O venerado quadro ou escultura do Bambino Gesù di Aracoeli — ou “Menino Jesus de Aracoeli” — é uma das imagens marianas e cristológicas mais queridas em Roma, guardada na Basílica de Santa Maria in Aracoeli, no Monte Capitólio. A sua coroação canónica, reconhecida oficialmente pela Santa Sé em 1897, marca um momento importante da devoção popular e do reconhecimento eclesial desta imagem.
Origens e contexto da devoção
Segundo as tradições da Basílica de Santa Maria in Aracoeli, o Bambino Gesù foi esculpido no século XV, possivelmente a partir de um bloco de madeira de oliveira do Jardim das Oliveiras em Jerusalém, por um frade franciscano que retornou à Itália.
A imagem mostra o Menino Jesus em pé, ricamente adornado com joias, roupas finas e uma coroa, e ao longo dos séculos tornou-se alvo de grande veneração dos fiéis de Roma, por petições de graças, curas e intervenções misteriosas atribuídas à sua intercessão.
A 18 de janeiro de 1894, o Papa Leão XIII autorizou oficialmente a devoção pública à imagem e concedeu indulgências a quem recitasse orações em sua honra.
Alguns anos mais tarde, a 2 de maio de 1897, o mesmo Papa Leão XIII aprovou formalmente a coroação canónica da imagem — gesto de reconhecimento da devoção que ela já despertava e de confirmação da sua importância espiritual.
O rito da coroação canónica
A coroação canónica é um ritual mediante o qual o Papa ou a autoridade eclesiástica delegada impõe uma coroa ou diadema a uma imagem venerada, reconhecendo-a canonicamente como digna de culto eclesial especial. No caso do Bambino Gesù di Aracoeli, a cerimónia de 2 de maio de 1897 proclamou formalmente a sua coroação, marcando-se assim uma data para peregrinações, venerações e manifestações de fé.
Com esta coroação, a imagem passou a integrar-se no conjunto de “imagens miraculosas” ou “não feitas por mãos” que recebem culto mais intenso e reconhecido pela Igreja.
Significado espiritual e pastoral
A coroação simboliza que aquela imagem, embora de madeira e joias, representa Cristo Menino, e como tal merece honra e veneração. No ambiente romano, o Bambino Gesù tornou-se sinal da infância de Jesus, da ternura de Deus para com as crianças, pela pobreza e pela alegria da fé simples.
Nas celebrações de Natal e Epifania, a imagem era ou é ainda venerada com especial devoção: vestida e coroada, exposta ao povo, com grandes ex-votos e manifestações populares. A coroa e as joias que a acompanham são expressão visível da gratidão dos fiéis pelas graças recebidas.
Impacto e desenvolvimento posterior
Após a coroação de 1897, a devoção do Bambino Gesù manteve-se viva. Em 8 de janeiro de 1984, o Papa João Paulo II proferiu uma bênção especial à imagem no contexto do Jubileu das Crianças, reforçando o valor infantil e evangélico da devoção.
A Basílica de Santa Maria in Aracoeli continua a acolher peregrinos que veneram o Menino Jesus coroado, como também o faz a cidade de Roma, onde o “Santo Bambino” (como é carinhosamente chamado) é reputado milagroso em certas curas ou graças alcançadas.
Conclusão
A coroação canónica do Bambino Gesù di Aracoeli recorda que a Igreja honra não só os santos e as imagens marianas, mas também Cristo Menino, Aquele que se fez pequeno para elevar os humildes.
Que, contemplando essa imagem coroada, cada fiel possa lembrar-se da criança pobre em Belém, e abra-lá com a ternura de Maria, reconhecendo-o como Rei dos humildes e Salvador de todos.
Ao venerar este Menino Jesus coroado, seja-nos dada a graça da fé simples, da confiança filial e da alegria que brota da presença de Deus no meio de nós.