Neste dia, em 1971, eram publicados os resultados científicos dos testes do Milagre Eucarístico de Lanciano

Entre todos os milagres eucarísticos reconhecidos pela Igreja, o de Lanciano, na região dos Abruzos, Itália, é considerado o mais antigo e um dos mais célebres. Ocorreu no século VIII e tornou-se uma prova perene da fé católica na presença real de Cristo na Eucaristia.

Além do prodígio em si, que transformou a hóstia em carne e o vinho em sangue, o caso ganhou grande destaque devido às análises científicas realizadas em 1971, que confirmaram, com rigor moderno, a autenticidade e a natureza extraordinária do acontecimento.

O milagre

Por volta do ano 750, um monge basiliano celebrava a Santa Missa na Igreja de São Legoziano, em Lanciano. Embora fosse sacerdote, sofria de dúvidas interiores acerca da presença real de Cristo na Eucaristia.

No momento da consagração, enquanto pronunciava as palavras sobre a hóstia e o cálice, aconteceu o prodígio:

  • A hóstia transformou-se em carne humana visível.
  • O vinho converteu-se em sangue, que depois se coagulou em cinco glóbulos distintos.

O monge, atónito, chamou os fiéis presentes, e todos testemunharam a mudança. O milagre foi imediatamente reconhecido como sinal divino e passou a ser venerado no local.

Conservação ao longo dos séculos

A carne e o sangue foram cuidadosamente preservados e mantidos em relicários especiais.

  • A carne permaneceu intacta, apresentando-se ainda hoje como um fragmento de tecido humano.
  • O sangue, solidificado em cinco glóbulos irregulares, manteve-se igualmente preservado, desafiando a ação do tempo.

Com o passar dos séculos, Lanciano tornou-se lugar de peregrinação, recebendo fiéis de toda a Europa que desejavam contemplar o prodígio.

As investigações científicas

Em novembro de 1970, a Arquidiocese de Lanciano pediu a realização de estudos rigorosos, com a aprovação da Santa Sé. O professor Odoardo Linoli, médico italiano, especialista em anatomia patológica, histologia e química clínica, foi o responsável pelas análises, auxiliado pelo professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena.

Os exames decorreram no início de 1971 e os resultados foram publicados a 4 de março do mesmo ano.

Principais descobertas

As conclusões de Linoli foram inequívocas:

  • A carne é verdadeiramente humana, composta por fibras do miocárdio, ou seja, músculo cardíaco.
  • O sangue é também humano, do tipo AB, o mesmo encontrado no Sudário de Turim e em outras relíquias eucarísticas estudadas.
  • Carne e sangue pertencem ao mesmo indivíduo.
  • O sangue contém proteínas e minerais na proporção normal do sangue humano fresco, incluindo cloretos, fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio.
  • A carne apresenta estruturas preservadas como se fossem fragmentos recentes de tecido vivo, incluindo fibras musculares e válvulas cardíacas.

O enigma da conservação

Um dos aspetos mais intrigantes é a incorruptibilidade da carne e do sangue:

  • Não foram encontrados conservantes, químicos ou elementos externos que pudessem explicar a preservação.
  • Os tecidos resistiram mais de 12 séculos sem decomposição natural, em condições ambientais normais.
  • O sangue coagulou em cinco glóbulos irregulares, mas cada um, quando pesado separadamente, corresponde exatamente ao peso dos outros juntos, fenómeno que permanece inexplicável.

A validação da OMS

Entre 1971 e 1973, peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) analisaram os dados e chegaram às mesmas conclusões:

  • Trata-se de carne e sangue humanos reais, sem explicação científica para a sua conservação.
  • A ciência não pode fornecer respostas adequadas para este fenómeno.

O relatório final afirmou que as amostras se apresentavam como “material biológico fresco”, apesar de mais de um milénio de antiguidade.

O milagre ganhou projeção mundial quando, em novembro de 1970, a Igreja autorizou uma análise científica rigorosa. Os exames foram realizados em 1971 por uma equipa de peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo professor Odoardo Linoli, médico e especialista em anatomia patológica, química clínica e histologia.

Resultados principais

Os testes confirmaram conclusões surpreendentes:

  • A carne é tecido humano – especificamente, tecido do músculo do miocárdio (coração).
  • O sangue é humano – do tipo AB, o mesmo encontrado no Sudário de Turim e em outras relíquias eucarísticas.
  • Tanto a carne como o sangue são de um mesmo indivíduo.
  • Não foram encontradas substâncias conservantes ou artificiais: os tecidos mantiveram-se intactos durante mais de 1.200 anos de forma inexplicável pela ciência.
  • A carne e o sangue apresentavam características de material fresco, como se tivessem sido retirados recentemente de um corpo humano vivo.

O relatório da OMS, que se prolongou até 1973, concluiu que “a ciência não consegue explicar como estes tecidos puderam resistir séculos sem decomposição natural”.

Reconhecimento da Igreja

Embora a Igreja não dependa da ciência para fundamentar a fé nos milagres, os resultados de 1971 deram nova visibilidade mundial ao Milagre de Lanciano.

Para muitos fiéis, as análises foram uma confirmação providencial da doutrina da Presença Real de Cristo na Eucaristia. Para os cientistas envolvidos, representaram um caso extraordinário que continua a desafiar a explicação natural.

Atualmente, a carne e o sangue permanecem expostos na Igreja de São Francisco, em Lanciano, onde são venerados diariamente por peregrinos do mundo inteiro.

O impacto espiritual

O milagre de Lanciano é considerado um dos testemunhos mais fortes da presença real de Cristo na Eucaristia, reforçando a doutrina definida no Concílio de Latrão IV (1215) e mais tarde reafirmada no Concílio de Trento (século XVI).

Até hoje, milhares de peregrinos visitam Lanciano, contemplando não apenas uma relíquia, mas um sinal vivo da fé eucarística da Igreja.

Conclusão

O Milagre Eucarístico de Lanciano une fé e ciência de forma impressionante. O prodígio medieval, testemunhado por um monge em dúvida, foi confirmado mais de mil anos depois pelos instrumentos da ciência moderna.

Ao permanecer incorrupto e inexplicável, este milagre continua a chamar os fiéis à adoração do Santíssimo Sacramento, convidando todos a renovar a confiança nas palavras de Cristo: “Isto é o meu Corpo… Este é o meu Sangue.”

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