Neste dia, em 1825, o Uruguai tornava-se independente graças à Virgem dos Trinta e Três

A devoção à Virgem dos 33 está profundamente enraizada na própria história do Uruguai. No início do século XIX, a Banda Oriental encontrava-se sob domínio do Império do Brasil. Foi então que, a 19 de abril de 1825, um grupo de patriotas atravessou o Rio da Prata para iniciar a luta pela libertação da pátria. Eram trinta e três homens liderados por Juan Antonio Lavalleja e Manuel Oribe, que ficaram conhecidos como os Treinta y Tres Orientales.

O lema que levavam gravado no coração, “Libertad o Muerte”, era a expressão da sua coragem e determinação. A sua ação resultou, poucos meses depois, a 25 de agosto de 1825, na Florida, foi reunida a Assembleia Nacional Constituinte da República do Uruguai. Nesta ocasião, declararam oficialmente a Independência do Uruguai

A pequena imagem de Maria em Florida

No mesmo ano, existia na vila de Florida uma pequena ermida onde se venerava uma imagem de madeira de Nossa Senhora. Tinha apenas 36 centímetros, era de estilo colonial simples, provavelmente esculpida por artesãos jesuítas no século XVIII. A representação era modesta, mostrando Maria de pé, com as mãos postas em oração e um manto azul a cobrir-lhe a figura.

Quando os “33 Orientais” chegaram a Florida, dirigiram-se a esta ermida para rezar. Ali depositaram aos pés da Virgem a bandeira tricolor azul, branca e vermelha, símbolo da pátria livre que sonhavam fundar. Diante da imagem, renovaram a decisão de lutar até ao fim pela independência, entregando o futuro da nação à proteção materna de Maria. Foi esse gesto que transformou aquela pequena imagem na “Virgem da Pátria”, conhecida desde então como Virgem dos 33.

Após o juramento diante da Virgem, os soldados entraram na batalha final cheios de força renovada, tendo conquistado várias cidades.

A partir desse momento glorioso para a nação uruguaia, o povo passou a chamar a imagem milagrosa da Virgem Maria de “Nossa Senhora dos Trinta e Três”, em homenagem aos 33 soldados que lutaram sob a proteção da Mãe de Deus. Em 1857, o general Manuel Oribe,  segundo chefe dos 33 soldados ofereceu uma coroa preciosa à Virgem dos Trinta e Três, como forma de agradecimento pela vitória. Esta coroa é conservada até hoje no tesouro da catedral de Flórida.

O reconhecimento da Padroeira

Com o passar das décadas, a devoção popular foi crescendo e a imagem tornou-se o grande símbolo da fé mariana do povo uruguaio. Em 1857, o Papa Pio IX concedeu aprovação oficial ao culto da Virgem dos 33. Mais de um século depois, a 11 de novembro de 1961, o Papa João XXIII permitiu a coroação pontifícia da imagem e, em novembro de 1962, a Virgem dos Trinta e Três foi proclamada padroeira do Uruguai.

Na antiga ermida levantou-se a atual Catedral Basílica de Florida, que guarda a imagem original no altar principal. Todos os anos, em novembro, milhares de fiéis de todo o país peregrinam até Florida para honrar a sua Padroeira, renovando o gesto de entrega que os “33” fizeram em 1825.

Aos pés da imagem há uma inscrição que diz: “Diante desta imagem de Nossa Senhora de Luján del Pintado, os trinta e três inclinaram a sua bandeira tricolor; a Ela também invocaram os Convencionais da Independência. Nossa Senhora dos Trinta e Três relembra os 33 homens que, sob a proteção de Nossa Senhora, empreenderam a independência do país em 1825”.

O olhar da Igreja Universal

A devoção ganhou uma nova dimensão em 1988, quando São João Paulo II visitou Florida e rezou diante da imagem. Nesse momento, coroou-a solenemente como Rainha e Padroeira do Uruguai, confirmando a sua importância espiritual e nacional. O Papa sublinhou que Maria sempre acompanha a história dos povos, e que no Uruguai, desde os primórdios da independência, a Virgem dos 33 tem sido Mãe protetora, guia de fé e de justiça.

Um símbolo de fé e de pátria

A Virgem dos 33 é, hoje, mais do que a memória de um episódio histórico. É um sinal vivo de que a liberdade verdadeira nasce da confiança em Deus. A pequena imagem de madeira, guardada com tanto carinho em Florida, tornou-se um dos maiores tesouros espirituais do país. É a expressão da unidade nacional, recordando que a pátria nasceu debaixo do olhar maternal de Maria, e continua a ser sustentada pela sua intercessão.

Conclusão

A história da Virgem dos 33 mostra como a fé e a pátria caminham juntas. O mesmo gesto que animou os heróis da independência permanece hoje na vida de cada uruguaio que se ajoelha diante da sua Padroeira. Simples, pequena e discreta, a imagem de Nossa Senhora dos 33 é o coração espiritual do Uruguai e continua a ser fonte de esperança para todos os que nela encontram a Mãe que conduz sempre a Cristo.

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