Santa Juliana nasceu em Nicomédia, na Ásia Menor (atualmente parte da Turquia), provavelmente no final do século III. Filha de um senador pagão chamado Africano, Juliana foi educada num ambiente aristocrático, mas desde cedo abraçou a fé cristã, contrariando as tradições religiosas da sua família. Apesar da oposição do pai, manteve-se firme na sua crença em Cristo, demonstrando desde jovem um carácter decidido e um espírito profundamente piedoso.
Fé inabalável e recusa do matrimónio
O episódio mais marcante da sua vida ocorreu quando o seu pai a prometeu em casamento a um oficial romano chamado Eleúsio, um homem influente e pagão. Juliana, já então convertida e decidida a consagrar a sua virgindade a Deus, recusou o casamento. Disse abertamente que só aceitaria casar-se se o noivo se convertesse ao cristianismo, o que enfureceu tanto Eleúsio como o seu pai. Considerada uma afronta grave à autoridade e às tradições familiares, essa recusa resultou na sua denúncia às autoridades.
Perseguição e martírio
Juliana foi presa durante as perseguições ordenadas pelo imperador Diocleciano. No cárcere, foi sujeita a vários interrogatórios e ameaças, mas permaneceu fiel à sua fé. Conta a tradição que, enquanto estava presa, foi tentada por uma figura demoníaca disfarçada de anjo que a incitava a renegar Cristo. Juliana, porém, discerniu o engano e invocou o nome de Jesus, vencendo espiritualmente essa provação. Recusando sacrificar aos deuses pagãos, sofreu torturas cruéis: foi açoitada, queimada e submetida a outras formas de violência física, mas continuou a proclamar a sua fé com serenidade e firmeza. Acabou por ser decapitada por volta do ano 304.
Culto e devoção
O culto de Santa Juliana espalhou-se rapidamente no Oriente e depois no Ocidente, particularmente através da veneração das suas relíquias. Algumas das suas relíquias terão sido levadas para Nápoles, em Itália, onde se tornou particularmente venerada. Diversas igrejas na Europa, sobretudo em Itália e nos Países Baixos, foram dedicadas à sua memória. A sua festa litúrgica é celebrada a 16 de fevereiro.
Testemunho de fé e inspiração para os fiéis
Santa Juliana é um modelo de pureza, coragem e fidelidade a Cristo em tempos de adversidade. A sua história, embora envolta em elementos hagiográficos típicos da literatura cristã primitiva, permanece uma inspiração para os fiéis de todas as idades. É especialmente invocada pelos jovens e pelas virgens consagradas como intercessora na luta pela fidelidade a Deus e na resistência às tentações do mundo. A sua vida recorda a todos os cristãos a importância de permanecer firmes na fé, mesmo quando essa fidelidade implica sacrifício e sofrimento.