Estigmatizados na Igreja Católica, quem são e qual o significado

Os estigmatizados são indivíduos que, segundo a tradição católica, apresentam na sua carne as chagas de Cristo crucificado, de forma milagrosa. Esses sinais são as cinco feridas correspondentes às mãos, pés e o lado de Cristo, ou outras variações relacionadas com a Paixão.

Os estigmas são considerados um fenómeno místico, e muitos dos santos que os receberam tiveram uma vida profundamente marcada pela oração, penitência e sacrifício. Embora sejam sinais físicos, a Igreja vê-os principalmente como manifestações de uma intensa união espiritual com Cristo.

Os primeiros casos de estigmatizados

O primeiro e mais conhecido caso de estigmatização foi São Francisco de Assis (1181-1226). No final da vida, durante uma experiência mística no Monte Alverne em 1224, ele teria recebido os estigmas, que foram testemunhados pelos companheiros e tornaram-se um dos maiores símbolos da sua santidade e identificação com Cristo crucificado.

Outros santos estigmatizados

Santa Catarina de Sena (1347-1380): Teve os estigmas invisíveis, que mais tarde tornaram-se visíveis no final da vida. Santa Catarina é também conhecida pelas visões e intenso compromisso com a vida espiritual.

São Pio de Pietrelcina (1887-1968): Foi o estigmatizado mais famoso do século XX. Recebeu os estigmas em 1918, que carregou até à morte, sendo sujeito a inúmeras investigações médicas e religiosas. São Pio foi venerado em vida como um santo pelos fiéis que o procuravam para confissão e cura.

Santa Rita de Cássia (1381-1457): Além de carregar os estigmas, era conhecida por um sofrimento extraordinário e uma vida de oração e dedicação ao próximo.

Características dos estigmas

Os estigmas podem aparecer de várias formas: alguns são visíveis, como no caso de São Francisco e Padre Pio, outros são invisíveis, como ocorreu com Santa Catarina de Sena. Geralmente, são associados a uma profunda espiritualidade e participação no sofrimento de Cristo. As feridas muitas vezes surgem de maneira inexplicável e são acompanhadas de um grande sofrimento físico e espiritual.

Investigação pela Igreja

A Igreja Católica adota uma abordagem cautelosa e rigorosa ao analisar casos de estigmatização. Para que o fenómeno seja considerado genuíno, a Igreja conduz investigações que envolvem médicos, teólogos e outros especialistas. Apenas após um processo meticuloso, o fenómeno pode ser aceito como autêntico. No entanto, mesmo em casos confirmados, os estigmas são vistos mais como um dom de Deus à pessoa em questão do que um sinal de santidade objetiva.

Fenómenos associados

Além dos estigmas, muitos desses santos também manifestaram outros fenómenos místicos, como êxtases, bilocação (capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo), levitação, e mesmo o “odor de santidade”, um cheiro agradável que emanaria dos seus corpos.

Conclusão

Os estigmatizados são vistos como sinais vivos da Paixão de Cristo, pessoas cujas vidas estão profundamente unidas ao mistério do sofrimento redentor. Embora sejam fenómenos extraordinários, o foco principal da Igreja está na santidade de vida dessas figuras e no seu exemplo de fé, mais do que no fenómeno físico em si.

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