A devoção a Maria, Mãe da Igreja (Mater Ecclesiae), encontra na Praça de São Pedro, no coração do Vaticano, uma expressão única através de um mosaico colocado por desejo do Papa São João Paulo II. Mais do que um simples ornamento artístico, esta obra representa uma profunda profissão de fé na missão maternal da Virgem Maria em relação a toda a Igreja, especialmente no tempo contemporâneo.
A origem da devoção a Maria Mater Ecclesiae
O título Mater Ecclesiae – Mãe da Igreja – foi solenemente proclamado pelo Papa Paulo VI em 21 de novembro de 1964, no encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II. Ao declarar Maria como Mãe da Igreja, Paulo VI quis reforçar a consciência de que Maria, ao lado de Cristo e em comunhão com os apóstolos, exerce uma maternidade espiritual sobre todos os cristãos.
Esta proclamação encontrou grande eco na Igreja e tornou-se, anos mais tarde, um dos pilares do pontificado de João Paulo II, que tinha uma profunda devoção mariana expressa no seu lema “Totus Tuus” (Todo teu).
O desejo de João Paulo II
Em 1981, após o atentado sofrido na Praça de São Pedro a 13 de maio – dia em que a Igreja celebra Nossa Senhora de Fátima – João Paulo II sentiu de modo especial a proteção maternal de Maria. A sua recuperação milagrosa levou-o a reforçar ainda mais o lugar da Virgem na vida da Igreja.
Foi neste contexto que decidiu mandar colocar, na fachada do Palácio Apostólico, um mosaico que perpetuasse a presença de Maria junto da Praça de São Pedro, onde diariamente os fiéis do mundo inteiro se reúnem.
O mosaico Maria Mater Ecclesiae
O mosaico foi colocado em 7 de dezembro de 1981, festa da Imaculada Conceição, como sinal de gratidão de João Paulo II a Nossa Senhora pela sua proteção.
A obra foi executada com base num ícone mariano muito antigo, venerado no Vaticano, e representa a Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços, olhando com ternura para a humanidade. Na parte inferior da imagem, encontra-se a inscrição “Mater Ecclesiae” (Mãe da Igreja).
Localizado no lado esquerdo da Praça de São Pedro, acima da Biblioteca Apostólica, o mosaico tornou-se rapidamente um ponto de referência espiritual e de oração para peregrinos e visitantes.
Significado espiritual
O mosaico recorda a presença discreta mas essencial de Maria na vida da Igreja:
- Mãe que intercede, sempre junto de Cristo, pelo Povo de Deus;
- Modelo de fé, que acolhe a Palavra e vive em total entrega;
- Proteção visível, recordando que Maria acompanha os cristãos nas suas dificuldades, como acompanhou João Paulo II na hora da provação.
João Paulo II quis, assim, que quem chegasse à Praça de São Pedro fosse acolhido, não apenas pela imponência da Basílica, mas também pelo olhar materno de Maria.
Continuidade da devoção
O mosaico Maria Mater Ecclesiae tornou-se um dos símbolos mais conhecidos da Praça de São Pedro.
Mais tarde, em 11 de fevereiro de 2018, o Papa Francisco instituiu oficialmente a memória litúrgica de Maria, Mãe da Igreja, a ser celebrada na segunda-feira depois de Pentecostes, dando ainda maior relevância a esta devoção mariana que começou com Paulo VI e encontrou expressão visível no gesto de João Paulo II.
Conclusão
A colocação do mosaico Maria Mater Ecclesiae a 7 de dezembro de 1981 não foi apenas um ato estético ou devocional, mas uma verdadeira proclamação de fé: Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, permanece sempre presente junto dos seus filhos.
Na Praça de São Pedro, onde ressoam as vozes da fé universal, a imagem de Maria recorda que a Igreja, com as suas alegrias e sofrimentos, permanece sempre confiada ao olhar e ao cuidado da Mãe.