como infalível apenas quando fala ex cathedra, isto é, de forma solene e definitiva sobre questões essenciais da doutrina cristã (uma definição rara e muito específica).
2. Bispo de Roma
O Papa não é apenas um líder global: é também o Bispo da Diocese de Roma, sede do cristianismo ocidental. Esta realidade dá fundamento à sua autoridade universal, pois, segundo a tradição, foi em Roma que São Pedro foi martirizado e sepultado.
Como bispo local, o Papa celebra sacramentos na cidade, nomeia bispos auxiliares e acompanha pastoralmente a vida da diocese romana.
3. Sucessor de São Pedro
Jesus confiou a Pedro a missão de “apascentar as ovelhas” (Jo 21,17) e de ser a “pedra” sobre a qual edificaria a sua Igreja (Mt 16,18). A Igreja Católica entende que esta missão continua através dos Papas, como sucessores legítimos do apóstolo Pedro.
Por isso, o Papa é visto como sinal de unidade da fé e da comunhão entre todos os católicos espalhados pelo mundo.
4. Líder espiritual e moral
O Papa é uma referência moral para crentes e não crentes. As suas encíclicas, exortações apostólicas e discursos abordam temas como a dignidade humana, a justiça social, o ambiente, a paz, a bioética e a solidariedade.
Ao longo dos pontificados recentes, os Papas tornaram-se vozes respeitadas em defesa dos direitos humanos, dos pobres, dos migrantes e da vida em todas as fases.
5. Nomeações
Cabe ao Papa nomear os bispos que governam as cerca de 3000 dioceses em todo o mundo, bem como criar novos cardeais. Os cardeais são os principais conselheiros do Papa e os eleitores do futuro sucessor.
O Papa também tem a palavra final na elevação de figuras de destaque da Igreja Católica à categoria de beatos ou santos, após um processo baseado em milagres e virtudes.
Estas nomeações moldam a Igreja no presente e no futuro, pois definem os responsáveis pela transmissão da fé, pela pastoral e pela administração eclesial.
Também tem o poder de convocar sínodos (reunião mundial entre laicos e religiosos) para discutir questões específicas.
6. Governo da Igreja através da Cúria Romana
O Papa conta com um conjunto de organismos chamados Cúria Romana, que funcionam como uma espécie de “governo central” da Igreja. Esta estrutura ajuda o Papa a:
- Supervisionar as dioceses e ordens religiosas;
- Promover a doutrina e a liturgia;
- Julgar casos canónicos;
- Coordenar a missão diplomática e pastoral da Igreja.
O Papa pode reorganizar ou reformar a Cúria, como fez, por exemplo, Francisco com a Constituição Praedicate Evangelium (2022).
7. Presidir às celebrações litúrgicas
O Papa preside às grandes celebrações litúrgicas do calendário cristão, como:
- Natal e Páscoa (com a bênção Urbi et Orbi);
- Semana Santa (especialmente o Tríduo Pascal);
- Canonizações de santos;
- Jornadas Mundiais da Juventude ou outros eventos internacionais.
Nestes momentos, o Papa aparece como figura unificadora da fé católica, transmitindo a força do Evangelho a milhões de pessoas.
8. Chefe de Estado
O Papa tem status de chefe de Estado e governa a Cidade do Vaticano, um Estado independente localizado em Roma e que também é o país mais pequeno do mundo, com apenas 44 hectares.
Como chefe de Estado da Cidade do Vaticano, o Papa mantém relações diplomáticas com mais de 180 países. Recebe embaixadores, chefes de Estado e líderes religiosos, e envia representantes (núncios apostólicos) por todo o mundo.
A diplomacia vaticana promove a paz, os direitos humanos e a liberdade religiosa, sendo respeitada mesmo por nações não católicas.
9. Viagens apostólicas
Desde Paulo VI, os Papas passaram a realizar viagens internacionais, levando a sua mensagem de fé, esperança e justiça a todos os cantos do mundo. João Paulo II visitou 129 países. Francisco deu especial atenção aos países periféricos, pobres ou em conflito.
As viagens apostólicas são momentos de encontro entre o Papa e o povo de Deus, reforçando os laços de comunhão e evangelização.
10. Ensino e transmissão da fé
O Papa é também um mestre da fé. Através de catequeses semanais, homilias, documentos e mensagens, explica e aprofunda o ensinamento cristão à luz dos desafios contemporâneos.
As suas palavras influenciam teólogos, catequistas, fiéis e até os media. Muitas das suas expressões tornam-se referência espiritual global (ex.: “Igreja em saída”, “globalização da indiferença”, etc.).
Conclusão
O Papa é simultaneamente pastor, mestre, governante e símbolo de unidade da Igreja Católica. A sua missão ultrapassa o plano institucional: ele é chamado a ser, no mundo contemporâneo, um sinal visível da presença de Cristo, a orientar e confirmar os irmãos na fé, com coragem, sabedoria e humildade.
Mais do que uma figura de poder, o Papa é um servidor: “Servus servorum Dei” – Servo dos servos de Deus, como se apresenta oficialmente desde o tempo de São Gregório Magno.