Neste dia, em 1985, realizava-se o Encontro Mundial dos Jovens em Roma

Em 1985, a Igreja Católica viveu um momento que viria a marcar profundamente o seu relacionamento com as novas gerações. Nesse ano, proclamado pelas Nações Unidas como Ano Internacional da Juventude, o Papa São João Paulo II decidiu convocar um grande Encontro Mundial dos Jovens em Roma, um evento que seria o embrião daquilo que, mais tarde, se tornaria a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), uma das maiores expressões de fé e alegria da Igreja contemporânea.

O contexto do Ano Internacional da Juventude (1985)

O ano de 1985 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional da Juventude, sob o tema “Participação, Desenvolvimento e Paz”. A intenção era refletir sobre o papel da juventude na sociedade e promover a sua contribuição para um mundo mais justo e solidário.

O Papa João Paulo II, sensível às inquietações e esperanças dos jovens, viu nessa ocasião uma oportunidade providencial para aprofundar o diálogo da Igreja com a juventude e reafirmar o seu lugar no coração da comunidade cristã. Desde o início do seu pontificado, João Paulo II mostrara um carinho especial pelos jovens, chamando-os de “esperança da Igreja e do mundo” e convidando-os a seguir Cristo com coragem e autenticidade.

A convocação do Encontro Mundial dos Jovens

Em resposta ao apelo das Nações Unidas e movido por um forte impulso pastoral, o Papa convocou um Encontro Mundial dos Jovens em Roma, a realizar-se no Domingo de Ramos, 31 de março de 1985.
A escolha desta data não foi por acaso: desde 1984, o Domingo de Ramos tinha sido identificado por João Paulo II como o Dia da Juventude, recordando a entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, símbolo de fé, entusiasmo e entrega, virtudes próprias dos jovens.

O encontro de 1985 foi organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos, presidido então pelo Cardeal Eduardo Pironio, com o objetivo de reunir jovens de todo o mundo em torno do Papa, para rezar, refletir e celebrar juntos a fé cristã.

O encontro em Roma — 31 de março de 1985

O evento reuniu mais de 250 mil jovens provenientes de todos os continentes. As celebrações decorreram principalmente na Praça de São Pedro e nas imediações do Vaticano.
O Papa João Paulo II recebeu os jovens com grande alegria e dirigiu-lhes palavras que ecoam até hoje na memória da Igreja:
É a vós, jovens do mundo inteiro, que a Igreja confia a tarefa de serdes testemunhas da esperança que habita em vós.

Durante o encontro, o Papa entregou aos jovens uma cruz de madeira, conhecida hoje como Cruz da JMJ ou “Cruz dos Jovens”, como símbolo da fé e da missão confiada à juventude cristã. Ele convidou-os a levá-la “por todo o mundo, como sinal do amor do Senhor Jesus à humanidade”.

Essa cruz, simples e sem ornamentações, tornar-se-ia, nos anos seguintes, o símbolo permanente da Jornada Mundial da Juventude, peregrinando de país em país antes de cada edição do evento.

A mensagem de João Paulo II aos jovens (1985)

Por ocasião deste encontro, o Papa publicou também uma Carta Apostólica aos Jovens intitulada “Dilecti Amici” (“Queridos Amigos”), datada de 31 de março de 1985.
Nesta carta, o Papa expressava o seu amor e confiança nos jovens, exortando-os a procurar a verdade, a beleza e a santidade.

É a vós, jovens, que pertence o futuro, mas é também convosco que o futuro da Igreja começa já hoje.

A carta procurava responder às grandes perguntas que inquietam os corações jovens: o sentido da vida, a vocação, a liberdade e o amor. João Paulo II apresentava Cristo como o amigo fiel e guia seguro, capaz de conduzir cada jovem à plenitude da existência.

O nascimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)

O sucesso e a repercussão do Encontro Mundial dos Jovens de 1985 foram tão grandes que o Papa, movido pela alegria e pela fé vivida durante o evento, decidiu institucionalizar uma celebração anual e internacional da juventude.

Assim, a 20 de dezembro de 1985, João Paulo II anunciou oficialmente a criação da Jornada Mundial da Juventude (World Youth Day), a ser celebrada todos os anos a nível diocesano (no Domingo de Ramos) e periodicamente em encontros internacionais em diferentes países.

A primeira JMJ oficial realizou-se em 1986, em Roma, seguida de Buenos Aires (1987), e desde então transformou-se num dos maiores encontros religiosos do planeta, reunindo milhões de jovens em oração, partilha e alegria.

O legado espiritual e pastoral do encontro de 1985

O Encontro Mundial dos Jovens de 1985 não foi apenas um evento, mas o início de um movimento global.
A partir dali, a Igreja compreendeu a importância de dar voz e espaço aos jovens, valorizando o seu entusiasmo e o seu desejo de ser protagonistas na missão evangelizadora.

A “Cruz dos Jovens”, entregue nesse encontro, tornou-se o símbolo vivo da fé e da unidade das novas gerações católicas. O espírito daquele dia de 1985 continua presente em cada JMJ, em cada canto e oração, em cada jovem que responde ao convite do Papa: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19).

Conclusão

O Encontro Mundial dos Jovens de 1985 foi um momento histórico de graça, comunhão e profecia.
Nasceu do coração de São João Paulo II, que viu na juventude não apenas o futuro, mas o presente vibrante da Igreja.
O que começou como um simples encontro, em resposta a uma celebração internacional, transformou-se num movimento global de fé e esperança, que até hoje continua a inspirar milhões de jovens em todo o mundo.

Cada Jornada Mundial da Juventude é, de certa forma, uma continuação daquele primeiro abraço entre o Papa e os jovens, em Roma, no Domingo de Ramos de 1985 — o dia em que a Igreja redescobriu que a sua força está no entusiasmo da juventude e na alegria de seguir Cristo juntos.

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