Em 1917, Nossa Senhora apareceu a três crianças, Lúcia, Francisco e Jacinta, na Cova da Iria, em Fátima. Entre maio e outubro, Maria apresentou-se como a Senhora do Rosário, convidando os fiéis à oração e à conversão.
Após o milagre do sol, a 13 de outubro, a Cova da Iria tornou-se imediatamente um lugar de peregrinação. Os fiéis acorriam para rezar, agradecer graças recebidas e pedir a intercessão de Nossa Senhora. Porém, faltava ainda um espaço digno para acolher as multidões e assinalar o local exato onde a Virgem se manifestara.
A iniciativa da Capelinha
A ideia da construção de uma pequena capela partiu do próprio povo. Movidos pela fé, os primeiros peregrinos quiseram erguer um sinal simples e humilde, que marcasse o lugar sagrado e permitisse celebrar a Eucaristia.
A capela nasceu do voluntarismo de Maria dos Santos Carreira, uma mulher do povo que, desde o dia 13 de junho de 1917, acorria à Cova da Iria. Contudo, antes da construção da Capelinha houve um arco construído em madeira sobre a azinheira das aparições. Maria dos Santos Carreira começou por limpar o mato em volta da azinheira e enfeitá-la com flores e fitas devocionais. Depois, com a ajuda do marido, construiu um muro à volta da azinheira e ergueu um arco de madeira.
Em 1919, fruto das esmolas guardadas por Maria Santos Carreira, a 28 de abril de 1919, deu-se início à construção da Capelinha das Aparições, num terreno pertencente a Lúcia e sua família, mais tarde doado ao Santuário. A construção decorreu de 28 de abril a 15 de junho de 1919, sendo a tarefa executada pelo pedreiro Joaquim Barbeiro da povoação de Santa Catarina da Serra.
A 13 de outubro de 1921 passou a ser permitida oficialmente a celebração da Missa, pela primeira vez, junto à Capelinha. Maria dos Santos Carreira tornar-se-ia na popularmente designada Maria da Capelinha e a Cova da Iria ganhava um templo cuja pequenez era inversa à importância que tinha para os peregrinos.
Um edifício humilde, mas cheio de significado
A Capelinha foi construída com a simplicidade própria da fé popular: paredes em pedra, telhado de madeira e dimensões reduzidas. Não se tratava de um edifício grandioso, mas de um espaço acolhedor e profundamente simbólico.
O pedestal onde se encontra a escultura original de Nossa Senhora de Fátima marca o sítio exacto onde estava a pequena azinheira sobre a qual se acredita que a Santíssima Virgem Maria apareceu aos três pastorinhos a 13 de maio, de junho, de julho, de setembro e de outubro de 1917.
No seu interior colocou-se um altar e uma pequena imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, diante da qual os peregrinos passaram a rezar e a oferecer flores, velas e promessas.
A destruição e reconstrução
Em 6 de março de 1922, a Capelinha foi destruída por uma bomba colocada por opositores das Aparições. Contudo, o amor e a devoção do povo não permitiram que o local ficasse abandonado. Pouco tempo depois, a capela foi reconstruída com ainda maior empenho e fé.
Esse episódio tornou-se sinal de que nada poderia apagar a mensagem de Fátima. A Capelinha ergueu-se novamente, mais firme, como testemunho da perseverança e da confiança dos fiéis na Mãe de Deus.
História e Evolução Cronológica
1917 – O local das Aparições
Entre 13 de maio e 13 de outubro de 1917, Nossa Senhora apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta na Cova da Iria, em Fátima. No último encontro, o “milagre do sol” confirmou a autenticidade do acontecimento aos olhos de milhares de pessoas. O lugar tornou-se, desde logo, ponto de peregrinação.
1919 – Construção da Capelinha
- 28 de abril de 1919: inicia-se a construção da Capelinha das Aparições, a pedido popular, para marcar o local exato das aparições.
- A obra foi simples: paredes de pedra, telhado de madeira e dimensões reduzidas.
- A primeira missa foi celebrada ali a 13 de outubro de 1921, quatro anos após a última aparição.
1922 – Destruição por bomba
- Na madrugada de 6 de março de 1922, a Capelinha foi destruída por uma bomba colocada por opositores das Aparições.
- Apesar do ataque, os peregrinos continuaram a ir à Cova da Iria rezar diante do local sagrado.
1923 – Reconstrução
- Ainda em 1923, a Capelinha foi reconstruída com o mesmo estilo simples.
- Tornou-se de imediato o centro da devoção mariana em Fátima, crescendo a afluência de peregrinos.
1928–1930 – Reconhecimento e desenvolvimento
- 13 de maio de 1928: inicia-se a construção da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, ao lado da Capelinha, demonstrando a importância crescente do local.
- 13 de outubro de 1930: o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, declara oficialmente “dignas de fé” as Aparições de Fátima e autoriza o culto de Nossa Senhora de Fátima.
Décadas seguintes – O coração do Santuário
- A Capelinha manteve-se como o centro espiritual do Santuário, mesmo com o crescimento de outras estruturas.
- A imagem de Nossa Senhora de Fátima, coroada solenemente em 13 de maio de 1946, permanece até hoje na Capelinha.
- Em torno dela, ergueu-se o grande recinto de oração que acolhe milhões de peregrinos anualmente.
O centro do Santuário de Fátima
Com o passar das décadas, o Santuário cresceu em torno da Capelinha. Vieram a ser erguidas a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, a Basílica da Santíssima Trindade e outras estruturas para acolher peregrinos.
Mas o coração espiritual de Fátima continua a ser a Capelinha das Aparições. É diante da sua imagem que os peregrinos se ajoelham, acendem velas, entregam intenções e se confiam à intercessão da Virgem.
Simbolismo espiritual
A Capelinha das Aparições ensina-nos que a verdadeira grandeza está na humildade. O local onde Maria falou às crianças permanece simples, lembrando que Deus escolhe os pequenos e os lugares discretos para revelar a sua graça.
Este pequeno edifício tornou-se, assim, um farol espiritual para o mundo inteiro, chamando milhões de fiéis à oração do Rosário, à conversão e à confiança no Coração Imaculado de Maria.
Conclusão
A Capelinha das Aparições é muito mais do que uma construção: é um sinal visível da presença de Nossa Senhora em Fátima. Edificada pela fé simples do povo e reconstruída pela perseverança dos devotos, tornou-se o ponto de encontro entre o céu e a terra, onde Maria continua a acolher os seus filhos.
Visitar a Capelinha é entrar no coração de Fátima e sentir que, ali, a Mãe nos espera para nos conduzir sempre a Cristo.