Neste dia, em 1139, o Papa Inocêncio II oficializava a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários

A Ordem dos Cavaleiros Templários foi uma das mais poderosas e influentes ordens militares da Idade Média, tendo desempenhado um papel crucial nas Cruzadas e na proteção dos peregrinos cristãos na Terra Santa. Embora tenha sido fundada por volta de 1119-1120, foi apenas em 1139 que a ordem recebeu o reconhecimento oficial da Igreja Católica, através da bula “Omne Datum Optimum”, emitida pelo Papa Inocêncio II.

Essa bula papal garantiu aos Templários privilégios extraordinários, conferindo-lhes autonomia e proteção especial do papado, o que ajudou a transformar a ordem numa das mais ricas e poderosas do seu tempo.

A fundação dos Cavaleiros Templários

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, mais conhecida como Ordem dos Templários, foi fundada em Jerusalém por Hugo de Payens e um pequeno grupo de cavaleiros franceses, por volta de 1119-1120. O objetivo inicial era proteger os peregrinos cristãos que viajavam até à Terra Santa após a Primeira Cruzada (1096-1099).

O rei Balduíno II de Jerusalém concedeu-lhes uma sede no Monte do Templo, em Jerusalém, nas ruínas do antigo Templo de Salomão – de onde deriva o nome Templários.

A ordem cresceu rapidamente e atraiu o apoio da nobreza europeia, mas para se consolidar como uma instituição oficial e expandir as suas atividades, precisava do reconhecimento e apoio da Igreja.

O Concílio de Troyes e o apoio de Bernardo de Claraval

O primeiro grande passo para a oficialização da ordem ocorreu em 1129, durante o Concílio de Troyes, em França. Neste concílio, os Templários receberam uma regra monástica formal, baseada na regra dos Cistercienses, graças à influência de São Bernardo de Claraval, um dos homens mais respeitados da Cristandade na época.

São Bernardo, grande defensor da ordem, escreveu um tratado intitulado “Elogio da Nova Milícia”, onde exaltava os Templários como guerreiros de Cristo, que lutavam pela fé e não por ambição pessoal. Esse apoio foi fundamental para que a ordem ganhasse prestígio e atraísse doações e recrutas.

Contudo, apesar desse reconhecimento inicial, a ordem ainda estava subordinada às autoridades eclesiásticas locais. Para alcançar total independência e privilégios próprios, os Templários precisavam do apoio direto do Papa.

A bula “Omne Datum Optimum” e a oficialização da Ordem

Em 1139, o Papa Inocêncio II emitiu a bula “Omne Datum Optimum”, um documento papal que concedia à Ordem dos Templários privilégios sem precedentes.

Os principais benefícios da bula foram:

  1. Proteção direta do Papa – A ordem passou a responder apenas ao Papa, ficando isenta do controlo de bispos e reis. Isso significava que os Templários tinham liberdade para atuar sem interferência das autoridades locais.
  2. Isenção de impostos – A bula determinava que nenhum tributo ou taxa poderia ser cobrado sobre os bens e doações da ordem. Isso permitiu que os Templários acumulassem grandes riquezas e propriedades por toda a Europa.
  3. Autorização para recolher fundos e recrutar membros – A ordem poderia aceitar doações livremente e recrutar cavaleiros e monges sem precisar da aprovação de bispos locais.
  4. Permissão para ter os seus próprios capelães – Os Templários puderam designar sacerdotes próprios, o que lhes dava independência na celebração de missas e na administração dos sacramentos.

Com essa bula, a Ordem dos Templários tornou-se oficialmente reconhecida pela Igreja e recebeu poderes que poucas outras organizações religiosas tinham.

O impacto da bula papal na expansão da Ordem

A oficialização pelo Papa Inocêncio II foi um dos momentos mais importantes da história dos Templários, pois permitiu que a ordem se expandisse rapidamente por toda a Europa e na Terra Santa.

Com a proteção e o apoio direto do Papa, os Templários atraíram generosas doações de terras, ouro e castelos, tornando-se uma das instituições mais ricas da Cristandade. Além disso, receberam milhares de recrutas, incluindo nobres que desejavam combater nas Cruzadas.

A ordem também começou a atuar como banco, emprestando dinheiro a reis e nobres, armazenando riquezas e criando um sistema de pagamentos inovador para os peregrinos que viajavam para a Terra Santa.

A sua influência tornou-se tão grande que, nos séculos seguintes, passou a despertar inveja e desconfiança, especialmente entre os monarcas europeus, o que acabaria por levar à perseguição e à extinção da ordem em 1312, por ordem do Papa Clemente V, sob pressão do rei Filipe IV de França.

Conclusão

A bula “Omne Datum Optimum”, emitida pelo Papa Inocêncio II em 1139, foi fundamental para transformar os Cavaleiros Templários numa das mais poderosas instituições da Idade Média.

Ao garantir-lhes autonomia, isenção de impostos e proteção direta do Papa, a Igreja permitiu que a ordem crescesse exponencialmente, tornando-se uma força militar, económica e espiritual de grande relevância nas Cruzadas e na Europa.

Embora tenham sido extintos oficialmente no século XIV, os Templários continuam a fascinar historiadores e estudiosos até hoje, e o reconhecimento concedido por Inocêncio II marcou o início do seu período de ouro, consolidando o seu papel na história da Cristandade.

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