Neste dia, em 1950, o Papa Pio XII via no Vaticano um fenómeno parecido ao “milagre do sol” de Fátima

Entre os relatos menos conhecidos, mas muito sugestivos, sobre aparições e fenómenos sobrenaturais ligados à Virgem Maria, surge uma anotação atribuindo a Papa Pio XII uma experiência pessoal que se assemelha ao “Milagre do Sol”, ocorrido em Fátima em 1917. O episódio está relacionado com a proclamação do dogma da Assunção de Maria, em 1950, e apareceu em documentos privados descobertos tardiamente.

O que se sabe: datas, contexto e descrição

A 30 de outubro de 1950, por volta das 16h00, Pio XII fazia a sua caminhada habitual nos jardins do Vaticano. Estava nos jardins, lendo e estudando, e dirigia-se para a estátua de Nossa Senhora de Lourdes, no Vaticano.

Ele viu o sol, ainda bastante alto, aparecer como um globo opaco amarelado, rodeado por um círculo luminoso. Havia uma nuvem muito leve que se interpôs, mas mesmo assim ele podia olhar para o sol sem desconforto. O globo opaco movia-se um pouco, girava ou deslocava-se de um lado para outro. No interior do globo, ele percebeu movimentos fortes, visíveis com clareza e sem interrupção.

Ele considerou este fenómeno como uma confirmação do que ia fazer dois dias depois (proclamação do dogma da Assunção de Maria), após receber apenas seis respostas com algumas preocupações, de um total de 1.181 provenientes de todo o mundo, depois de uma consulta que teve início de forma reservada em 1946.

Outras ocasiões

Ele relata ter visto esse fenómeno também em 31 de outubro, 1 de novembro (data em que o dogma da Assunção foi proclamado), e a 8 de novembro de 1950.

Em outros dias, tentou observar o mesmo fenómeno à mesma hora, em condições similares, mas sem sucesso.

O significado e as incertezas

Significado espiritual

Muitos fiéis interpretam este fenómeno como um sinal do céu, uma confirmação divina do momento solene da proclamação do dogma da Assunção.

Papa Pio XII era muito devoto de Fátima e da Virgem Maria, e via paralelos entre Fátima e esse episódio nos jardins do Vaticano. O facto de ele usar esse fenómeno como confirmação interna reforça a conexão espiritual entre devoção mariana, Revelação privada (Fátima) e magistério da Igreja.

Incertezas / o que não está confirmado

Pio XII não usou a palavra “milagre” nos seus manuscritos para descrever o fenómeno; ele regista-o, mas com prudência.

O manuscrito original esteve nos arquivos familiares da Pacelli, e só foi publicamente revelado muito mais tarde, não tendo passado por processo oficial de reconhecimento de milagre pela Igreja.

Não há testemunhas públicas independentes documentadas que reportem o fenómeno além do Papa e de pessoas próximas (alguns cardeais e freiras do apartamento papal). Ou seja, depende muito de testemunho interno.

Como este relato se compara com o “Milagre do Sol” de Fátima

ElementoFátima (1917)Relato de Pio XII (1950)
Data / Local13 de outubro de 1917, Fátima, Portugal30 de outubro de 1950 (e dias seguintes), Jardins do Vaticano
Presença popularMultidão de milhares de pessoas testemunhaObservador(es): o Papa e pessoas próximas
Natureza visualSol “dança”, altera cor, movimentos bruscos, visível mesmo por tempo breveGlobo opaco, movimento leve, círculo luminoso, visível, mas sem ferir os olhos
Integração no cultoMilagre prometido por Nossa Senhora e amplamente aceite pela devoção popularInterpretado por Pio XII como confirmação interna de um acto magisterial; não houve culto público específico ligado ao fenómeno

Conclusão

O relato de Papa Pio XII sobre o fenómeno solar nos jardins do Vaticano em 1950 é um testemunho fascinante que reflete como a fé mariana, as aparições de Fátima e os grandes dogmas da Igreja, como a Assunção de Maria, podem estar entrelaçados por sinais contemplativos.

Embora não haja confirmação formal de milagre segundo os critérios canónicos da Igreja, o facto de Pio XII ter escrito e relatado essa experiência pessoal, com datas precisas e descrição detalhada, mostra que para ele aquilo foi uma graça, entendida como “confirmação celestial”.

Para os fiéis, este episódio é um convite à atenção aos sinais do céu, à oração e à confiança, lembrando que Deus fala de muitos modos — inclusive através da luz, do sol e da criação — para fortalecer a fé.

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