Neste dia, em 2023, o Papa Francisco benzia o Ícone Peregrino da Divina Misericórdia

O Ícone da “Peregrinatio Misericordiae”, designação usada pelas organizações que o promovem, é uma nova expressão da devoção à Divina Misericórdia que recebeu a bênção do Papa Francisco e começou a percorrer igrejas, praças e lares com um calendário previsto até 2033, ano jubilar proposto pela sua missão. A iniciativa procura unir devoção, caridade e evangelização num itinerário internacional que quer lembrar a centralidade da misericórdia na vida da Igreja.

Como nasceu o ícone e quem o promove

O ícone foi promovido pela Pequena Casa da Misericórdia, em Gela (Sicília, Itália), fruto do trabalho da Fraternidade Apostólica da Misericórdia e dos seus voluntários. A obra nasceu para assinalar dois aniversários locais, os 25 anos da Fraternidade e os 10 anos da Pequena Casa, e como sinal de serviço aos pobres e às comunidades mais fragilizadas.

O padre Pasqualino di Dio, missionário da Misericórdia e fundador da Pequena Casa, é a face pública do projecto. Foi ele quem levou o ícone ao Papa e tem explicado publicamente o sentido pastoral da iniciativa.

Bênção papal e data simbólica

O Papa Francisco abençoou o ícone durante uma audiência dedicada aos voluntários e hóspedes da Pequena Casa da Misericórdia, no dia 6 de novembro de 2023. Na ocasião, o Pontífice incentivou expressamente que a imagem fosse levada “às igrejas, praças e lares do mundo” até 2033, como sinal de evangelização e de esperança rumo ao próximo ciclo jubilar (incluindo o Jubileu ordinário de 2025 e o Jubileu da Redenção proposto para 2033).

A escolha do momento litúrgico para começar o itinerário, o Domingo da Divina Misericórdia (o segundo Domingo da Páscoa), realça a ligação teológica entre a Páscoa, o mistério da Redenção e a festa da Misericórdia instituída a partir das revelações a Santa Faustina Kowalska.

O ícone: técnica, iconografia e relicário incorporado

O ícone foi executado segundo a antiga técnica bizantina e os materiais canónicos da iconografia cristã (tinta à têmpera sobre suporte preparado segundo o costume iconográfico), respeitando o “cânone” da imagem da Divina Misericórdia que Santa Faustina descreveu e aprovou no seu tempo.

Além disso, a própria imagem contém relíquias colocadas na sua composição, um gesto que a organização descreve como sinal de comunhão dos santos com a missão da misericórdia. Entre as relíquias mencionadas encontram-se fragmentos associados a São João Paulo II, Santa Faustina Kowalska, Santa Teresa do Menino Jesus, Santa Teresa de Calcutá e o Beato Carlo Acutis. Estas presenças foram destacadas pelo padre Pasqualino e por comunicados ligados ao lançamento do projecto.

Finalidade pastoral: por que peregrinar até 2033?

Os objetivos pastorais da peregrinação são múltiplos:

  • Recordar e difundir a mensagem da Divina Misericórdia (confiança em Jesus, oração e obras de misericórdia).
  • Levar consolo e presença a comunidades pobres, marginalizadas e a espaços onde a obra da misericórdia já actua (refeitório, centros de escuta, bancos alimentares, prisões, hospitais). A ligação com a Pequena Casa da Misericórdia torna explícita a prioridade pelos últimos.
  • Preparar simbolicamente os fiéis para os grandes eventos jubilares que se aproximam (Jubileu 2025 e o projecto de Jubileu da Redenção em 2033), entendendo a misericórdia como eixo da missão da Igreja na contemporaneidade.

O apelo papal para que a imagem chegue a “igrejas, praças e lares” sublinha a dimensão doméstica e comunitária desta devoção: o ícone não é feito só para santuários, mas para acompanhar a fé quotidiana das pessoas.

Como começou a peregrinação e quem a organiza

Segundo os comunicados, a peregrinação internacional começou no Domingo da Divina Misericórdia (abril de 2024, conforme o calendário desse ano), com uma fase inicial organizada pelos responsáveis em Gela e por redes de voluntariado, paróquias e organizações locais que se comprometeram a acolher a imagem e a promover actos litúrgicos e caritativos em torno dela.

A organização do itinerário baseia-se em acordos locais: dioceses, paróquias e movimentos são chamados a inscrever-se e a preparar momentos de oração, confissão, obras de misericórdia e catequese sempre que o ícone visita uma comunidade. O projecto privilegia a presença junto dos pobres e a colaboração com estruturas de caridade (Cáritas, comunidades locais, serviços sociais).

Relação com a tradição da Divina Misericórdia

A iniciativa insere-se na longa história da devoção da Divina Misericórdia: a imagem que Santa Faustina pediu, a Festa da Misericórdia (segundo Domingo da Páscoa) e o impulso missionário de São João Paulo II (que revalorizou e difundiu a devoção) são o pano de fundo teológico. A Peregrinatio quer, por isso, ser uma expressão contemporânea dessa tradição, adequada ao testemunho da Igreja em saída que o Papa Francisco promove.

Reações e cobertura mediática

A notícia da bênção e do itinerário recebeu atenção ampla da imprensa católica internacional (Vatican News, ACI Prensa, ACI Digital, EWTN e outros meios de informação), que sublinharam tanto o gesto do Papa como o carácter social e missionário do projecto. Os comunicados salientaram igualmente a inclusão das relíquias e o apoio pastoral dado pelo próprio Pontífice à Pequena Casa da Misericórdia.

Questões práticas e como participar

Para as comunidades que queiram acolher o ícone, a via prática costuma passar por contacto directo com a equipa organizadora em Gela ou com as estruturas diocesanas locais que façam coordenação. Em cada acolhimento são sugeridos momentos centrais: celebração eucarística, horas de adoração e confissão, encontros formativos sobre a misericórdia e iniciativas de serviço aos pobres. (Informações e contactos concretos são facultados pelos organizadores locais e por canais oficiais ligados à Peregrinação.)

Um sinal para os próximos jubileus

A peregrinação até 2033 foi pensada como um gesto prolongado de preparação espiritual e pastoral: atravessando um ciclo que inclui o Jubileu de 2025, pretende manter acesa a recordação de que a misericórdia é o rosto do Evangelho e que a responsabilidade cristã se manifesta tanto na oração como nos gestos concretos de caridade.

Conclusão

O Ícone Peregrino da Divina Misericórdia, abençoado por Francisco e promovido a partir de Gela, é hoje um instrumento pastoral que combina arte sagrada, devoção e serviço social. Ao percorrer o mundo até 2033, a sua missão é simples e exigente: lembrar que a misericórdia é o coração do cristianismo, que cura, reconcilia e envia. Para além do simbolismo, o verdadeiro fruto desta peregrinação será medido pelas transformações espirituais e pelas iniciativas de caridade que inspirar nas comunidades que o acolherem.

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